Saúde

Fobia social: sintomas e novos tratamentos

De acordo com estimativas apresentadas, em 2017, no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, cerca de 13% da população brasileira sofre com a fobia social, um índice alarmante, levando em conta que a média mundial é de 7%. Em números, seria algo próximo de 26 milhões de brasileiros acometidos pela doença.

A fobia social (também chamada de “transtorno de ansiedade social”) é caracterizada pela ansiedade e pelo medo intenso de estar exposto, podendo ser avaliado e julgado por outros. Nesta situação, a pessoa apresenta sinais como sudorese, taquicardia, boca seca, tremor, tensão muscular, rubor facial, náusea e outros. Quem tem fobia social pode desencadear os sintomas a qualquer momento, em qualquer circunstância. Seja em festas ou reuniões, a pessoa se sente angustiada só de perceber que está sendo observada.

O indivíduo costuma ser extremamente inseguro e tem uma péssima autoestima, resultando no sentimento de desvalorização e inferioridade. Em determinadas situações, o nervosismo é tão grande que a pessoa chega a demonstrar claramente seus sinais de ansiedade e insegurança. Falar em público, durante uma apresentação escolar ou uma palestra, é um pesadelo do qual a pessoa faz de tudo para evitar (esquiva fóbica).

Em função da fobia social, o indivíduo tem prejuízos funcionais importantes, seja em termos pessoais, profissionais e sociais, uma vez que tende a se isolar constantemente. Pior: muitas vezes, ela vem acompanhada de outros transtornos mentais, especialmente depressão e abuso ou dependência de substâncias psicoativas, especialmente o álcool. Por ser um desinibidor do comportamento socialmente aceito, acaba sendo um recurso bastante utilizado.

O tratamento da fobia social é feito com medicamentos e psicoterapia. A medicação auxilia no controle das manifestações físicas da ansiedade. Eventualmente, os medicamentos são usados também para o tratamento de outros transtornos mentais consequentes à fobia social. A terapia comportamental utiliza a técnica de “exposição progressiva”, permitindo que a pessoa aprenda, gradualmente, a enfrentar situações que geram ansiedade. A situação social fobogênica pode ser simulada em consultório, possibilitando o treino do controle da ansiedade. Mais recentemente, programas de realidade virtual se tornaram ferramentas muito úteis no treino das habilidades sociais. Já a psicoterapia psicanalítica procura a compreensão de aspectos subjacentes à fobia social, como a insegurança, a dificuldade para lidar com rejeição, entre outros conflitos. Seja qual for a escolha do tratamento, é fundamental que a busca por ajuda médica seja rápida, evitando a evolução do transtorno.

Por Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (CRMSP 34330)

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