“O PIB do terceiro trimestre de 2019 cresceu 0,6% frente o segundo trimestre e 1,2% frente ao mesmo trimestre do ano anterior. Desta forma acumula crescimento de 1,0% nos últimos quatro trimestres. O resultado veio acima do esperado por nós na margem (0,3%) e pelo mercado (0,4%). O melhor resultado do PIB frente ao esperado é devido a retomada da demanda doméstica privada (consumo das famílias e investimentos) apesar do desempenho fraco do consumo do governo e do setor externo.
Considerando a surpresa com o resultado do terceiro trimestre, os melhores dados de atividade já conhecidos do quarto trimestre, efeitos exógenos (como FGTS) e nossos modelos de projeção revisamos nossa expectativa de crescimento do PIB de 2019 para 1,2%, de 0,9%, e de 2020 para 2,1%, de 1,8%. Vale ressaltar, que apesar da nítida melhora da tendência da atividade econômica na margem, o destaque nos próximos trimestres estará centrada no consumo das famílias impulsionado pelo saque do FGTS, o que deverá resultar em ritmo de crescimento na margem maior no 4T19 e no 1T20 frente aos trimestres adiante.
Em relação ao cenário inflacionário, o impacto do melhor cenário de atividade econômica é relativamente marginal pois o hiato permanece bastante aberto. Entretanto, a retomada da atividade econômica de forma mais clara na margem reduz a urgência de estímulos monetários adicionais. Tendo em vista o choque de preços de proteínas que tem ocorrido, a desvalorização do real, a retomada da atividade econômica, o estímulo monetário já dado e o baixo patamar da taxa SELIC cresce a probabilidade do Banco Central do Brasil encerrar o ciclo de cortes já na reunião de dezembro”, conclui o economista chefe da Daycoval Asset Management, Rafael Cardoso.