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Alunos dos cursos de Gastronomia e Pedagogia promovem evento na Unisinos

A arte de misturar sabores e sensações no ‘Passaporte Cultural: degustando os sabores e saberes da cultura surda’

Nesta segunda-feira, 24/6, uma atividade prática uniu estudantes de Gastronomia e Pedagogia da Unisinos na Claraboia da Biblioteca no Campus São Leopoldo. O evento ‘Passaporte Cultural: degustando os sabores e saberes da cultura surda’ integrou as disciplinas de Cultura Surda e Libras II, do curso de Pedagogia, e Experiência 5: Simulação de Eventos, da graduação em Gastronomia.

A ação consistiu em um coquetel volante planejado em parceria entre as turmas. Os alunos da Gastronomia criaram o menu, com base na culinária brasileira, enquanto os estudantes da Pedagogia, inspirados na Cultura Surda, idealizaram as atividades culturais que compuseram as ilhas temáticas do evento. Cada convidado, ao chegar no local, recebeu um passaporte. Com o documento em mãos, os participantes puderam degustar os sabores apresentados no menu e vivenciar as ilhas temáticas, criadas a partir da Cultura Surda.

Quatro paradas fizeram parte do roteiro. A primeira apresentou a história da educação de surdos e a linguagem de sinais nos diferentes países; A segunda ilha trouxe o aprendizado libras português; A terceira apresentou as pesquisas do PPG em Linguística e o aprendizado de inglês para surdos, com o nome de práticas bilíngues; A quarta e última ilha mostrou projetos interdisciplinares do PPG em Educação da Unisinos em parceria com escolas da região.

O trabalho em equipe trouxe uma vivência diferenciada para os estudantes. Aluna do 7º semestre de Pedagogia, Carine Freitas, contou como surgiu a ideia de unir os dois cursos e como aconteceu essa interação. “A iniciativa dessa parceria foi das professoras. A partir desse momento, as turmas se reuniram para trocar informações. A nossa turma passou referências de autores da cultura surda e que tinham ligação histórica com o tema para os colegas da Gastronomia”, explicou.

A professora da Atividade Acadêmica Cultura Surda e Libras II, Juliana Chaves, lembrou que há algum tempo já tem feito trabalhos que favorecem as práticas interprofissionais. “A missão desse evento é pensarmos no que podemos trazer para proporcionarmos uma imersão na Cultura Surda. Quisemos trazer a inclusão para o evento, com a presença de associações, pesquisadores, escolas de surdos e com a criação das quatro ilhas temáticas”, afirmou.

Para o aluno do 5º semestre de Gastronomia Darlan Bertollo o desafio foi duplo: fazer um evento com outra turma e com uma temática tão especial. “Incluir pessoas e elaborar um cardápio foi desafiador. Tentamos nos colocar no lugar do outro, pensar no que o surdo sente quando mastiga algo crocante? A gente quis trazer sensações para o cardápio”, contou.

Sarah Almeida, professora da Atividade Acadêmica Experiência 5: Simulação de Eventos e uma das coordenadoras do curso de Gastronomia explicou que os estudantes seguiram algumas regras para construção do cardápio e tiveram como base a cultura brasileira. Além disso, usaram como inspiração personalidades da Cultura Surda. “É fácil falar sobre inclusão, mas é preciso fazer essa inclusão virar realidade. Sempre que a gente trabalha com esse tipo de questão, os alunos acabam sendo tocados e se envolvem mais”, destacou.

Conforme explicado por Sarah, todos os pratos preparados pelos estudantes tiveram alguma referência da Cultura Surda. Como parte do menu da noite, entre outras preparações, os futuros chefes trouxeram dadinhos de tapioca, subproduto da mandioca e de origem indígena, em homenageia Shirley Vilhalva, pesquisadora da língua de sinais indígena. Outra preparação apresentada foi o miniempadão goiano vegetariano, inspirado na tradicional preparação do centro-oeste. Nelson Pimenta, ator surdo nascido em Brasília, foi a referência para o prato.

Albina Carlesso veio prestigiar o evento a convite de uma colega do curso de Pedagogia. “Ficamos muito animadas com o cardápio apresentado. Saborear exige sensibilidade”, afirmou. Outra participante que gostou muito do coquetel foi Jéssica Scholtz. “Eu nunca imaginei essa combinação, mas está sendo muito interessante”, enfatizou.

O projeto teve como objetivo reforçar a importância da acessibilidade e da inclusão. O evento, além de saboroso, também foi marcado pela solidariedade. Todo o lucro foi revertido em doação para a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos FENEIS/RS, que é parceira da Universidade.

 

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