Fibromialgia causa dor na articulação mastigatória
Dores de cabeça tensionais, dor crônica generalizada nos dois lados do corpo, acima e abaixo da cintura, rigidez nas articulações, ansiedade, depressão, distúrbios do sono e disfunções nas articulações temporo-mandibulares (ATMs) são alguns dos sintomas próprios da fibromialgia – uma doença reumatológica crônica que atinge principalmente o sexo feminino, com presença de dores músculo-esqueléticas.
A patologia contribui para a amplificação das sensações dolorosas, alterando a forma como o cérebro interpreta os sinais de dor. O ortodontista e ortopedista facial, Gerson Köhler, aponta que a prevalência de disfunções das articulações temporo-mandibulares (DTM) em pacientes com fibromialgia é maior do que a situação oposta, ou seja, é mais difícil a fibromialgia surgir em quem tem DTM. “A DTM refere-se a várias alterações que envolvem a musculatura mastigatória e as articulações temporo-mandibulares”, observa.
Juarez Köhler, ortodontista e ortopedista facial que compõe a equipe clínica da Köhler Ortofacial, esclarece que as ATMs tem a função de fechar abrir a boca e tem a capacidade de fazer diversos movimentos. “As ATMs podem se deslocar para frente, para trás e também para os lados. A principal relação deste par (direito e esquedo) de articulações com a fibromialgia se deve pelo fato de as ATMs serem envoltas por um dos grupos musculares mais poderosos do corpo humano. As dores nesta articulação podem se propagar na região da cabeça, face, pescoço e ombros”, acrescenta.
Os músculos masseteres fazem parte do conjunto neuromuscular que atua na mastigação e por causa da excessiva contração ocorrem condições como apertamento de dentes e bruxismo – distúrbio caracterizado pelo ranger de dentes. Os dentes são praticamente reféns destes músculos, que tem o poder de exercer uma força muito elevada com capacidade alteradora das estruturas faciais. “Problemas dentários podem agravar o quadro e os sintomas surgem principalmente durante a noite. As dores noturnas prejudicam a qualidade do sono e pioram os sintomas da fibromialgia”, enfatiza Juarez.
Gerson explica que assim como a fibromialgia, a DTM também tem maior incidência nas mulheres, pois “estão mais sujeitas a mudanças hormonais, estresse emocional e alterações anatomo-funcionais, fatores que podem contribuir para o surgimento destes distúrbios. No que diz respeito à idade as duas patologias estão presentes especialmente na população entre 30 e 40 anos, mas podem – também – atingir crianças e adultos”, evidencia.
Os pacientes que sofrem com fibromialgia e DTM ainda têm mais um obstáculo a ultrapassar além das dores crônicas e de todos os sintomas: a dificuldade de ser diagnosticado com precisão. “Existem vários sintomas que são semelhantes nas duas patologias. Também é necessário levar em consideração que os especialistas podem diagnosticar um dos problemas e o outro ser descoberto somente mais tarde, prolongando o sofrimento dos indivíduos”, destaca Gerson.
Os principais sintomas da DTM são dores, sensibilidade ao toque das articulações temporo-mandibulares e dos músculos mastigatórios, ruídos nas articulações e mudanças na dinâmica mandibular. “O procedimento de avaliação dos 18 pontos doloridos comuns à fibromialgia nem sempre leva em consideração as dores orofaciais, o que reforça a importância da atuação de uma equipe interdisciplinar para tratar o paciente de modo integrado. Isto facilita o diagnóstico e permite que os profissionais recorram a métodos terapêuticos mais assertivos”, finaliza Gerson.