São Leopoldo inaugura memorial em homenagem a José Pedro Boéssio

Novo memorial em homenagem ao maestro José Pedro Boéssio é inaugurado no saguão do Centro Cultural, que leva o mesmo nome do maestro, localizado na Praça da Biblioteca, em São Leopoldo. A cerimônia ocorreu na quinta-feira (28), às 17h e contou com a presença de familiares e amigos do artista.

Fotos: Thales Ferreira/Scom/PMSL

“Demos o nome de José Pedro Boéssio ao Centro Cultural em 2008 quando reinauguramos o teatro, que era uma antiga biblioteca. Porém, até hoje a população chama esse espaço de biblioteca pública. Para fazermos com que todos chamem o espaço pelo nome, que é Centro Cultural José Pedro Boéssio, nós precisamos contar quem foi o maestro. Por esse motivo, criamos esse memorial”, explica o Secretário de Cultura e Relações Internacionais, Pedro Vasconcellos.

Estavam presentes na cerimônia, além do secretário da Cultura e de familiares do Zé Pedro, o vice-prefeito Ary Moura, a presidente da Associação Amigos do Centro Cultural José Pedro Boéssio, Elvira Hoffmann, a professora da Unisinos e amiga pessoal do maestro, Lúcia Passos e o regente, também professor da Unisinos e amigo pessoal de Zé Pedro, João Paulo Sefrin.

O maestro faz parte da história artística e cultural do município. Fundador da Orquestra Unisinos, sempre defendeu que a arte precisava ser necessariamente popular e atingir todos os públicos.

O evento foi transmitido na página do Facebook da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais (Secult) com o objetivo de atingir o máximo de pessoas. O discurso do maestro sempre prezou pela democratização do acesso à cultura, por conta dos protocolos de prevenção à Covid-19, a cerimônia não pôde ser aberta ao público.

Vida e obra do maestro

Boéssio nasceu em 16 de fevereiro de 1949, na cidade de Veranópolis/RS. Apesar de ter se formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, decidiu seguir sua caminhada na música, onde se tornou regente e maestro com destaque na área musical e fez da música um instrumento de resistência. O maestro não entendia as barreiras da arte e sempre preservou o diálogo através da música.

José Pedro Boéssio faleceu, precocemente, em um acidente de carro no dia 28 de janeiro de 2001 – exatamente 20 anos atrás. Emocionada, Ana Boéssio, esposa do Zé Pedro, conta que ficou muito feliz de poder voltar ao Centro Cultural, a partir de uma proposta de revitalização de um espaço tão importante para São Leopoldo.

“Eu vejo essa reinauguração como um ato de registro, reconhecimento e respeito ao trabalho que ele desenvolveu principalmente em São Leopoldo. Zé Pedro sempre realizou ações que envolviam a comunidade como um todo, não somente a comunidade artística, mas também o público. Ele sempre prezou por ações que fossem destinadas a todos e não restritas somente ao espaço acadêmico”, conta Ana.

O maestro homenageado possui uma história de reconhecimento nacional. Conhecido por juntar a música erudita com a popular, José Pedro Boéssio fazia mais do que isso: para ele, não havia barreiras entre o popular e o erudito. Ele acreditava que a arte precisa ser democrática e inclusiva. “O Zé Pedro foi uma pessoa que mudou a concepção de canto e coral e até a concepção do trabalho de orquestra. É fundamental resgatarmos essa parte da história. Os novos regentes que estão se formando, estão perdendo de vista as referências dessa histórica recente. Por isso esse resgate se faz tão necessário”, explica o regente João Paulo Sefrin.

Em defesa do livre acesso à arte, o maestro possuía uma essência coletiva. “Havia sempre um diálogo entre as diferentes linguagens estéticas. Isso é algo que marcou muito o trabalho dele. O Centro Cultural José Pedro Boéssio marca o grande sonho dele, que é a democratização ao acesso a cultura e a arte como um todo”, conclui Ana Boéssio.

O artista ficará marcado na memória e no imaginário coletivo por seu importante trabalho para o campo musical no Rio Grande do Sul. “Faremos um ano de homenagens ao José Pedro Boéssio. Pretendemos lançar um documentário, um livro com as partituras, digitalizar todo o acervo do maestro que está em posse da família e da Unisinos. As pessoas precisam conhecer a obra do Zé Pedro. Elas precisam ter contato com a vida desse ser humano que iluminou tanto a cultura e a música de orquestra nacional. José Pedro marcou a música do canto e coral brasileiro e fecharemos esse ano de homenagens ao maestro com um concerto aqui no teatro do Centro Cultural José Pedro Boéssio, com ele já reaberto”, conta o Secretário de Cultura e Relações Internacionais, Pedro Vasconcellos.

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