Hospital Pronto Socorro de Canoas promove visitas virtuais a UTIs
Serviço ainda presta apoio psicológico às famílias
Por conta da pandemia do novo coronavírus, a adoção de novas tecnologias torna-se indispensável em diferentes espaços para aproximar as pessoas e reduzir os impactos provocados pelo distanciamento social. Em Canoas, o Hospital de Pronto Socorro (HPSC), referência em trauma para 137 municípios, aderiu às chamadas de vídeo como meio de manter as visitas de familiares aos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A iniciativa é realizada por profissionais do Serviço de Psicologia e visa, ainda, o equilíbrio emocional de quem se encontra em um momento de tamanha fragilidade.
“Ela é tudo para mim. Por mais que a situação seja grave, ver com meus próprios olhos que minha mãe está sendo bem cuidada alivia um pouco a saudade e me conforta”, relata a moradora do bairro Santo Operário, Elisângela Maria da Silva. Devido à proximidade de sua casa com o hospital, além de acompanhar o quadro clínico da paciente por telefone, ela agenda uma ou duas visitas por semana. A canoense avalia como positivo o suporte psicológico oferecido pela equipe durante os encontros virtuais. “As gurias são muito prestativas, atenciosas e isso faz toda a diferença para a gente que sente um vazio com a ausência de minha mãe”, conclui.
De acordo com a psicóloga e uma das idealizadoras do serviço, Carla Joseane Branco, as visitas foram amplamente aceitas pela instituição e são um sucesso por reduzir o sofrimento emocional do público. Afinal, trata-se de uma oportunidade para enviar mensagens e afetos a quem está batalhando pela vida. “Naturalmente, estar longe de quem se ama gera ansiedade, angústia e, se não tratarmos com cuidado, pode ocasionar um trauma psíquico. Nós trabalhamos para que o familiar saia daqui com a certeza de que seu amor está sendo tratado e recebendo o melhor cuidado possível da equipe”, revela.
Os benefícios da iniciativa não são sentidos apenas pelos cidadãos que realizam a visita. Para a coordenadora das UTIs, Caroline Salim Schneider, os médicos se sentem realizados a partir da utilização da tecnologia, uma vez que o simples contato telefônico não permite que o estado clínico do enfermo seja informado de modo acolhedor. “Falar de um paciente em estado grave para a família acaba sendo um trabalho duro para a equipe, que já possui uma rotina intensa. Então, o auxílio da psicologia torna confortável nosso trabalho ao realizarmos as visitas virtuais”, explica. Segundo a médica, após a pandemia, o projeto que tem apoio do departamento jurídico do hospital deve continuar em virtude dos resultados obtidos.
Como as visitas ocorrem
O fluxograma das visitas virtuais inicia com a coordenação das UTIs que lista as internações em uma planilha e a remete ao Serviço de Psicologia. A psicóloga realiza o contato telefônico com o responsável e agenda o encontro virtual. O interessado se desloca até a sala de psicologia no hospital, onde faz a videochamada com suporte emocional do psicólogo, considerando a singularidade do adoecimento do paciente e da estabilidade emocional do familiar no momento da visita.