Homens também desenvolvem câncer de mama
Outubro é o mês de conscientização sobre o câncer de mama e, enquanto há diversas ações para mostrar às mulheres a importância da prevenção, pouco se discute a respeito da incidência da doenças nos homens. “O câncer de mama masculino é pouco divulgado e mundialmente não é dada a devida importância ao assunto. Por isso, os diagnósticos acabam sendo tardios”, comenta Sérgio Mendes, mastologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo . Uma das consequências disso, diz o médico, é que muitas vezes os homens só descobrem o tumor quando já há metástase, tornando a cura bem mais difícil.
Estima-se que apenas um a cada cem mil homens terá câncer de mama e a maior incidência é registrada por volta dos 67 anos. Alguns dos sintomas são presença de nódulo, secreção e retração da pele ao redor dos mamilos. “Diferentemente da mulher, um homem tende a perceber um tumor pequeno muito mais cedo por geralmente ter menos tecido mamário do que uma mulher”, explica o mastologista. Por isso, lembra ele, os médicos devem ficar atentos ao receber pacientes do sexo masculino com queixa de anormalidades nas mamas. “Quando o diagnóstico ocorre rapidamente e o paciente é tratado na fase inicial, as chances de cura podem chegar a 90%”, informa o especialista.
Homens com câncer de mama geralmente trazem um histórico familiar da doença. Outros possíveis fatores de risco são insuficiência hepática, alcoolismo, doenças endêmicas, tratamentos tumorais prolongados (tumores de testículo e próstata), obesidade e o crescimento anormal das mamas, conhecida como ginecomastia. Ao investigar a histologia do câncer de mama masculino, percebe-se que a origem do tumor é a mesma encontrada em mulheres, sendo que o tipo mais comum é o ductal, que tem origem nos dutos de leite, enquanto poucos casos relatados serão lobulares, procedentes do local onde o leite é produzido.
O médico destaca ainda que, assim como em mulheres, o diagnóstico em homens é feito por meio de exame clínico, ultrassonografia de mamas, mamografia e biópsia da lesão. Todo o tratamento e prognóstico segue por uma avaliação do tamanho do tumor, comprometimento de gânglios da axila e avaliação do painel imuno-histoquímico dos tecidos do paciente para identificar as características moleculares da doença e oferecer um tratamento individualizado e preciso.
Atualmente há novas pesquisas na abordagem da doença que terão forte influência no tratamento. “Os estudos em epidemiologia, clínica, patologia, genética e marcadores moleculares trarão melhor sucesso em sobrevida para os pacientes”. Uma das descobertas mais importantes diz respeito ao câncer e etnia. Já se sabe que a predição de câncer de mama masculino sofre influência da raça e isso interferirá na sobrevida. “Entre os homens negros, o câncer de mama é mais agressivo e, por isso, eles têm o pior prognostico”, conclui o médico.