Moda & Beleza

Resumo SPFW por Arlindo Grund – Dia 03

O stylist e apresentador Arlindo Grund comenta os desfiles e pontos relevantes na semana de moda paulistana

Modem:

“Com um desfile coerente, a primeira apresentação do dia que vi foi o da Modem. A marca é conhecida pela conexão com design e arquitetura, por este motivo conseguimos ver tecidos texturizados, malha de tricô com uma alfaiataria limpa e como vimos em outras marcas, o babado está recorrente nesta coleção com plissados e com uma impressão em 3D, que parecia que os detalhes estavam saindo das roupas e isso é muito contemporâneo. A cartela de cores era ampla, ia do branco ao preto até as cores mais fortes e, observamos também, a desconstrução da silhueta feminina. Foi um desfile conciso, coerente e acima de tudo, bem comercial.”

Fernanda Yamamoto:

“O desfile da Fernanda Yamamoto foi surpreendente, acho que foi o primeiro desfile dessa temporada a ser aplaudido de pé. Ela levou para a passarela uma coleção inspirada na comunidade Yuba, uma comunidade de origem japonesa aqui do Brasil que vive um estilo de vida natural. Com isso, vimos tecidos naturais com tingimento a partir de plantas. Com este processo orgânico, Fernanda constrói as roupas dando a impressão de papéis, no sentido de volume e armações. Ao mesmo tempo, as roupas eram fluídas, leves, com tecidos esvoaçantes e estampadas com os rostos das pessoas que moram na comunidade que, aliás, estavam presentes desfilando juntamente com artistas. Essa diversidade na passarela aumenta a cada dia em todas as marcas. A cartela de cores era vibrante, desde amarelo, rosa, até tons de chá verde claro. A mulher dessa coleção não demostrava sensualidade, revelando formas ou silhuetas femininas, o que valia, acima de tudo, era o conceito da roupa. A surpresa ficou com a apresentação de dois looks masculinos super desejáveis.”

Top 5:

“Um projeto que me chamou a atenção no evento foi o Projeto Top Five, que visa inserir os pequenos negócios no mercado da moda. As empresas, selecionadas pelo projeto, receberam consultorias do Sebrae e de especialistas e, a partir desta iniciativa eles apresentaram suas coleções na semana de moda brasileira.

A carioca Karina Frouvry trouxe à passarela uma coleção cigana, com uma mulher boêmia de silhuetas fluídas e ao mesmo tempo rígida, em tecidos de crochê e de macramê. Já a mineira LED se inspirou na realidade brasileira atual e trouxe aos holofotes o tema Apocalíptica, com bruxas modernas de capas e grandes mantôs. A potiguar Vankoke teve inspiração no trabalho da artista e botânica inglesa Margaret Mee. Margaret, se especializou em plantas da Amazônia e podemos ver isso na coleção da neomarca por meio das estampas, confeccionadas pela artista Pat Lo. A estilista Patiara Aguiar, vinda do Espírito Santo com sua marca Borana, trouxe um toque artesanal para a passarela, colocando madeiras de reflorestamento em argolas que estavam presentes em algumas roupas de banho da coleção. A catarinense Kalline, mostrou na passarela uma coleção chamada Hangar. Ela disse que tentou traduzir o comportamento das pessoas no mundo atual com peças volumosas, tipo puff jacket, matelassadas, looks monocromáticos, e casacos longos.”

Fabiana Milazzo:

“O desfile da Fabiana Milazzo foi lindo, teve inspiração no Peru, um país que tem uma cultura tão rica. Ela trouxe as cores nos bordados, aliás, o bordado veio super diferente com linhas e tecidos saindo em 3D, com muitas cores. Víamos, por exemplo, um fundo escuro mas uma profusão de linhas coloridas bordadas, que trouxe uma personalidade muito grande para a apresentação. Os vestidos estavam lindíssimos, os tecidos fluídos também trouxeram um pouco mais de sensualidade. E o que mais me chamou a atenção foi que ela continuou com os bordados, mas conseguiu dar uma uma cara diferenciada, mais urbana, mais atual, fugiu um pouco do lugar comum, do paetê e dos cristais. Foi uma apresentação lindíssima, emocionante e acima de tudo retrata o perfil da consumidora Fabiana Milazzo.”

MEMO:

“A MEMO fez uma performance bem divertida, colocou duplas para competir dançando. Não foi um desfile convencional, era uma apresentação, então conseguimos ver muitas roupas inspiradas no street style, com bermudas mais soltas, jaquetas oversize, tops, camisetas e a pochete, que voltou com tudo. Foi uma apresentação divertida, lúdica, mas que a gente conseguia tirar dessa performance as roupas e colocar no nosso dia a dia. Achei bem interessante o que foi apresentado, uma cartela de cores vibrantes, divertida. Gostei das estampas com fundo branco, que trouxeram um mais de calma e respiro para essa profusão de cores que estamos vendo nessa temporada.”

Amir Slama:

“E para finalizar, o desfile do Amir Slama que foi sensacional. Foi um desfile de verão onde o Amir apresentou a coleção com 52 looks inspirados no ponto de partida do Palácio Imperial de Petrópolis, com suas cores e suas formas. Teve mais uma vez brasilidades na passarela, uma identidade bem tropical, casual, sofisticada e ao mesmo tempo colocou uma pegada mais esportiva nas peças, o que ficou muito interessante. Trouxe bodies e saias longas, que na verdade formavam looks incríveis. O body que na verdade era maiô, mostrou como a moda praia pode sair da praia e continuar em outros eventos. Muito preto, alguns momentos de branco e de verde também, uma alusão a nossa bandeira. Estamparia com folhagem, que foi o ponto alto da apresentação. Vi também estamparia de cobra com renda, que ficou lindo. Muita atenção para as pochetes, que achei um máximo. E a coleção masculina que traz o mesmo conceito que a feminina, mas apela mais para o conforto, com shorts curtos e jaquetas de diversos tamanhos.”

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