Não é difícil encontrar quem pensa que se expor ao sol sem fotoprotetor é benéfico para quem tem acne. A justificativa seria a de que o calor e o sol seriam responsáveis por “secar” a pele, consequentemente, secando as espinhas. “Isso é um mito. Na verdade, o sol acaba causando um efeito rebote, porque o calor e a exposição direta à radiação UVA e UVB causam um processo de falsa melhora (porque ressecam a pele), mas logo posteriormente ativam as glândulas sebáceas como formas reativas fisiológicas de fazer a recompensa. Então se aquela área já é inflamada e se a glândula é estimulada pelo calor e pelo sol, a pele vai produzir mais gordura e mais sebo, o que vai piorar o processo de acne”, afirma a Dra. Claudia Marçal, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. “Então, como para qualquer paciente, os que têm acne podem ir ao sol nos horários já descritos com filtros solares adequados ao tipo de pele; na forma de séruns, de loção oil control, de loções ou fluídos leves, para que a área não faça um acne cosmético pelo filtro solar inadequado”, acrescenta. Mas esse não é o único mito – ou absurdo – envolvendo proteção solar. A dermatologista contesta alguns:
“Não preciso de FPS se minha pele é escura” – A necessidade do filtro solar é para todos os fototipos — no caso dos mais altos, há um fotoenvelhecimento com menos intensidade por possuírem uma melanina do tipo eumelanina que protege como uma barreira de cor. “Porém podem apresentar alterações como formação de manchas justamente por terem mais pigmento e mais escuro, desenvolvem com maior facilidade hipercromias pós-inflamatórias secundárias por traumas como acne e foliculite. A pele morena também apresenta riscos de cancerização, pois dificilmente a pessoa percebe o eritema ou vermelhidão inicial ao sol e até mesmo pessoas de pele negra podem desenvolver melanoma. O filtro solar recomendado é mínimo de FPS15 para o corpo e FPS 30 para o rosto”, afirma.
“Posso tomar só um pouco de sol sem filtro para me bronzear” – “Não é aconselhável a exposição solar sem fotoproteção, principalmente se tratando de pacientes de pele mais clara, mesmo nos horários recomendados, pois sabe-se que mesmo quando a pele se encontra em dose suberitematosa, ou seja, ainda não apresenta vermelhidão ou sensibilidade local, já está em estado inflamatório e, com isto, produz espécies reativas de oxigênio, nitrogênio e carbono que causam danos ao DNA celular”, explica a médica. O quadro de dano causado pela luz, explica a Dra. Claudia, provoca alterações significativas na estrutura da melanina que produz dímeros de pirimidina, que alteram de modo irreversível o DNA celular levando à inflamação tecidual que perdura por até três horas após a exposição solar, estimulando estados patológicos na pele como melasma e câncer de pele. “Portanto o filtro solar deve ser passado na pele do corpo todo sem qualquer vestimenta, trinta minutos antes da exposição solar e reaplicado a cada duas horas em média, com uso de chapéu e óculos, além de se respeitar os horários, já há muito tempo recomendados que são até 10:00 hs da manhã e depois das 16:00 hs da tarde”, afirma.
“Se eu usar chapéu e óculos, posso dispensar o fotoprotetor facial?” – “O chapéu ou boné unicamente não substituem o filtro solar em absoluto! Podem e devem ser utilizados em conjunto e de preferência com FPS 50 na fibra de produção da peça”, finaliza a médica.
Fonte: Dra. Claudia Marçal — Dermatologista da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School.