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Revitalização do córrego Cheonggyecheon em Seul

Um dos mais emblemáticos projetos de revitalização, Cheonggyecheon em coreano significa córrego (gyencheon) límpido (cheong). Anos antes de Seul tornar-se a capital da Coreia do Sul, o córrego de formação natural direcionava as águas das montanhas até o rio Han, o mais importante do país. No início do século XV, o córrego foi dragado e recebeu reforços laterais com barragens de pedras e pontes para evitar as enchentes, direcionando os esgotos das casas ao redor para o Han.

Com o término da Guerra da Coréia em 1953, muitas pessoas se dirigiram a capital para reconstruírem suas vidas, no entanto, por falta de estrutura para receber tantas pessoas ao mesmo tempo, as margens do córrego se transformaram em um grave problema de saneamento básico, com precárias habitações populares que deixaram o riacho pútrido, cheio de poluição.

Devido a situação que só piorava no período da industrialização, o governo deu carta verde para a obra que duraria 20 anos, cobrindo o córrego e construindo um elevado de 5.6 km de comprimento e 16m de largura, inaugurado em 1976. Com extrema importância para o fluxo de carros da cidade, a via se transformou em uma das principais da capital e na época exemplo de modernidade.

No entanto, nas décadas de 80 e 90, a região ficou conhecida como sujo centro de Seul. Com o passar dos anos a estrutura do elevado e plataforma de concreto foram se deteriorando e apresentaram risco à segurança, precisando de reparo ou remoção.

O governo também necessitava de alternativas que sanassem o crescente problema de alto tráfego de carros e congestionamento das vias, inclusive essa era uma das principais preocupações pois o elevado também integrava o norte e sul da cidade. Estima-se que nos horários de pico, as vias recebiam diariamente cerca de 120 mil veículos.

Foi só no início do século XXI, visando tornar a capital uma cidade mais ecológica, que o projeto de revitalização do Cheonggyecheon foi elaborado. Com o intuito principal de recuperar o valor cultural e histórico do riacho, e revitalizar a economia local, o projeto teve início em 2002, início do mandato do prefeito Myung-Bak Lee, eleito com a promessa de demolir o elevado e transformar o local em uma via de recreação e conservação.

Para que os trabalhos não tornassem o entorno do local caótico, a restauração do Cheonggyecheon fez parte de um plano maior do centro da cidade, com o governo providenciando maior quantidade de transporte público, como trens extras de metrô e uma linha de ônibus especial que circulava apenas no centro, além de outras opções de vias e faixas reversíveis nas ruas já existentes.

Com custo de 380 milhões de dólares – apenas 8% a mais do que o previsto inicialmente – o projeto foi dirigido pelo vice-prefeito paisagista e urbanista, Yun-Jae Yang, que com o apoio de uma  operação urbana de muito sucesso, captou recursos da iniciativa privada vendendo potenciais construtivos e em parceria com dois consórcios de engenharia, com extrema velocidade, transformou completamente o degradado local.

O resultado foi definitivamente positivo. Com grande aprovação pública, e incontáveis investimentos paisagísticos, atualmente o espaço é uma agradável área urbana dividida pelo límpido rio com grande área verde e muito utilizada com segurança tanto de dia quanto a noite.

O projeto, além de aumentar a qualidade de vida dos moradores de Seul, também estimulou diretamente o comércio em seu entorno e a região vive um crescimento sem precedentes. A revitalização de Cheonggyecheon é um positivo exemplo de quando a política adota o desenho urbano e vice-versa, e é claro que os principais beneficiados são os cidadãos.

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