A fruticultura é uma das atividades prioritárias trabalhadas pela Emater/RS-Ascar na Serra, envolvendo 21 mil das 22 mil famílias atendidas na região, e resultando em 60% da produção de frutas do estado. Pela importância da atividade, ocorreu nessa quarta-feira (12) o Dia de Campo Boas Práticas na Fruticultura: Sustentabilidade e Rentabilidade, na comunidade de Monte Bérico, em Veranópolis.
O evento superou a expectativa de público e reuniu em torno de 1,2 mil pessoas. O presidente da Emater/RS, Iberê de Mesquita Orsi, o prefeito de Veranópolis, Waldemar De Carli, a coordenadora regional da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Lucimar Rodrigues, e representantes das entidades parceiras participaram do evento.
Na propriedade de Paulo e Iane Angonese, os agricultores foram divididos em grupos e visitaram quatro estações temáticas. Na primeira delas, sobre abrigo para agrotóxicos, os participantes puderam conferir o depósito de alvenaria construído pelo agricultor, que toda propriedade que consome agrotóxicos deve ter.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, esclareceu que a instituição tem um trabalho intenso nesta área e que, antes de construir o abrigo, os agricultores devem procurar os escritórios municipais da Emater/RS-Ascar, onde podem ter acesso a todas orientações necessárias para a construção, desde a escolha do local e os materiais utilizados até o licenciamento, recebendo, inclusive, uma planta nos padrões determinados pela legislação. Para Todeschini, o depósito não deve ser considerado um gasto, mas um investimento, pois garante a segurança das famílias, dos animais e do meio ambiente, e a organização da propriedade.
Produtor de uva em Fagundes Varela, Luiz Camilo Barille, se interessou pelo depósito de agrotóxicos e conta que já tem um lugar para construi-lo e que vai procurar a equipe da Emater/RS-Ascar para orientá-lo, pois considera importante ter uma propriedade organizada. Barille diz que sempre aprende coisas novas quando participa dos dias de campo.
Em outra estação, o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, João Villa, falou sobre solo, base da produção, com foco nas plantas de cobertura e seus benefícios. Ele explicou que a fertilidade do solo é composta pela parte química, biológica e pela estrutura física do solo, sendo que o uso das plantas de cobertura proporciona benefícios, como a produção de matéria orgânica, melhorando o armazenamento e disponibilidade de água no solo e fazendo a diferença no caso de estiagem.
Também aumenta a permeabilidade da água e do ar, evitando a compactação do solo, bem como a disponibilidade de nutrientes, entre outras vantagens. Conforme Villa, na propriedade da família Angonese, onde essas plantas estão presentes, nunca foi utilizado herbicida em área total, somente nas manchas onde cresceram algumas ervas indesejadas. Ele salientou ainda a importância de consorciar famílias botânicas de plantas e sistemas de raízes diferentes. “Quanto mais diversidade de espécies vegetais, mais diversidade de biologia do solo vai ter”, afirmou.
Outro assunto atual abordado foi as Boas Práticas Agrícolas (BPAs), que são ações que garantem a inocuidade dos alimentos, e a rastreabilidade, ou seja, os procedimentos para detectar a origem e acompanhar a movimentação de um produto ao longo da cadeia produtiva. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Luciano Ilha, explicou que desde 8 de agosto a rastreabilidade, que é uma prática dentro das BPAs, se tornou obrigatória para oito produtos hortigranjeiros: uva, manga, citros, batata, repolho, maçã, tomate e pepino, sendo passíveis de fiscalização em todos os elos da cadeia produtiva.
A última estação alertou os produtores para as formas de monitoramento e controle da mosca-das-frutas. O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Marcos Botton, apresentou aos participantes o Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas nos Pomares de Frutas de Caroço, que conta com o monitoramento semanal da praga em propriedades da região, e a publicação de um Boletim Informativo para os produtores cadastrados. Com isso, é possível ter informação sobre o comportamento da praga ao longo da safra, alertando os produtores quando o momento é de alta ou de baixa infestação e quais as melhores medidas de controle que devem ser adotadas pelos fruticultores.
Junto ao salão da comunidade, o evento contou ainda com espaço para parceiros expositores, agroindústrias, vinícolas, artesanato, e várias estações dedicadas à saúde do trabalhador, plantas bioativas e flores comestíveis, orquídeas, meliponídeos e gestão sustentável da agricultura familiar.
A agricultora Inês Garibaldi, de Flores da Cunha, ficou muito atenta, fez várias perguntas na estação sobre orquídeas e até se encorajou a comprar uma flor. “Já tive duas orquídeas, mas morreram. Mas como eu gosto muito, agora comprei mais uma porque eu quero tentar de novo”, conta a agricultora, que ficou mais confiante depois do que aprendeu na oficina e pretende colocar em prática. Inês também levou para casa algumas receitas caseiras de produtos que podem ser usados no controle de pragas, tanto nas flores como nas hortas e pomares, entre elas uma receita para controle do caramujo, que ela pretende usar na parreira com produção orgânica. “Esse dia de campo foi um dos melhores que já participei, foi excelente. Aprendi bastante também sobre a mosca-das-frutas”, relata.
O dia de campo foi promovido pela Emater/RS-Ascar e prefeitura de Veranópolis, com o apoio do Sicredi, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Centro de Pesquisa Carlos Gayer, Embrapa, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Associação dos Agricultores Ecologistas da Terra da Longevidade (Aetel), de Artesãos (Arteve) e das Vinícolas (Aviver), Câmara de Vereadores, UCS, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, Avaec, comunidade de Monte Bérico e família Angonese, e patrocínio de empresas do segmento da fruticultura e agentes financeiros.