O setor de moda foi um dos que mais sofreu com a pandemia do novo coronavírus. As quedas de faturamento, segundo pesquisa do Sebrae com a FGV, chegaram a 77% em abril e 67% em maio. Para auxiliar a cadeia produtiva do setor durante esse período, o Sebrae fechou uma parceria com as Lojas Renner para fornecer consultorias sobre gestão financeira e gerenciamento de crise para mais de 200 pequenos negócios brasileiros.
As consultorias estão sendo oferecidas às empresas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que produzem peças para fornecedores da varejista de roupas. Ao todo, a consultoria dura dois meses com encontros semanais online pensados para atender a realidade de cada empresa. Serão 12 horas de atendimento com consultores do Sebrae sobre três temas: gestão financeira, linhas de crédito disponíveis no mercado e ferramentas para enfrentar a pandemia.
Em Santa Catarina, uma pesquisa feita pelo Sebrae/SC em março de 2020 identificou que 64% das empresas não haviam feito um levantamento dos impactos da crise para os seus negócios e as áreas que demandavam de suporte e orientações concentravam-se em finanças; medidas de suporte adotadas pelo governo; linhas de crédito e questões trabalhistas. A pesquisa foi realizada com 100 empresas participantes do projeto de Encadeamento Produtivo da parceria Sebrae e Renner.
De acordo com dados do Observatório da FIESC, o segmento industrial têxtil é o que mais emprega em Santa Catarina e o segundo em número de estabelecimentos dentre os 15 principais setores da economia industrial catarinense. O estado conta com 9.042 empreendimentos, dos quais 96,5% são micro e pequenas empresas que juntos empregam 30,9% dos trabalhadores do setor, o que representa cerca de 50 mil postos de trabalho.
A campanha Sebrae e Renner juntos pelos pequenos negócios está atendendo 85 empresas em Santa Catarina gerando impacto em aproximadamente 2000 empregos diretos. De acordo com o diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro, este momento é fundamental para garantir assistência a essas empresas para que elas se mantenham ativas e competitivas. “Ninguém esperava uma crise como essa e muitas empresas não estavam preparadas. Estamos somando esforços para garantir apoio aos pequenos negócios para que se mantenham ativos, produtivos e competitivos. Precisamos garantir a sobrevivência das empresas do setor têxtil catarinense, tão importante para o desenvolvimento da nossa economia”, comenta.
A empresária Kalinka Gielow, proprietária da Zairon Indústria de confecções, localizada em Blumenau e uma das contempladas com as consultorias celebra a iniciativa. “É uma grande oportunidade poder contar com o Sebrae e a Renner em um planejamento de gestão de crises. Não basta ter experiência na profissão e nessa consultoria ganharemos um pacote completo”.
Para Wilson Correia, dono da empresa WE Confecções, de Indaial, que atua há 11 anos no mercado, o suporte oferecido pelo Sebrae e Renner estão sendo “cruciais” para a perenidade do negócio. “Eu já havia demitido alguns funcionários e estava praticamente fechando as portas. A notícia do suporte financeiro do fundo da Renner e o apoio das consultorias do Sebrae é um fator crucial para manter o nosso negócio”.
O diretor de produto das Lojas Renner, Henry Costa, afirma que A Rennner depende das pequenas empresas. “Quase 70% do que a gente vende é da produção local, fabricado no Brasil, por isso precisamos tanto apoiar os empreendedores e cooperativas de costura e preservá-los para manter nossa cadeia interna viva”, afirma Costa.
A varejista reconhece a importância dos parceiros e trabalha desde 2017 junto ao Sebrae para proporcionar a profissionalização da cadeia produtiva. Até hoje, mais de 200 pequenas empresas passaram pelo processo de qualificação empresarial oferecido pela parceria, resultando em um aumento de 23% na produtividade e de 55% na competitividade dos negócios.
A Renner também fez um fundo de 1,5 milhão de reais para ajudar 75 pequenas empresas de confecção. Além disso, a empresa manteve a maior parte dos prazos de pagamento acordados previamente com os fornecedores e não postergou pedidos por causa da pandemia.