O ganho de peso, bem como a obesidade, são condições atreladas a diversos fatores que vão além da alimentação. O nutricionista do Vigilantes do Peso, Matheus Motta, elenca fatores genéticos, psicológicos, emocionais, sociais e do ambiente em que vive como causadores do sobrepeso, além de dificultarem o emagrecimento. “É muito comum que os pacientes estejam expostos a mais de um desses fatores e sofram com essa dificuldade, o que pode fazer com que busquem por dietas da moda, sem indicação e acompanhamento de um especialista”, explica.
“A oscilação do peso, chamada popularmente de Efeito Sanfona, não só é ruim para o bem-estar, mas é comprovada cientificamente como um dos fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e do diabetes tipo 2”. De acordo com um estudo conduzido por 16 anos com 3.678 participantes e publicado no Journal of Clinical Endocrinology e Metabolism, a flutuação do peso corporal está associada ao risco de desenvolver diabetes e eventos cardiovasculares.
De acordo com Matheus, “geralmente, a recuperação do peso está relacionada a dietas restritivas porque, durante esse período, o indivíduo não assimilou hábitos saudáveis”. Ao finalizar a dieta, é retomado o consumo de alimentos calóricos e ultra processados em grande quantidade. Para fugir das ciladas, confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre as dietas da moda:
Glúten Free
Com a ascensão da doença celíaca – reação imunológica ao glúten –, a exclusão de alimentos que contêm a proteína foi amplamente relacionada ao emagrecimento. “Apesar de ajudar a eliminar alguns quilos no primeiro momento – devido ao corte instintivo de alimentos ricos em carboidratos como pães, massas, bolos – não é uma dieta que visa o emagrecimento e por isso, a longo prazo não é eficiente para a perda de peso. É comum a substituição por produtos “glúten free” que possuem a mesma quantidade de carboidratos, mas de fontes diferentes do trigo, por exemplo” comenta Matheus.
Jejum intermitente
Presente em diversas dietas, o jejum intermitente consiste em incluir períodos de 12 h até 24 horas seguidas sem se alimentar. Essa prática pode ser ruim pois, além de causar mal-estar físico acompanhado de tontura, dor de cabeça e desmaios, aumenta a chance de exagerar na quantidade e escolher opções menos saudáveis nas próximas refeições. Todo esse ciclo pode gerar ainda um comportamento compulsivo.
Low carb
“Excluir essa classe de alimentos é um clássico das dietas da moda. Dietas low-carb devem ser feitas com acompanhamento de um especialista, pois restringem o consumo de carboidratos, principal fonte de energia de nossas células. Restrições desse tipo podem causar dor de cabeça, tontura, desmaios, mudanças de humor, constipação. O consumo de carboidratos não está relacionado ao ganho de peso – a OMS indica um consumo de 45-65% das calorias da dieta sejam provenientes dos carboidratos – normalmente esse se deve a quantidade ingerida”, explica o especialista.
Cetogênica
A dieta cetogênica consiste em um plano alimentar ultra low-carb associado a um consumo alto de gorduras e moderado de proteínas. Por ser complexa, é importante que tenha acompanhamento do especialista. “Manter uma dieta rica em gorduras e com poucos carboidratos é bem difícil a longo prazo. Carboidratos não são encontrados apenas em pães e massas, mas em frutas e verduras que trazem vitaminas e minerais, além de fibras. Um dos efeitos colaterais da dieta cetogênica é a constipação, justamente pela falta de fibra alimentar nessa dieta. Outro fator importante é o aumento do consumo de gordura saturada, que está relacionada ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.”
Substituição de refeições
A substituição de refeições por shakes e suplementos também é outra prática comum, mas uma alimentação equilibrada requer refeições completas compostas por alimentos frescos, sempre levando em consideração o valor nutricional. O consumo desse tipo de produto deve ser avaliado e indicado por um especialista.
Levando em consideração que a obesidade pode ter diversas causas, o mais indicado para o seu tratamento é uma abordagem multiprofissional. Por isso o efeito sanfona é tão comum naqueles que não contam com o apoio necessário. “A alimentação é importante, mas não é a única resposta. Tanto a atividade física quanto a mentalidade (e, em certos casos, uma orientação psicológica também) são necessárias para buscar o objetivo do emagrecimento de forma saudável e duradoura”, reforça Matheus.