Cachaça movimenta anualmente cerca de R$ 1 bilhão no Brasil
A cachaça é hoje a segunda bebida alcoólica mais consumida no mercado interno. Perde apenas para a cerveja, que é fermentada. Reconhecida como tipicamente brasileira, se tornou aposta do setor de destilados. Segundo dados da PBDAC (Programa de Desenvolvimento de Aguardente de Cana, Caninha ou Cachaça), o Brasil movimenta cerca de R$ 1 bilhão na comercialização de 1,3 bilhão de litros por ano. Com todo esse potencial, produzir cachaça ou aguardente, principalmente de maneira artesanal, é uma maneira de investir num negócio com grandes possibilidades de crescimento.
A cachaça é produzida do caldo de cana fresco (garapa) o que resulta em uma composição química própria e trás distintas propriedades sensoriais. Ao cozinhar o caldo da cana as substâncias presentes no produto, como os aldeídos, ésteres e o álcool superior, são alterados modificando o sabor sensorial da bebida no paladar.
Antes estigmatizada, a bebida assumiu o status de produto sofisticado, graças a investimentos em marketing e na diversificação da produção. Devido à expansão mercadológica, a cachaça pode ser encontrada nos mais diversos tipos de bares, restaurantes, hotéis e casas noturnas de todo o país.
Adotada por empresas nacionais e multinacionais, a estratégia de elevá-la à categoria premium no setor de destilados impulsiona o mercado da cachaça, que responde à tendência dos consumidores por bebidas consideradas nobres. “O caráter sofisticado tem que começar no processo de produção e pode ir até as embalagens com modelos diferenciados e rótulos desenvolvidos por empresas especializadas do setor”, conta o presidente da Confraria Paulista da Cachaça, Alexandre Bertin.
Os investimentos no mercado da Cachaça
Já têm muitos produtores e futuros investidores de olho neste setor. De acordo com o Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC, são 40 mil produtores e 4 mil marcas de cachaça no mercado nacional alocadas, principalmente, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
“Para aqueles que já estão posicionados com sua marca dentro do mercado de Cachaça, é um bom momento para apostar na diversificação do negócio como uma maneira de aumentar o faturamento. Isso tem acontecido com parte dos fabricantes e tem proporcionado ao consumidor uma melhor experiência com os produtos do segmento”, conta Alexandre Bertin, presidente da Confraria Paulista da Cachaça.
O mercado para aguardente engarrafada se divide nos segmentos populares e premium. O maior consumo de cachaça encontra-se nas classes C e D, referindo-se às aguardentes produzidas nas grandes empresas, que comercializam a bebida em embalagens e preços populares.
Para os especialistas, o aumento do poder de compra impulsionado pelo Plano Real, fez com que parte dos consumidores das classes C e D migrassem para outros destilados e cachaças de preço mais elevado, como as artesanais. Adicionalmente, existe uma tendência nas classes A e B do consumo de cachaças de qualidade, especialmente as de embalagens sofisticadas.
Com o objetivo de atingir nichos de mercado, muitas empresas, especialmente as artesanais, desenvolvem embalagens diferenciadas, que têm contribuído para melhorar a imagem e expandir o mercado. As novas “roupagens” abandonaram a aparência pitoresca e agora apresentam projetos mais elaborados, em estilos artesanais ou sofisticados.
“Para aqueles que querem investir no mercado da Cachaça, o desafio será grande para atender aos nichos de consumo. Na produção é necessário planejamento e um olhar voltado para três pilares: alta qualidade do produto, processo de envelhecimento e embalagens diferenciadas. Sem esquecer que após essa etapa, outra grande barreira é a comercialização do produto, pois os canais de distribuição são restritos. Sem isso, a concorrência no mercado interno ou externo se torna esmagadora”,explica Bertin.
O envelhecimento da bebida é uma prática que agrega cores, sabores e aromas diferenciados. São utilizados barris de madeiras nativas, que possibilitam a modulação e caracterização da Cachaça envelhecida, permitem elaboração de blends de duas ou mais espécies e aumentam a complexidade aromática da bebida. O uso de madeiras nacionais e seus blends dão originalidade à Cachaça com atributos de sabores únicos e reconhecíveis.
As principais madeiras brasileiras que envelhecem Cachaça são: Amendoim, Jequitibá, Araruva, Cabreúva ou Bálsamo, Jequitibá Rosa, Cerejeira ou Amburana, Grápia, Ipê-roxo, Castanheira, entre outras. Algumas delas são consideradas ideais para a fabricação de tonéis de armazenamento, pois conferem pouca coloração e interação com a Cachaça, outras aportam cores mais intensas e aromas facilmente reconhecíveis e são consideradas ideais para fabricação de barris de envelhecimento.