Os impactos e os benefícios da liberação do jogo no país
Discutir a legalização dos jogos (bingos, cassinos, jogos online e loterias) e os benefícios que vai promover na economia e geração de empregos. Foi com este objetivo que o IV Brazilian Gaming Congress – BgC 2017 reuniu no ano passado, em São Paulo, mais de 300 participantes entre lideranças políticas, especialistas e players do segmento no Brasil e de países com tradição na exploração de jogos, além de 20 empresas do setor entre expositoras e patrocinadoras.
O hotel Tivoli Mofarrej foi o palco do encontro que abordou temas como panorama atual do processo de legalização dos jogos; o reflexo nos setores de turismo e resorts; o desenvolvimento de uma agência regulatória; importância de mecanismos robustos de compliance e combate à lavagem de dinheiro; e a tributação do jogo como uma importante fonte de receita para o governo.
A tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal de dois projetos que propõem um marco regulatório para o jogo no Brasil dominou os debates nos dois dias de BgC. O deputado federal Elmar Nascimento (DEM), que foi presidente da Comissão Especial do Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, esteve no evento e deixou uma mensagem positiva. “O presidente Rodrigo Maia está comprometido a pautar o projeto após a votação das reformas trabalhista e previdenciária. Creio que a agenda será retomada normalmente a partir de agosto e que possamos, assim, legalizar e regulamentar o jogo no país”, afirmou.
Quem também está otimista com a perspectiva de legalização do jogo no país é o deputado federal Augusto Coutinho (SD), que também participou das discussões do BgC 2017. “A matéria está pronta para ir ao plenário da Câmara. O mesmo vale para o projeto que tramita no Senado. Não há incômodo em ter dois projetos, pois, em algum momento, vão se encontrar. São poucas as divergências entre os textos”, explicou.
Polêmica
Contrário à liberação do jogo no Brasil, o deputado federal Roberto de Lucena (PV) anunciou durante o BgC 2017 que apresentará uma proposta para que haja um Referendo sobre a legalização ou não do jogo no país. A votação ocorreria em 2018 junto com as eleições gerais. “Os senhores (os defensores da liberação) teriam um ano para convencer os cidadãos sobre os benefícios do jogo. É importante discutir com a sociedade não só o lucro, mas também os custos sociais que isso pode acarretar”, ressaltou.
A ideia não foi bem aceita por quem pensa diferente do parlamentar. “Derrubamos as acusações de que o jogo estimula a lavagem de dinheiro e a ludopatia. Agora temos este novo desafio, mas estou convicto de que os nossos argumentos são mais sólidos”, disparou o CEO do Brazilian Series of Poker (BSOP), Igor Federal.
Um importante apoio para o movimento que defende a liberação do jogo no Brasil foi dado pela presidente da Embratur Vinicius Lummertz durante o BgC 2017. “O Governo Federal tem adotado uma postura cautelosa por conta da polaridade política que temos hoje no país mas nós, na Embratur, somos abertamente favoráveis à legalização do jogo”, afirmou. Ele defende que haja uma grande campanha de esclarecimento sobre o potencial dessa indústria no país.
Desenvolvimento
Com o jogo legalizado no país, um dos ramos mais tende a impactar a economia é o dos cassinos. Para o palestrante do BgC e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), Bruno Omori, é a possibilidade de levar desenvolvimento para regiões que têm potencial, mas carência de investimentos turísticos, como é o caso do Estado do Espírito Santo e a região do Vale do Ribeira, em São Paulo.
“A legalização do jogo oferece a possibilidade de ampliar a atividade turística. Nós podemos ter diferentes tipos de cassino de acordo com o potencial de cada localidade”, afirmou Omori. Em palestra durante o BgC 2017, a deputada federal e ex-prefeita de Caldas Novas (GO), Magda Mofatto, concordou: “Minha região tem pouca atividade produtiva e o jogo surge como um impulso para o turismo. Teremos uma geração gigantesca de empregos e o impacto na arrecadação da prefeitura será enorme”.
O deputado federal Herculano Passos, ex-prefeito de Itu, também defende que a legalização do jogo vai impulsionar o turismo e, consequentemente, a economia. “Muita gente sai do país para jogar em outros países. Em Las Vegas, por exemplo, o turismo compõe 70% da arrecadação enquanto o jogo representa 30%. Ou seja, os cassinos são atrativos que impactam positivamente outras atividades”, apontou.
Foto noturna de Las-Vegas, a capital mundial dos cassinosInvestimentos
A indústria do jogo é um dos grandes mercados do mundo e está sempre a procura de oportunidades. A perspectiva da atividade ter um marco regulatório definido no país já chamou a atenção de empresas globais, destacam executivos de grandes players do segmento que participaram do BgC. “O Brasil, com segurança jurídica, vai atrair muitos investidores”, afirma o presidente e CEO da Spectrum Gaming Capital, Roberto Heller.
Anna Shahbazyan, diretora regional da Betconstruct, pensa da mesma forma: “Assim que o Brasil definir uma regulamentação e uma política de tributação para o setor, são grandes as chances de empresas globais de interessarem por este grande mercado em potencial. Os players deste segmento precisam de regras claras e segurança jurídica. Assim podemos crescer juntos”. John de Wit, CEO da Playbrands, vai além: “Tenho a convicção que, regulada, a indústria do jogo no Brasil será o centro do mercado na América do Sul”.