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Inverno é a estação da safra alternativa no RS e em SC

Reunião no Palácio Piratini contou com a participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, do governador em exercício, Ernani Polo, e do ex-ministro Francisco Turra

Ampliar a produção agropecuária, agregar valor e melhorar a receita e a economia gaúcha e catarinense. Este é o desafio da agricultura dos dois estados do Sul do país para o inverno. Nesta terça-feira, autoridades, entidades, líderes e representantes da cadeia produtiva reuniram-se no Palácio Piratini para tratar do tema. Ladeado por dois ex-ministros, Francisco Turra, líder do movimento, e Odacir Klein, o governador em exercício, Ernani Polo, coordenou a reunião, que teve a participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O grupo incentiva a produção de culturas alternativas de inverno — como aveia, cevada e trigo — para uma safra alternativa e adicional no RS e em SC.

Representando quase 50% da economia do Estado, o agronegócio cumpre papel fundamental em uma missão da qual o Brasil faz parte. “Até 2050 precisamos dobrar a produção de alimentos no mundo, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura),” afirmou Turra, que também é presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ainda, segundo o ex-ministro, a proteína animal deve responder a 40% desse total. No Brasil, maior fornecedor de carne de frango do mundo, as exportações gaúchas representam US$ 1,5 bilhão, segundo dados da ABPA. O número é considerado baixo, se for levado em conta dados do abate de aves e suínos nos três estados do Sul. O Paraná está na liderança, especialmente em relação aos últimos 15 anos, em razão da terceira safra do grão.

A segunda safra seguida com quebra na produção de milho do Rio Grande do Sul em razão da estiagem é mais um incentivo para busca de cereais alternativos, que contam com tecnologia da Embrapa. Aveia, cevada e trigo surgem como opções para a ampliação da área cultivada. A indústria, com nomes como BRF e JBS, e cooperativas como a Aurora, sinalizam para a compra da produção futura dos grãos. Há crédito disponível em instituições financeiras públicas. “Além de tudo isso, temos solo riquíssimo, reservatório aquífero abundante e força de trabalho — todas as condições para correspondermos. Enquanto nosso país se prepara para ter três safras por ano, consorciado com florestas, temos uma safra no RS. Temos a chance de mudar conceitos e acreditar nas oportunidades,” incentivou Turra.

Apoio institucional

Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina participou da reunião virtualmente, direto de Brasília. Ela destacou a iniciativa liderada por Turra e incentivou a produção nacional de grãos. “Temos as condições de suprirmos a demanda, além de agregar valor ao nosso produto. É preciso industrializar a produção agrícola,” afirmou. Tereza Cristina colocou ministério e Embrapa à disposição do Estado para que seja possível a produção de, no mínimo, duas culturas por ano. “O RS não pode depender da importação de insumos para a produção de carnes, que tem uma demanda mundial aquecida, dólar favorecendo a comercialização e qualidade comprovada,” completou.

Para o governador em exercício, Ernani Polo, a otimização das culturas de inverno é fundamental para ampliar a produção agropecuária. “Temos um potencial expressivo, especialmente na proteína animal, e a demanda deve aumentar quando, em seguida, formos reconhecidos como Estado livre de aftosa e abrirmos as portas para exportação. No entanto, os produtores têm dificuldade para alimentar os animais. E cabe ao Estado ser o articulador deste processo de incentivo às culturas de inverno com as instituições financeiras, os setores produtivos e as entidades para que possamos avançar”, pontuou. O ex-ministro dos Transportes Odacir Klein, que por três vezes comandou a Pasta da Agricultura no Rio Grande do Sul, colocou-se à disposição para ajudar nesta missão.

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, falou da importância do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina no cenário nacional. “O Brasil aproveitou oportunidades e se tornou o maior exportador mundial de frango, graças à contribuição dos estados do Sul do país. Aumentamos nossa competitividade e, sobretudo, a qualidade do que produzimos. Com o apoio das entidades, da indústria, da Embrapa e de movimentos como esse, liderado pelo nosso ex-ministro Francisco Turra, vamos rentabilizar o produtor e atender à crescente demanda mundial por alimentos. Os mercados estão abertos para nós,” disse.

Participaram da reunião os deputados estaduais Sérgio Turra, Adolfo Brito, Elton Weber e Zé Nunes e os secretários de Agricultura de Santa Catarina, Ricardo Gouvêa, e adjunto do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Rodriguez Junior. Também estiveram presentes os presidentes do Banrisul, Claudio Coutinho; do Sistema Ocergs-Sescoop, Vergilio Perius; da FecoAgro/RS, Paulo Pires; da Asgav, José Eduardo dos Santos; da Acav, Jorge Luiz de Lima; do Fundesa, Rogério Kerber; da Cotrijal, Nei César Manica; da Emater-RS, Geraldo Sandri; e da ACSURS, Valdecir Folador.

O encontro teve ainda a presença do chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcelos Vieira, e do pesquisador Jorge Lemanski e contou com representantes do Banco do Brasil, BRDE, Badesul, Farsul, Famurs, Fetag-RS, das empresas BRF e JBS e da Aurora.

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