Cardioneuroablaçao foi realizada no Centro Internacional de Arritmias – Instituto J. Brugada, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Procedimento pode eliminar a necessidade de implante de marcapasso em portadores de arritmias cardíacas.
Um homem de 40 anos, com síncopes recorrentes, foi a primeira pessoa da região Sul do país submetido a uma cardioneuroablação, procedimento que se define como uma ablação (cauterização feita através de cateteres ultrafinos) de gânglios parassimpáticos localizados em regiões específicas dos átrios do coração, visando aumentar a frequência cardíaca. Diferente da ablação convencional, que normalmente tem como objetivo “queimar” circuitos específicos dentro do coração que causam taquicardia, a cardioneuroablação não trata especificamente taquicardias, e sim, modula (gera uma nova programação), evitando bradicardia (quando o coração faz pausas ou bate mais devagar) em pacientes com sintomas de desmaios frequentes, podendo evitar, naquele momento, o implante do marcapasso. É importante destacar, entretanto, que, mesmo diante desse procedimento, há muitos casos em que o marcapasso é indicado e se faz absolutamente necessário.
De acordo com o cardiologista especialista em arritmias cardíacas, Carlos Kalil, o procedimento realizado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre abre a possibilidade de evitar marcapasso em algumas situações, principalmente em jovens com síncopes graves e de repetição por quadros vagais. “Quadros vagais são episódios de perda transitória da consciência, conhecido como desmaio, provocadas pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago, localizado na região da nuca”, informa o coordenador do Centro Internacional de Arritmias – Instituto J. Brugada.
A técnica utilizada foi uma ablação muito semelhante a outra comumente empregada para o tratamento das arritmias, o mapeamento eletroanatômico 3D. “Mas, neste procedimento, abordamos especificamente esses gânglios no coração – nas ablações habituais normalmente o foco é nos átrios ou ventrículos. Esses gânglios foram acessados por mapeamento em 3D e realizamos uma serie de cauterizações ao redor deles, afim de obtermos o resultado esperado, que é o aumento da frequência cardíaca. A resposta é imediata durante o procedimento”, explica Kalil. Onde a frequência cardíaca basal básica é de 50 batimentos por minuto, espera-se uma resposta de no mínimo 30% de aumento durante o procedimento: “Com isso, o coração fica nesta nova “programação”, ou seja, mais resistente a eventuais quedas da frequência cardíaca”.
O paciente que foi submetido à primeira cardioneuroablação do Sul do país no final do mês de julho, passa bem e teve alta após dois dias de internação hospitalar.