Gestantes de Novo Hamburgo visitam maternidade
No Dia G, mais de 20 gestantes e seus acompanhantes conheceram a estrutura hospitalar e receberam dicas e orientações para um parto tranquilo
O quer levar para a maternidade? Como saber se está na hora de ir para o hospital? Posso ter um acompanhante no Centro Obstétrico? E a amamentação? Estas são algumas de uma da série de perguntas feitas em mais uma edição do Dia G – Visita à Maternidade do Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Atentos para não perder nenhuma informação do obstetra Fabiano Candal de Vasconcelos, e da coordenadora da Maternidade, a enfermeira Daniela Rech, mais de 20 gestantes e seus acompanhantes tiveram uma aula esclarecedora sobre como será o dia mais especial de suas vidas: o momento em que trarão seus filhos ao mundo. Os visitantes ainda conheceram a estrutura hospitalar, como UTI Neonatal, Sala de Admissão do Bebê e as acomodações dos quartos.
A coordenadora Daniela passou muita segurança e tranquilidade para os pais, sejam eles de primeira viagem ou não. Segundo ela, uma equipe multiprofissional está capacitada a dar o suporte necessário às mães e aos recém-nascidos. “O corpo clínico da Materno-Infantil é formado por obstetras, fonoaudióloga, psicóloga, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiras e técnicos de enfermagem. Durante a internação, estes profissionais estarão prestando todo o atendimento.” Ao citar que a Maternidade está passando por reformas, disse que, embora a movimentação seja intensa, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo está executando as obras da melhor forma possível para evitar, ao máximo, ruídos que possam incomodar os bebês e mães.
Da chegada ao hospital ao Centro Obstétrico, Daniela explicou o passo a passo que a gestante percorrerá nos dias em que estiver internada e as regras que devem ser obedecidas durante a estadia. Ao lembrar que, desde 2005, pai não é mais considerado visita, mas acompanhante permanente e com livre acesso à Maternidade, ela reforçou a importância da sua presença. “É o momento deste trinômio – pai, mãe e filho – se conhecerem e fortalecerem os vínculos.” Entre as várias questões abordadas, a coordenadora falou da importância e das posições corretas na hora de amamentar, sobre visita de familiares, estrutura da UTI Neonatal e da Casa da Gestante.
PARTO NORMAL OU CESÁREA – Conhecendo já os procedimentos e regras, chegou a vez do Dr. Fabiano entrar em cena. Afinal, o que muda entre o parto normal e a cesárea? Com a responsabilidade de ser o porta-voz desta informação, o obstetra explicou que o Brasil é recordista em cesáreas, com mais de 50% de procedimentos, enquanto em outros países a taxa está em queda. Nos Estados Unidos 30%, na Europa menos de 20% e nos países Escandinavos, menos de 17%. A exemplo da Noruega, um dos países mais ricos e com melhor Índice de Desenvolvimento Humano.
Defensor ferrenho do parto vaginal – tanto que a cada encontro do Dia G faz questão de mostrar imagens do nascimento de uma das filhas por este método -, Vasconcelos disse que circulam muitas inverdades de que o Hospital Municipal de Novo Hamburgo não realiza cesáreas. “As taxas de cesáreas não baixam de 30% aqui, são mais altas que as recomendadas pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS), de 15% cesárea e 85% parto normal.” Segundo ele, ainda há uma cultura muito forte pela cesárea, muitas vezes enunciada pela dor, que faz parte por ser um processo de ruptura com a mãe que carregou seu bebê por nove meses. “Porém não deve significar sofrimento, pois a dor está na cabeça”, falou, ao citar o livro Entre as Orelhas – Relatos de Parto, do obstetra gaúcho, Rick Jones.
Parto com menos intervenções possíveis
Hoje, o modelo de assistência ao parto preconizado pela OMS é um parto com menos intervenções possíveis, cabendo aos obstetras garantir que tudo ocorra bem, mas deixando a natureza fazer a sua parte. “Quanto menos forem as intervenções e condutas, melhor será o parto”, disse o obstetra Fabiano Candal de Vasconcelos, observando que está comprovado que procedimentos adotados há alguns anos são totalmente desnecessários, como deixar a mulher em trabalho de parto sem se alimentar ou sem tomar água por horas antes do nascimento, fazer lavagem intestinal e depilar os pelos.
Explicou que, assim como no parto normal, as condutas também estão mudando na cesárea, que já não é mais todo aquele drama para a recuperação devido ao avanço nos anestésicos e demais medicações. Mesmo assim, os benefícios do parto normal se sobrepõem à cesárea, principalmente no quesito amamentação, prevenção de doenças, como câncer de mama e colo de útero, e mortalidade materna, quatro vezes maior na comparação com o parto normal. “Se informar, ler bastante sobre o assunto e saber o que vai acontecer é a melhor preparação para o parto, transformando este dia realmente especial como deve ser”, recomendou o doutor Vasconcelos.
ACOLHIMENTO – Entre olhos sérios, risadas, e muitos questionamentos, o Dia G se consolidou com fonte de informações e interação com as gestantes e seus acompanhantes que daqui a semanas estarão ingressando pelas portas do Hospital Municipal rumo à Maternidade. “Estou na minha segunda gestação, mas depois de tantos esclarecimentos me senti uma mãe de primeira viagem. Foram muitas orientações e saímos daqui mais tranquilos e confiantes com o bom acolhimento que teremos quando Amanda nascer”, comentou a professora Juliana Roemer Alves de Moura, ao lado do esposo Clóvis dos Santos. O casal Cristiano Roberto Franciscone e Maristhella Oliveira Maia da Silva foi um dos mais participativos. “O encontro foi muito esclarecedor e quebrou muitos tabus. A gente ouve muita coisa, mas hoje podemos realmente saber e entender como será a chegada de nosso primeiro filho, o Toni”, disse Cristiano.
QUER SABER MAIS?
Começaram as contrações, rompeu a bolsa. Qual a hora certa para ir ao Hospital?
É preciso entender que há duas fases no trabalho de parto. A fase latente, quando começam as contrações, e a fase ativa, que é a hora do nascimento. Para evitar idas e vindas ao Hospital, monitore as contrações. A cada três minutos, cada contração deve durar 1 minuto – este ciclo deve ser contínuo, pelo menos, durante uma hora. Assim como a dilatação deve estar de 6 a 10 centímetros. A fase inicial do trabalho de parto pode começar em casa sem nenhum problema, desde que o bebê esteja mexendo bem. Se a bolsa romper e o líquido for transparente, não há pressa para ir ao Hospital – ninguém precisa ser um ases do volante, passando sinaleiras vermelhas. Um trabalho de parto geralmente demora horas.
Meu filho vai nascer, meu acesso será por qual entrada do Hospital?
Até as 19 horas, a entrada é pela recepção principal do Hospital. Após este horário, o acesso é pela Emergência. Dali, a gestante será encaminhada para avaliação no Centro Obstétrico conforme ordem de chegada. Após a triagem, o chamamento é por Classificação de Risco, tabela de cores que determina o tempo para atendimento da paciente. Isso significa que se a classificação for vermelho, o atendimento será imediato, laranja (até 15 minutos), amarelo (até 30 minutos), verde (até 60 minutos) e azul (até 120 minutos – a maioria dos casos pode ser atendida nos postos de saúde). Depois, a gestante será levada à sala médica, onde o médico fará a consulta e exames.
Quais os procedimentos feitos no bebê após o nascimento?
Após o parto normal, o bebê, via de regra, é colocado no peito da mãe, onde ele consegue manter a temperatura adequada – somente na cesárea ele vai diretamente para o berço. Depois do nascimento e passado uma hora junto com a mãe, o bebê é levado à Sala de Admissão. Ali, ele fará as vacinas, entre elas da Hepatite B, receberá remédio para coagulação e colírio para evitar estreptococos, principalmente em partos vaginais.
Também é protocolo não dar banho no bebê nas primeiras seis horas, porque conforme o Ministério da Saúde a camada esbranquiçada que eles têm ao nascer trata-se de uma proteção biológica. Além disso, o bebê é pesado e medido. Ainda no Hospital, o bebê faz o teste do olhinho, do coraçãozinho e da orelhinha. O teste do pezinho, como é realizado entre o terceiro e quinto dia de vida do bebê, é feito nas unidades de saúde. Tanto a Certidão de Nascimento como o Cartão SUS do bebê também são feitos dentro do Hospital e no dia da alta hospitalar a mãe já sai com consulta agendada para em 30 dias levar o recém-nascido para revisão médica em sua Unidade de Saúde.
É possível acompanhar o parto?
Sim. O acompanhante de escolha da paciente estará sempre junto. Exceto quando a paciente é menor de idade e não é casada. Neste caso, a acompanhante será a mãe, que é a responsável legal. Quem estiver acompanhando o trabalho de parto deve ficar sempre ao lado da paciente, respeitando a individualidade das outras pacientes no Centro Obstétrico.
O que levar para a Maternidade?
Carteira da gestante, RG ou documento com foto (serve Carteira de Trabalho), exames de imagem e de sangue (se tiver), a carteira de vacinação (caso as vacinas não estiverem registradas na Carteira de Gestante) e o Cartão SUS (não se esqueça de manter o endereço atualizado).
Quanto ao enxoval, pense sempre em duas sacolas:
Para a mãe – duas camisolas com abertura ou botões na frente, chambre (se quiser), quatro jogos de calcinha e sutiã, pantufas (se quiser), chinelo (essencial para a hora do banho), meias, higiene pessoal (escovas de cabelo e dente, shampoo, pasta de dente, sabonete, absorventes de preferência noturnos e toalha).
Para o bebê – tip-top, calça com pé mijão, blusa manga longa (totalizando seis trocas de roupas), mais meia, sapatinho. Também é necessário trazer sabonete, fralda descartável, escova para cabelo, toalha, enxugadores (pano de boca), cueiro e acrescente manta com a chegada do inverno.