Saúde

Falta de remédios impede tratamento de crianças e adolescentes com câncer

O Brasil vive um momento crítico para o tratamento de crianças e adolescentes com câncer de todo o País: temos assistido um desabastecimento de medicamentos essenciais para o tratamento de leucemias, linfomas, sarcomas e tumor de Wilms em todo o território nacional. O alerta é feito próximo ao Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil, celebrado em 15 de fevereiro.

Segundo a oncologista pediátrica e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Teresa Fonseca, a falta desses medicamentos diminui expressivamente as chances de cura e enfraquece o combate à doença. “São medicações básicas de protocolos já reconhecidos, utilizadas no tratamento de primeira linha. Muitas destas drogas são comercializadas com um custo baixo, por isso não são priorizadas pela indústria farmacêutica”.

O problema é que a falta desses medicamentos tem impacto negativo no tratamento de milhares pacientes no País. “É como se estivéssemos tratando com um esquema incompleto, que não alcançará a cura que almejamos. Se você tira o medicamento, você diminui a chance de cura deste paciente”.

O momento se tornou oportuno para uma união entre sociedades médicas, visando uma interlocução com as autoridades responsáveis por mudar efetivamente a situação atual. “A SOBOPE, junto a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Movimento Todos Juntos Contra o Câncer e Associação Brasileira de Linfoma e Leucemias (ABRALE), faz uma grande discussão em nível nacional do que pode ser feito para que isso não ocorra. Não são somente drogas utilizadas para o tratamento oncológico das crianças e adolescentes que estão em falta, mas também, pacientes adultos com câncer não estão conseguindo ter acesso ao tratamento adequado”, aponta Teresa.

Além disso, a oncologista pediátrica chama atenção para a necessidade de melhorias no manejo do câncer infantil desde a Atenção Básica até a alta complexidade. “Ainda precisamos percorrer longos caminhos. É necessário ampliar os níveis de conhecimento na graduação de medicina, para que os médicos possam identificar a doença desde seus primeiros sinais e sintomas, construir um fluxo de encaminhamento destes pacientes para as unidades de tratamento de forma eficaz, como também adequar os centros de tratamento com toda a infraestrutura necessária para que os profissionais possam fazer o diagnóstico e tratamento preciso, aumentando as taxas de cura”, conclui Teresa.

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