Negócios

O vilão que puxa sua empresa para baixo pode ser você

Por Marcos Guglielmi*

O empreendedorismo nasce mais comumente da prática. O empresário é forjado pelas atividades e desafios diários de se construir uma empresa. Claro que existem aqueles que estão em suas segundas ou terceiras empresas, ou mesmo que desde cedo buscaram uma gestão mais profissional da empresa, mas esses não são de longe a maioria, sobretudo no Brasil. Assim, o aprendizado, o modo como se mantem o negócio funcionando, as estruturas mais básicas e importantes, estão embasadas na própria figura do dono, e se tornam operacionalmente dependentes dele, quando são os processos que deveriam fazer a empresa rodar, permitindo ao empresário se focar em pontos muito mais importantes.

É nesse ponto que o dono se torna o pior inimigo de sua própria empresa. Mesmo quando os números estão ruins, quando há problemas, e o dinheiro está minguando, ele se apoia no que viveu, em métodos que funcionaram no passado, se fechando para o novo e a melhoria com a famosa frase “eu sei”. Ele acredita que sabe como tudo funciona, como fazer e como resolver, mesmo que na verdade não saiba lidar com situações atuais. Quando buscamos apresentar a ele soluções, melhorias, processos, novas possibilidades, seus vícios se colocam no caminho e o impedem. Os principais são:

Acreditar que conhece bem seu mercado – todo empresário acredita que seu segmento de atuação é mais complicado, difícil ou tortuoso do que o dos outros. Ele não entende que existem problemas de gestão que são comuns a todas as empresas, pois tangem à administração no negócio, e isso é igual para todos. As adequações são processos secundários que se acoplam aos alicerces. A verdade é que isso é um problema global. As estatísticas de mortes de empresas são basicamente iguais no mundo todo. Os mercados podem ser diferentes, mas a incapacidade do dono em gerir bem o negócio é a verdadeira vilã, mas poucas vezes honestamente admitida pelo empresário.

Pouco medir – grandes investimentos precisam ser pensados, mas é nos pequenos, nos do dia a dia em que acontece a diferença, e ter apenas uma “noção” dos números em vendas, finanças entre outros, não resolve. O ideal é ter certeza de tudo que ocorre, por mais que pareça algo pequeno. As medidas permitem conhecer o que está bem ou mal de forma que é possível agir para melhorar. As “noções” cegam o empresário para a necessidade de ação, e isso nos leva ao próximo ponto.

Pouco analisar os dados – por mais que demande algum tempo, que não seja muito divertido e que muitas vezes demande revisitar dados antigos, é importante conseguir analisar bem as informações que sua empresa fornece e entender realmente onde aplicar ações de reforço, inovação, impedindo problemas e alimentando a capacidade de crescimento.
Esses erros, apesar de serem bem conhecidos, ocorrem principalmente por conta do empresário acreditar na sua vasta experiência e conhecimento, misturada a uma falta de visão. A relutância a mudança o faz chegar a um momento de crise e nem assim ele aceita que está errado. A fórmula do sucesso é atacar essa resistência à mudança e se permitir ampliar a visão. Todo o resto pode ser corrigido com ferramentas mais simples do que se imagina.

*Marcos Guglielmi é empresário e sócio fundador da ActionCOACH São Paulo

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