Com a orientação da comunidade científica e do governo municipal ao isolamento social, a fim de evitar a propagação do novo coronavírus na cidade, as aulas na rede municipal de ensino foram suspensas, bem como projetos extracurriculares da Prefeitura de Pelotas. Entre eles, a Orquestra Estudantil Municipal (OEM) que, desde maio de 2018, coleciona histórias de jovens talentos pelotenses revelados e aprimorados na música erudita.
A partir da nova realidade, a coordenadora da iniciativa da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), Lys Ferreira, precisou adaptar a rotina de aprendizado e ensaios da turma, formada por cerca de 60 crianças e adolescentes. A professora aproveitou um dos canais de comunicação da turma – o WhasApp – para transformá-lo em uma sala de aula virtual, com o envio de conteúdos teóricos, explicações e orientações sobre cada instrumento trabalhado na Orquestra, como violino, contrabaixo, teclado, violão e flauta doce – boa parte dos equipamentos são emprestados pelo Município.
Além do desafio das aulas a distância, também o da chegada de 15 novos alunos, conta Lys.
“Temos o cuidado de explicar tudo do zero como precisa ser, cada parte técnica e teórica para os recém-chegados conseguirem acompanhar. Os alunos mais antigos, que já têm experiência, ajudam a responder e auxiliam uns aos outros”, explica.
Exercício também para a mente
A professora lembra que a reinvenção no formato das aulas é bastante necessária não somente para dar continuidade ao aprendizado musical, mas também para o psicológico dos jovens. “Eles escolheram a música como atividade extracurricular porque isso faz parte da voz interna e da habilidade artística de cada um deles”, comenta.
Entre os alunos, o sentimento é de compreensão pelo momento vivenciado pelo mundo e de esperança para que, em breve, possam estar todos reunidos novamente. Talita, de 15 anos, violinista e estudante do Colégio Pelotense, diz que, apesar de sentir falta dos amigos, entende que o isolamento neste momento é necessário e as aulas são importantes para manter o vínculo com os colegas.
Érica, de 13 anos, aluna da escola municipal Nossa Senhora de Lourdes, acredita que a música – motivo pelo qual estão unidos no projeto – vai mantê-los motivados neste período.
“Sinto muita falta das aulas presenciais, mas sei que agora é importante ficarmos em casa e continuarmos o aprendizado com as aulas online”, opina Ester, de 10 anos.
Pedro, 13, Gabriela, 10, e Maria Eduarda, 15, também estão confiantes no modelo adaptado das aulas e esperam que logo possam se reencontrar com a turma. “Acho que, quando tudo isso passar, voltaremos com mais força para as aulas”, aposta o menino. A pequena Rafaela, 10, que toca flauta doce e flauta transversal, vê nas aulas virtuais uma boa oportunidade para desenvolver suas habilidades.
“Podemos ajudar ficando em casa, não criando aglomerações e aprender”, conclui a aluna.