SC: cebola com sabor de sustentabilidade
Boa parte da cebola que vai ao prato dos brasileiros é colhida em terras catarinenses. O Estado é o maior produtor da hortaliça no País: em 2015, colheu 339,4 mil toneladas, concentradas principalmente no Alto Vale do Itajaí e no Planalto Catarinense. Não é à toa que melhorar processos de produção é uma preocupação cada vez maior dos cebolicultores do Estado. A Epagri é parceira dos produtores e, por meio de pesquisa e extensão O sistema prevê o plantio das culturas sem mexer o solo – o revolvimento é restrito apenas à linha de plantio. Os produtores praticam a rotação de culturas e adubos verdes (como azevém, crotalária e capim-doce). Assim, o solo fica coberto o ano todo, com produção de biomassa (massa seca) superior a 10 toneladas por hectare. É um sistema simples que pode ser adotado em pequenas propriedades familiares, comuns em Santa Catarina.
O resultado é uma produção muito mais sustentável. Protegido, o solo recupera a fertilidade, o que melhora a produção de cebola e reduz significativamente o uso de insumos químicos. Consequentemente, o agricultor gasta menos para produzir, tem menos trabalho e colhe muito mais. O consumidor sai ganhando com alimentos limpos e de qualidade, cultivados com respeito à natureza.
O trabalho da Epagri com SPDH no Alto Vale do Itajaí ganhou força em 2004, buscando reverter a degradação ambiental e os altos custos de produção das hortaliças. Em Alfredo Wagner, algumas famílias desenvolveram até máquinas adaptadas às condições de suas propriedades para facilitar o dia a dia nas plantações. Os equipamentos humanizam o trabalho, exigindo menor esforço físico nas operações de plantio, colheita e pós-colheita.
Mais colheita e menos custos
Valdemar Lauro da Silva, de Alfredo Wagner, está acostumado a receber visitas e excursões na propriedade. Ele deu os primeiros passos em direção ao SPDH em 1992 e, hoje, é referência entre os produtores. Ao longo dos anos, foi aperfeiçoando o plantio e, para facilitar o trabalho, virou inventor. Ele e os irmãos criaram adaptações para as máquinas agrícolas, que servem para manejo da cobertura de solo, colheita e armazenagem, reduzindo o esforço físico e fazendo render a mão de obra. “Foi a necessidade que fez a gente adaptar as máquinas para que elas funcionassem com a palhada”, conta.
Com apoio do Programa SC Rural, ele construiu novas caixas para armazenar a produção. Valdemar também recebe acompanhamento da Epagri. Os técnicos orientam a coleta de amostras de solo, a adubação de base e de cobertura e o manejo da adubação verde e testam máquinas e variedades de cebola, tudo em parceria com o produtor. O resultado dessa dedicação surpreende: Valdemar reduziu em 50% o custo de produção da cebola em relação à média da região. O número de aplicações de adubos minerais e agrotóxicos é inferior à metade das praticadas no sistema convencional. A produtividade saltou de 6t/ha para 32t/ha entre 2000 e 2014/15.
Para melhorar, o solo recuperou sua fertilidade. De 2000 para 2015, o nível de matéria orgânica subiu de 0,3% para 3,2%. “O solo antes era esbranquiçado, duro, argiloso. Agora tem terra fofa, mais escura, bastante matéria orgânica”, diz o produtor.