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A Geração Digital e os Smartphones

Já passamos pela era das gerações X, Y e Z, que compreendem os nascidos desde a década de 60 até 2010. Atualmente também se designa os nascidos pós internet, ou seja, aqueles perto dos 25 anos, como geração digital. Diante destes o grande desafio é saber lidar com o uso

do computador e internet e também como colocar limites no uso, para as crianças e adolescentes.Já passamos pela era das gerações X, Y e Z, que compreendem os nascidos desde a década de 60 até 2010. Atualmente também se designa os nascidos pós internet, ou seja, aqueles perto dos 25 anos, como geração digital. Diante destes o grande desafio é saber lidar com o uso do computador e internet e também como colocar limites no uso, para as crianças e adolescentes. Da mesma forma que a humanidade lidou com a inserção do lápis, do telefone, do computador de mesa e agora dos tablets,  telefones celulares e Smartphone, não temos como mudar o curso do desenvolvimento da tecnologia. Mesmo porque seria um ?desserviço? para o desenvolvimento cognitivo e inovação tão importantes para a educação contemporânea. Como toda tecnologia, o segredo é como e de que forma podemos fazer seu uso.

A Associação Americana de Pediatria coloca que até 2 anos de idade não se deve fazer uso de tecnologias eletrônicas. Segundo Jean Piaget, geneticista e biólogo que estudou as fases do desenvolvimento do pensamento, atribui a fase etária entre 0 e 2 anos de idade, um período de aprendizado que se chama sensório- motor. Ora, é uma fase onde a criança precisa desenvolver os sentidos e a relação psicomotora. Nesta fase é muito importante o afeto, os cuidados com a alimentação, sono, e estímulos apropriados. Nesta fase não faz parte o uso de qualquer eletrônico, nem o ?gatinho de pilha que brinca com uma bolinha?. A criança precisa de natureza, de tempo e de descobrir o mundo sem interferências, a não ser aquelas que cuidam do bem estar e segurança. Ao nascer seu cérebro conta com 86 bilhões de neurônios que vão sendo conectados num processo de podas e eliminações. Privar a criança de experimentar e sentir é um erro para o presente-futuro. A fase seguinte corresponde ao período pré-operatório (3 aos 7 anos), onde a criança  passa a literalmente ver o mundo com outros olhos, uma vez que já sabe ficar de pé, andar e correr. Continua descobrindo o mundo que é repleto de estímulos e de uma riqueza absoluta de contatos e relações. A criança vai inventar, criar e testar as coisas do mundo.

Como tudo isso é muito interessante e novo para ela, se não soubermos como colocar limites seguros e competentes podemos criar crianças que só desejam coisas, que não param quietas, que demandam demais? Já o período que compreende entre os 8 e 12 anos Piaget chamou de período operatório, onde a criança já está preparada para operar com o concreto em diversas possibilidades e raciocínios. Mesmo que fizermos ajustes para as idades com relação ao desenvolvimento do pensamento, não podemos negar que seguem uma ordem e uma relação entre indivíduo-ambiente-coletivo. A criança de hoje parece mais inteligente que a criança de outras gerações, pois fazem coisas que nos surpreendem a cada segundo! Ela já está na pré-escola e seus pais muitas vezes estão preocupados em qual a melhor e mais eficiente forma de ensino para que se tornem futuros jovens felizes e competentes. Diante desta preocupação e intenção é correto que se perguntem o quanto podem facilitar o acesso aos objetos eletrônicos, os gadgets. Uma pesquisa realizada pela AVG Technologies com famílias de todo o mundo mostrou que 66% das crianças entre 3 e 5 anos de idade, conseguia usar jogos de computador, mas apenas 14% era capaz de amarrar os sapatos sozinha. Fazem uso dos eletrônicos e deixam de interagir socialmente, de experimentar frustrações e aprendizados que são necessários.No caso das crianças brasileiras, o levantamento apontou que 97% das crianças entre 6 e 9 usam a internet e 54% têm perfil no Facebook. Ainda não há consenso entre os especialistas, mas muitos demonstram consequências negativas do contato excessivo das crianças com as novas tecnologias. A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria recomendam que apenas a partir dos 13 anos as crianças tenham acesso a dispositivos móveis, como tablets e Smartphones. E, mesmo assim, devem ser orientadas a usar de forma adequada tal aparelho. Desligá-lo durante as aulas ou refeições, por exemplo, é uma prática que deveria ser universal, mas raramente é cumprida pelos jovens e pelas escolas.

Os educadores devem se instruir sobre as principais pesquisas e o que dizem os especialistas. A terapeuta canadense Cris Rowan, por exemplo, defende que o uso de tecnologia por menores de 12 anos é prejudicial ao desenvolvimento e aprendizado infantis pelos motivos anteriormente apontados. Catherine Steiner-Adair autora do livro The Big Disconnect, pontua em suas palestras, inclusive na palestra que proferiu no Brasil, no mês passado. Para mim foi uma grande honra palestrar no mesmo evento que ela, onde eu abordei o tema da importância do controle de impulsos e autoregulação da criança e do adolescente para o desenvolvimento mais integral e harmônico dos jovens de hoje. Ela, com toda sua expertise, trouxe pesquisas impactantes sobre como o uso inadequado de eletrônicos pode ser comprometedor para crianças e adolescentes, inclusive, contribuindo para uma geração mais ansiosa e infeliz. Um estudo da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, em Campinas (SP), concluiu que as crianças que usam aparelhos eletrônicos sem controle e não brincam, ou brincam pouco, no “mundo real” podem ter atraso no desenvolvimento. A pesquisa foi realizada com meninos e meninas de 8 a 12 anos de idade, que ficam de quatro a seis horas diante das telas de computadores, tablets, celulares e videogames, segundo a pesquisadora pedagoga Ana Lúcia Pinto de Camargo Meneghel.

O uso de eletrônicos em si não é exatamente o problema, segundo a pesquisa, mas sim a falta de brincadeiras no “mundo real”. Todo pai ou mãe é capaz de entender os benefícios e malefícios do estilo de vida, ?plugado?. A questão é que se faz necessário orientá-los em como lidar com esta realidade.Não vamos negar que além de serem instrumentos de comunicação e entretenimento, essas ferramentas tecnológicas também são importantes aliadas do ensino, desde a educação infantil. Porém quando usar, como usar e quanto usar é que precisa ser pontuado pelos educadores. Tais gadgets dificultam o aprendizado do autocontrole e da interação social tão necessários para os pequenos. As neurociências apontam a importância dos neurônios espelho, do modelo e do incentivo aos estímulos intrassociais e inter-sociais que não são mediados pela máquina. Muitos distúrbios e déficts tais como transtorno do défict da atenção, hiperatividade e dificuldades de relacionamento têm suas raízes no uso inadequado destes aparelhos.

Quantos de nós já viu ou viveu a experiência de estar em uma refeição com os filhos onde cada um está usando seu Smartphone? Por isso refletir no estilo de vida, nos conhecimentos sobre as implicações do mau uso da tecnologia e no exemplo que passamos às crianças deve ser um bom começo. Dicas para os pais:

• Combine e estipule horários – M.A. mãe de um garoto de 5 anos está obtendo êxito permitindo que seu filho use 30 minutos antes das refeições e 30 minutos depois das refeições.

• Tenha um propósito – T.C. mãe de duas meninas gêmeas de 7 anos escolhe diariamente junto as filhas um programa educativo na TV e um jogo educativo no Tablet e conversam sobre o que gostaram no final do dia, quando os pais chegam do trabalho.

• Estimule encontros na natureza e com amiguinhos- J.C. pai de um garoto de 8 anos e uma garota de 6 anos promove encontros com amigos do prédio, piqueniques e gincanas regulares com primos e coleguinhas. Cada filho tem uma plantinha que cultivaram e regam todo dia. Desenham, mexem na argila e inventam brinquedos de sucatas.

• Antes dos 12 anos não se deve deixar o aparelho com os filhos sem interferência e disciplina de uso. R.F.pais de um menino de 11 e outro de 12 anos só libera os celulares quando saem de casa para programas e para jogos que ele e a mãe saibam o que e como estão usando. E há um dia na semana que podem levar para a escola, desde que fique desligado durante as aulas.

Obs: Lembrem, as crianças aprendem com o ambiente, os estímulos e exemplos! Tudo isso pode parecer que dá mais trabalho. Mas mais trabalho é facilitar sua vida e não permitir que tenham estímulos saudáveis e na medida certa!

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