Saúde

Câncer de Pulmão: cigarro é responsável por 90% dos casos

O tabagismo está na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. Apesar destes dados não serem novidade, o Brasil ainda registra um elevado número de casos da doença entre fumantes. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o país soma 28.220 novos casos de tumores pulmonares ao ano.

A oncologista Dra. Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas, diz que a maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como: tosse, falta de ar e dor no peito.

Outros sintomas inespecíficos também podem surgir, entre eles perda de peso e fraqueza. Em poucos casos, cerca de 15%, o tumor é diagnosticado por acaso, quando o paciente realiza exames por outros motivos. Por isso, a atenção aos primeiros sintomas é essencial para que seja realizado o diagnóstico precoce da doença.

Segundo a médica, existem dois tipos principais de câncer de pulmão: carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. “O carcinoma de não pequenas células corresponde a 85% dos casos e se subdivide em carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. O tipo mais comum no Brasil e no mundo é o adenocarcinoma e atinge 40% dos doentes”, destaca.

O tratamento do câncer de pulmão se baseia em cirurgia, tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia) e radioterapia. Sempre que possível, a cirurgia é realizada na tentativa de se retirar uma parte do pulmão acometido. Atualmente, os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, por vídeo (CTVA) são cada vez mais realizados com menor tempo de internação e retorno mais rápido do paciente às suas atividades. A indicação da cirurgia depende principalmente do estadiamento, tipo, do tamanho e da localização do tumor, além do estado geral do paciente.

Após a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são indicadas para destruir células tumorais microscópicas residuais ou que estejam circulando pelo sangue. Para a Dra. Mariana, a combinação de tratamento sistêmico e radioterapia também pode ser administrada no início do tratamento para reduzir o tumor antes da cirurgia, ou mesmo como tratamento definitivo quando a cirurgia está contraindicada. A radioterapia isolada é utilizada algumas vezes para diminuir sintomas como falta de ar e dor.

Mas o grande avanço dos últimos anos, ainda de acordo com a oncologista do CPO, é a imunoterapia. Baseado no princípio de que o organismo reconhece o tumor como um corpo estranho desde a sua origem, e de que com o passar do tempo este tumor passa a se disfarçar para o sistema imunológico e então se aproveitar para crescer, a imunoterapia busca reativar a resposta imunológica contra este agente agressor.

“Atuando através do bloqueio dos fatores que inibem o sistema imunológico, as medicações imunoterápicas provocam um aumento da resposta imune, estimulando a atuação dos linfócitos e procurando fazer com que eles passem a reconhecer o tumor como um corpo estranho”, explica a Dra. Mariana.

Além do câncer de pulmão, o tabagismo aumenta as chances de desenvolver ao menos outros 13 tipos de câncer: de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino, rim, bexiga, colo de útero, ovário e alguns tipos de leucemia

Risco de Câncer de Pulmão diminui nos primeiros dias após parar de fumar

Mesmo após anos de tabagismo, apenas 20 minutos após deixar de consumir o cigarro, a pressão arterial volta ao normal e a frequência do pulso cai aos níveis adequados, assim como a temperatura das mãos e dos pés são normalizadas. Em 8 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue ficam regulados e o de oxigênio aumenta. Passadas 24 horas, o risco de se ter um acidente cardíaco relacionado ao fumo diminui. E após apenas 48 horas, as terminações nervosas começam a se recuperar de novo e os sentidos de olfato e paladar melhoram. De duas semanas a três meses, a circulação sanguínea melhora consideravelmente. Caminhar torna-se mais fácil e a função pulmonar melhora em até 30%.

A partir de um a nove meses, os sintomas comuns em fumantes, como tosse, rouquidão, e falta de ar ficam mais tênues. Os cílios epiteliais iniciam o crescimento e aumentam a capacidade de eliminar muco, limpando os pulmões. A pessoa fica mais disposta para realizar atividades físicas.

Em cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão de uma pessoa que fumou um maço de cigarros por dia diminui em pelo menos 50%. Quinze anos após parar de fumar, especialistas afirmam que torna-se possível assegurar que os riscos de desenvolver câncer de pulmão se tornam praticamente iguais aos de uma pessoa que nunca fumou.

Avanços no diagnóstico precoce

Outro poderoso aliado na identificação do câncer de pulmão, que permite o diagnóstico precoce e exerce papel fundamental para a cura da doença, é o chamado rastreamento do câncer de pulmão com tomografia computadorizada de baixa dosagem (TCBD), cuja importância pode ser comparada ao papel da mamografia para o câncer de mama.

Disponível na maioria das Unidades de Medicina Diagnóstica do país, a TCBD é o exame mais indicado como método de rastreamento para o câncer de pulmão. Devido a sua menor dose de radiação, pode ser repetida frequentemente, de acordo com um protocolo bem estabelecido, para o acompanhamento dos pacientes tabagistas, que compõe o grupo de risco para desenvolvimento do câncer de pulmão. Além disso, a TCBD também detecta outras doenças provocadas pelo tabagismo, antes mesmo de manifestarem qualquer sintoma.

Devem fazer o rastreamento de câncer de pulmão por meio da TCBD fumantes com carga tabágica (exposição do indivíduo ao tabagismo) maior ou igual a 30 maços ano (número de maços por dia X anos que fumou) e ex-fumantes que cessaram o tabagismo há menos de 15 anos, e com idade entre 55 e 74 anos.

Para este perfil de pacientes já há evidências na literatura médica de que a tomografia computadorizada de baixa dosagem (TCBD), como método de rastreamento, possibilita uma redução significativa da mortalidade de até 20%, por câncer de pulmão, um avanço tido como extremamente importante e animador pelos especialistas.

Para avaliar os resultados deste tipo de exame é necessária uma equipe interdisciplinar composta por radiologista, patologista, pneumologista, oncologista e cirurgião torácico, todos com experiência em doenças do tórax, para orientar a conduta médica por meio da interpretação dos resultados anormais da TCBD em cada paciente.

O diagnóstico precisa ser confirmado com biópsia, que pode ser feita por broncoscopia (exame em que um tubo fino com uma câmera penetra pelas vias aéreas), punções transtorácicas com agulha ou por cirurgia. Quando o resultado do exame anatomopatológico comprova o diagnóstico de câncer de pulmão, são realizados outros exames para saber qual o estágio da doença. O estadiamento pode incluir exames de sangue, tomografia computadorizada do abdome, cintilografia óssea e ressonância magnética do cérebro. O Pet-CT também pode ser muito útil no estadiamento do Câncer de Pulmão.

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