Enfraquecimento dos dentes motivado pelo estilo de vida
A partir de 6/10 tem início o Curso de Pós-graduação em Dentística da FAOA – Faculdade de Odontologia da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas). Coordenado pelo cirurgião-dentista Airton Nóbrega, o curso tem dois anos de duração e se propõe a capacitar cirurgiões-dentistas a apresentar, discutir e aplicar novas tecnologias e conceitos, além de desenvolver senso comportamental ético e crítico, fundamentais ao profissional da área de saúde devidamente inserido em sua comunidade.
Nóbrega chama atenção para o quanto o estilo de vida atual contribui para o enfraquecimento dos dentes. “Com a evolução do homem – o que inclui o processamento dos alimentos – o ato de se alimentar passou a exigir muito pouco esforço mastigatório. Isso sem dúvida gera impacto no desenvolvimento dos dentes, na formação da arcada dentária, no aumento de cárie e placas bacterianas”, destaca o professor.
Dente siso
O cirurgião-dentista explica que a seleção natural não preparou o homem para o tipo de alimentação que está na mesa de quase todo o mundo hoje em dia. “Quando nossos ancestrais eram obrigados a caçar para se alimentar, havia um fortalecimento mandibular espontâneo. Em milhares de anos, a arcada dentária continua praticamente a mesma, mas o fato de haver uma oferta abundante de alimentos adoçados e processados impacta no aumento da quantidade de problemas bucais que enfrentamos atualmente. Outro exemplo claro disso é como o terceiro molar, ou dente do siso, se tornou obsoleto”.
Segundo o especialista, na maioria das vezes, o siso não tem espaço suficiente para nascer e completar a erupção num ângulo ideal. Em determinados casos, ele permanece completamente escondido sob a gengiva – muitas vezes, em posição horizontal. Também pode acontecer de ele emergir parcialmente, nascendo apenas uma pontinha do dente. Isso pode resultar num problema de grandes proporções, dado não haver condições para uma higiene ideal. Além disso, as chances de o acúmulo de bactérias levar a uma infecção são grandes. “Mesmo que não tenha função e possa causar problemas, o siso só deve ser extraído em caso de dor, repetição de infecção – com risco de perda do segundo molar também –, presença de cistos ou tumores, gengivite ou cárie profunda. O cirurgião-dentista é quem deve avaliar bem seu paciente e decidir pela extração ou não”.
Airton Nóbrega também inclui o bruxismo entre os males orais evidentemente associados ao estilo de vida atual. “O bruxismo está entre as disfunções da articulação temporomandibular (ATM) que mais afetam quem vive sob imenso estresse. Trata-se de uma condição em que, involuntariamente, se range e aperta os dentes, principalmente durante o sono. Dependendo da frequência e da intensidade da dor, essa disfunção pode levar a sérios problemas de mastigação, enxaqueca, insônia e até mesmo fraturar a raiz do dente. Essa dor também pode repercutir por toda a cabeça, maxilar, pescoço, ouvidos e até mesmo nas costas, comprometendo a qualidade de vida dos pacientes”.