O mundo enfrenta uma epidemia da doença renal crônica. O número de pacientes em estágio terminal da doença é maior nos países em desenvolvimento, como o Brasil. O que pouca gente sabe é que existe no SUS um recurso aprovado pelo Ministério da Saúde para tratar o doente renal crônico em casa (a diálise peritoneal), ajudando a desafogar as clinicas de hemodiálise.
A Portaria de número 389 de 13 de março de 2014 define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico, estabelece como meta que, em dois anos após a implementação da política, haja um paciente em DP para cada 4 pacientes em HD, ou seja, uma participação de 20% da DP no total de pacientes em terapia renal substitutiva. Atualmente, segundo o Censo de 2014 da SBN, este número é de apenas 8,4% no Sistema Público de Saúde (SUS).
Vale reforçar que duas modalidades de diálise crônica,a hemodiálise (HD) e a diálise peritoneal (DP), são disponibilizadas pelo sistema de saúde. A vasta maioria dos pacientes que recebe tratamento crônico de diálise origina-se de atendimentos de emergência em hospitais públicos ou clínicas pré-diálise do sistema público de saúde. A partir daí, estes pacientes são redirecionados para o centro de diálise mais próximo às suas residências; em muitos casos, após terem iniciado um tratamento dialítico como pacientes internados. Uma pequena fração é encaminhada individualmente dos consultórios médicos.
Número de pacientes no Brasil
A doença renal crônica atinge 10% da população mundial e afeta pessoas de todas as idades e raças. Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que 122 mil pessoas fazem diálise no Brasil. Atualmente, existem 750 unidades cadastradas no País, sendo 35 apenas na cidade de São Paulo. Os números mostram ainda que 70% dos pacientes que fazem diálise descobrem a doença tardiamente. A taxa de mortalidade para quem enfrenta o tratamento é 15%.
O impacto da doença renal crônica terminal (DRCT) no Brasil
- A DRCT é subdiagnosticada no Brasil: a prevalência de pacientes em terapia renal substitutiva (TRS) no Brasil é inferior à observada em países desenvolvidos (metade da observada na Europa e 1/3 da registrada nos Estados Unidos), e mesmo em comparação a outros países latino-americanos, como Argentina, Chile e Uruguai3-5.
- O fato acima, aliado aos dados de prevalência de fatores de risco para doença renal observados no Brasil6, indica que a IRCT é subdiagnosticada em nosso país.
- A atual estrutura de clínicas e equipamentos de diálise não tem sido suficiente para atender à demanda: enquanto o número de pacientes em TRS aumentou em 4,5% ao ano entre 2000 e 2009, o número de unidades dialíticas aumentou apenas 1,2% no mesmo período.