Acidentes domésticos mais comuns com as crianças no verão
Os meses de dezembro e janeiro, graças ao verão e às férias escolares, são ainda mais esperados pelos pequenos, que aproveitam a época para extrapolar nas atividades e brincadeiras.
Aos pais, no entanto, resta redobrar a atenção, e algumas dicas podem ser especialmente úteis para aqueles que desejam passar pelas férias sem incidentes. Entre os acidentes domésticos mais comuns durante o período estão queimaduras, picadas de insetos e fraturas, com maior incidência em crianças de 3 a 12 anos.
A professora Ariadne da Silva Fonseca, gerente do Centro de Simulação e Pesquisa da Rede São Camilo, de São Paulo, destaca que, em todos estes casos, antes de qualquer indicação de tratamento, os médicos avaliam a extensão e a gravidade do incidente.
No caso das queimaduras leves, de acordo com a especialista, basta utilizar água corrente por alguns minutos, não fazendo uso de gelo. Ela destaca que o local não deve ser mexido ou abafado.
Ariadne afirma ainda que, em casos de queimaduras graves, como a de terceiro grau, deve-se procurar um pronto atendimento médico com urgência. E adotar algumas medidas até conseguir ser atendido, como retirar a roupa sobre a área queimada com bastante cuidado (mas sem forçar a remoção, senão o tecido “colado” pode causar danos graves à pele).
A cura de uma queimadura de terceiro grau pode levar muito tempo – meses e até anos, podendo nem haver a regeneração completa de forma espontânea. A cicatrização é desorganizada e pode ser preciso fazer cirurgias de reparação com enxerto de pele retirada de outras regiões do corpo.
Fraturas
No caso de fraturas, Ariadne afirma ser necessário, inicialmente, avaliar o grau, ou seja, se luxou, trincou ou quebrou, entre outras possibilidades, para depois tomar as medidas corretas de imobilização. Ela reitera a necessidade de o local não ser mexido no ato do acidente, levando a pessoa imediatamente ao Pronto Socorro.
Picadas de inseto
Nos casos de uma picada de inseto, o ideal é entrar com medicação, ou seja, um antialérgico, receitado pelo especialista.
No entanto, se o inseto ou artrópode for venenoso, como no caso do escorpião e da aranha, por exemplo, o médico irá avaliar o tratamento mais adequado, acompanhado de medicação por soro. Neste caso, podem ocorrer dificuldades para respirar, além de outros efeitos, e o pronto atendimento é essencial para a identificação e medicação corretas. A especialista recomenda, se possível, que o inseto seja recolhido e levado para identificação e facilitação do tratamento.
Intoxicação e engasgo
Quando pensamos somente nas crianças, a lista de acidentes é acrescida de intoxicação e engasgo. Segundo o Ministério da Saúde, em 2017, 777 crianças de até 14 anos morreram por sufocação. Do total, 581 tinham menos de um ano de idade. A pediatra e chefe do Pronto Socorro da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra. Vivian Pereira, respondeu a perguntas e dúvidas sobre incidentes envolvendo os pequenos. Confira!
Como evitar que as crianças engasguem?
Não oferecendo alimentos redondos e duros, como pipoca, uvas e amendoins. É sempre bom dar os alimentos em pequenos pedaços e ensiná-los a não falar enquanto comem.
E em casos de engasgos durante o sono, como prevenir?
É sempre bom usar os berços certificados pelo Inmetro e que seguem as normas de segurança da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). É importante que as grades do berço não tenham uma distância entre elas maior que seis centímetros. Aconselho, também, os pais a não deixarem nenhum objeto no berço para evitar asfixia, assim como evitar que os bebês durmam na mesma cama que eles.
Qual cuidado os pais têm que ter com a intoxicação nos seus bebês?
As crianças são mais comumente intoxicadas por medicamentos, produtos de limpeza, inseticidas e bebidas alcoólicas. Por isso, não devem misturar produtos químicos ou de limpeza de diferentes marcas e deve-se evitar a utilização dos produtos de limpeza sem garantia de segurança. Evitar trocar as embalagens dos produtos para que não haja confusão ao oferecer o mesmo para a criança também é uma forma de prevenção.
As tintas da residência e dos móveis não podem conter substâncias tóxicas, como chumbo e monóxido de carbono, que podem trazer malefícios à saúde. Em situação de intoxicação por algum produto, é necessário levar a embalagem para o serviço de saúde que fará o atendimento. E o mais importante: não medique a criança sem orientação médica.
Quais as dicas para uma alimentação leve e balanceada?
É importante estabelecer uma rotina de horários para acordar, fazer as refeições, brincar e dormir. O café da manhã deve conter cereais, sucos ou pedaços de frutas. Lembrando o quanto é importante a hidratação nesta estação e em todas do ano, água e sucos de frutas, se possível sem açúcar, devem fazer parte constante do dia. A preferência nos dias quentes é para alimentos leves, evitando frituras, cozidos, refogados e assados. Deve-se evitar também comidas com muita caloria.
As gorduras não devem ultrapassar os 30% de consumo diário recomendado para uma criança. Se a refeição for com alimentos mais pesados, deve ser respeitado o período de digestão, aguardando pelo menos uma hora e meia ou duas depois de comer para liberara a criança para o banho ou para refrescar-se na praia ou na piscina. No momento da digestão, há maior concentração de circulação sanguínea no trato digestivo. Com isso, em caso de uma paralisação de digestão, há a possibilidade de dor abdominal, náuseas, vômitos e até de perda da consciência.