Vida normal apesar da endometriose

A endometriose é um tema recorrente no meio feminino, pois além de poder aumentar as cólicas e provocar alterações intestinais durante a menstruação, a doença ainda pode estar associada às dificuldades para engravidar e causar dores durante a relação sexual.

O dr. Ricardo Pereira, Diretor do Centro de Endometriose e Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Santa Joana, ressalta que a endometriose é uma doença ginecológica que pode se manifestar de diferentes formas clínicas. “O endométrio é um tecido que reveste a camada interna do útero e, quando ele surge fora do útero, dá-se o nome de endometriose. Existem várias teorias que tentam dizer a causa desta enigmática doença, mas nenhuma consegue explicar o mecanismo de como surge e as diferentes formas de manifestação. Cerca de 90% das lesões de endometriose estão localizadas na região pélvica e 10% fora, no restante do abdome”, ressalta.

Genética

O especialista explica que filhas de mães com endometriose tem de 7 a 10 vezes mais chances de serem acometidas por isso do que filhas de mães que não tem ou não tiveram endometriose, evidenciando o papel importante da genética na origem desta doença. “Por ser uma doença benigna, normalmente a endometriose é tratada quando há sintomas que alteram a qualidade de vida, como as dores relacionadas ao ciclo menstrual ou disfunção num determinado órgão ou região acometida. Outra situação que necessita tratamento é quando interfere na fertilidade. Apesar de ser a causa mais frequente de infertilidade feminina, nem sempre a endometriose leva a este distúrbio. Aproximadamente 50% das mulheres com endometriose poderão manifestar uma história temporária ou persistente de infertilidade”, afirma o dr. Ricardo.

As abordagens variam, mas a partir do momento em que a doença se manifesta, é necessário uma avaliação médica voltada para análise dos sintomas ou repercussão sobre a fertilidade. Embora a lesão só possa ser eliminada por meio de cirurgia, é possível aliviar os sintomas com a prescrição de medicamentos. Além de tratar os sintomas e de corrigir cirurgicamente o problema, também é recomendável adotar terapias de prevenção, com métodos variáveis, de acordo com o tipo de patologia. “O tratamento da causa é fundamental. É preciso entender que cuidar da endometriose não se resume apenas à luta contra as lesões do órgão. Significa, também, avaliar a mulher de forma integral, considerando seu estado emocional, estimular atividades físicas, psicoterapia, hobbies e minimizar fatores de estresse”, afirma o dr. Ricardo.

A cirurgia é indicada em três situações, como explica o especialista. “A primeira é quando há dor e disfunções, ou seja, quando a mulher sente dores fortes e não tem controle na hora de evacuar e urinar. A segunda causa é a infertilidade. E o terceiro motivo para se recomendar a cirurgia é quando as duas causas ocorrem ao mesmo tempo”, esclarece o especialista. “Infelizmente, ainda não existe uma prevenção eficaz para a endometriose. É preciso entender que cuidar da endometriose não se resume apenas à luta contra as lesões do órgão. Significa, também, avaliar a mulher de forma integral”, conta o dr. Ricardo.

O profissional também comenta que existem casos em que a doença persiste, pois algum “pedaço” da lesão não foi ou não pôde ser retirado. “Um exemplo dessa situação é quando a endometriose se localiza na parede uterina da paciente e ela deseja engravidar. Para não prejudicar o órgão, não é recomendada a retirada da lesão contida na parede do órgão, podendo enfraquecê-lo em uma futura gestação”, ressalta.

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