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Setor ferroviário aposta em parcerias com startups

Disrupção. No dicionário, a palavra significa interrupção do curso normal de um processo. Em tempos de um mundo totalmente conectado, a palavra vem sendo amplamente usada por especialistas em tecnologia e já faz parte das operações do transporte.
No setor ferroviário de cargas e de passageiros, operações e processos disruptivos têm se transformado em alternativas para garantir mais agilidade, mais segurança e redução de custos. Exemplo disso são as parcerias estabelecidas com startups que têm desenvolvido soluções para os gargalos da atividade.
A VLI Logística, concessionária de linhas férreas que possui quase 8.000 km de linhas, criou o Inova VLI. A iniciativa aposta no intercâmbio com startups para promover soluções eficazes para as principais áreas da companhia na busca por soluções em planejamento estratégico; otimização da gestão de informação; controle sistematizado para o relacionamento com a comunidade; integração no processo de gestão de pessoas e monitoramento do volume de carga para evitar perdas.
O programa nasceu em 2017 e, neste ano, já conseguiu tracionar e desenvolver uma série de iniciativas e ações em busca de soluções para os problemas enfrentados na operação ferroviária. “Com o programa, nos aproximamos do ecossistema das startups para visualizar as alternativas e, também, começamos a fomentar o mindset (linha de raciocínio que direciona a vida das pessoas) da empresa, pensando em transformar a nossa logística. Assim, conseguimos enxergar os nossos problemas, tivemos novas ideias e incentivamos o empreendedorismo dos colaboradores, que também podem trazer soluções”, destaca o gerente-geral de inovação e de transformação da VLI, Daniel Novo.
Uma das ações desenvolvidas pela concessionária são os Startup Days, encontros com empresas para abordar questões relativas a diversas áreas, nos quais são lançados desafios para que elas possam trazer soluções. Uma dessas inovações está sendo construída com a Órbita Tecnologia. A startup foi uma das participantes do Conecta – Programa de Impulso a Startups, desenvolvido pela CNT em parceria com o BMG UpTech.
O resultado da parceria é o TrackMaster, projeto que tem como foco a automatização dos processos de prospecção de via permanente. O gerente de inovação explica que a atividade atualmente é realizada por equipes itinerantes, que andam ao longo de toda a malha ferroviária contabilizando e classificando os componentes existentes na linha, originando dados de entrada para os processos de manutenção da companhia.
Os testes iniciais foram realizados entre julho e agosto de 2018, em um trecho de 150 quilômetros da Ferrovia Centro-Atlântica, em Minas Gerais. A segunda etapa foi finalizada em novembro. O novo processo consiste na instalação de uma câmera em um veículo ferroviário para captar as imagens da via permanente, em conjunto com um GPS, para coletar as informações de localização de cada imagem. “Em seguida, os dados da inspeção são trabalhados em uma plataforma que identifica, de forma automática, as imagens dos dormentes e cruza a informação de cada componente com sua posição na malha da VLI”, explica Daniele Novo.
O diretor de operações da Órbita Tecnologia, Leonardo Campos, frisa que a parceria foi bastante produtiva para ambas as partes e que elas identificaram uma oportunidade no setor ferroviário de utilizar câmeras para inspecionar a via permanente. “Desenvolvemos sistemas de visão computacional para reconhecimento de não conformidades em processos industriais. No caso da VLI, posicionamos as câmeras na altura correta das locomotivas, depois de muitos testes. Com as imagens em mãos, ensinamos ao software a reconhecer um dormente e, depois, a classificá-lo, com o gabarito feito por um especialista em avaliação de dormentes da concessionária.”
Outra empresa que vem apostando na parceria com as startups é a Rumo, que administra e opera 12 mil km de ferrovias. A concessionária vem realizando testes com a startup 4Vants, para o uso de software de inteligência artificial também para a inspeção de trilhos e nas áreas de faixa de domínio. A startup realizou teste de aeroinspeção em 55 km em trechos da Serra do Mar (PR) e na Serra de Santos (SP). Com uma câmera acoplada na locomotiva, o sistema gera um banco de imagens que detecta possíveis anomalias e otimiza o tempo de inspeção.
A tecnologia permite identificar situações recorrentes na operação ferroviária, como bolsões, excessos de lastros, vegetações nos trilhos e invasões. De acordo com a concessionária, a próxima fase do projeto consiste em estudar novas aplicações da tecnologia para que possa ser integrada em definitivo para toda a operação, explorando o potencial de análise computacional a partir das imagens capturadas por drones e câmeras fixas.
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