Animais de hábitos de deslocamento sazonal como os morcegos, que haviam partido em março, retornam a Porto Alegre em agosto. A bíóloga Soraya Ribeiro, chefe da Equipe de Faunas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams), alerta sobre a importância de se preservar esses animais que, ao contrário do que muitos imaginam, são importantes para o bem-estar humano.
Em Porto Alegre convivem cerca de 21 das 178 espécies de morcegos que se encontram no Brasil. Dessas, apenas três se alimentam de sangue. Esses animais mamíferos, de hábitos noturnos, sãos responsáveis pelo consumo de toneladas de insetos todas as noites. A bióloga explica que, diante disso, muitas pessoas que já reconhecem esses benefícios permitem que os morcegos permaneçam em seus forros durante o verão. “Se não nos visitassem neste período, enfrentaríamos uma superpopulação de insetos, ameaçando com doenças como chagas, leishmanioses e dengue, além de provocarem o aumento no uso de inseticidas que contaminam o ambiente”, avalia.
Morcegos são animais silvestres que existem em todas as partes do mundo, exceto nos pólos, e por sua importância no equilíbrio da natureza, muitas nações já os reconhecem como fundamentais no controle de pragas agrícolas e insetos em zonas urbanas. São centenas de espécies, com hábitos alimentares diversos, entre frutas, insetos, carne, sangue, peixe e néctar.
Polinização – A bióloga destaca que diversas espécies vegetais – flores e frutos – também necessitam destes animais para se reproduzirem. Plantações de banana, manga e maracujá são apenas algumas que contam com a visita dos morcegos. O agave-azul, de onde se produz a tequila no México, atividade econômica que mantém muitas comunidades, só existe pela ação dos morcegos na polinização.
Draculina – Da saliva de uma espécie de morcego hematófago também é produzida a enzima anti-coagulante draculina. “Sua utilização tem servido para o desenvolvimento de medicamentos para reverter casos de trombose e outros problemas de saúde de pessoas que sofreram acidentes vasculares”, explica a bióloga.