Estudante de São Leopoldo tem pesquisa aprovada na Febrace

Gabriela Gomes Czewinsk, aluna da Escola Municipal Paul Harris, participa de feira de ciências realizada na USP

A estudante do nono ano da Emef Paul Harris, Gabriela Gomes Czewinski, teve sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia da covid-19 na saúde mental das crianças aprovada na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), uma das maiores feiras do país. Orientada pela professora de Artes Plásticas Renata Schramm Lanfermann, Gabriela representará a Rede Municipal de Ensino de São Leopoldo.

Um movimento nacional de estímulo ao jovem cientista, a Febrace é realizada anualmente na Universidade de São Paulo e conta com pesquisas realizadas por estudantes de todas as idades e regiões do país. Este ano, por conta da pandemia, a feira ocorrerá de forma virtual entre os dias 15 e 27 de março. A programação do evento pode ser conferida em: https://febrace.org.br/programacao/#.YBrqLqQza1t. Além dessa pesquisa realizada na Paul Harris, há mais uma pesquisa feita no município que estará presente na feira, da Escola Técnica Estadual Frederico Guilherme Schmidt. Ao todo, foram 19 pesquisas selecionadas do Rio Grande do Sul.

Desde 2012, as escolas municipais de São Leopoldo realizam projetos de pesquisas e participam de feiras científicas. Esse processo vem numa crescente desde 2017. Lisiani Moraes da Rosa, Coordenadora do Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTM) da Smed explica a importância da Iniciação Científica dentro das escolas. “A proposta de pesquisa dentro do município vem para agregar e incentivar a pesquisa científica dentro das escolas. Cada vez mais se torna importante que o aluno crie hipóteses e investigue, assumindo um protagonismo e tornando-se autor dessas propostas que são os trabalhos de iniciação científica. Nós incentivamos muito isso e, dessa forma, a aprendizagem torna-se mais atrativa e mais significativa”, conta Lisiani.

A partir desse incentivo à pesquisa nasceram diversos projetos, como a Motic São Leo, que em 2020 teve sua edição de forma virtual e alcançou quase 20 mil pessoas nas redes sociais. A Motic é um evento que ocorre de forma anual e incentiva, promove, compartilha e divulga projetos de Iniciação Científica realizados por estudantes e professores das escolas de Ensino Fundamental e Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de São Leopoldo. A VIII Motic, que aconteceu de forma virtual em 2020, contou com oficinas online (matemática, robótica livre, dentre outras), com relatos e discussões pertinentes ao Método Científico, lives com temas transdisciplinares envolvendo os temas de pesquisa e projetos, nas atividades cotidianas dos estudantes e professores.

A escola municipal Paul Harris

O diretor da escola Paul Harris, Ademir Miguel Auler, explica que a escola possui a disciplina de Iniciação Científica. Projeto, este, criado em 2008 e que possui esse nome desde 2011. Todas as quintas-feiras, os alunos do sexto ao nono ano possuem aulas ao longo de todo o período (três horas) destinadas a essa disciplina. “Por meio dessa iniciativa, participamos de diversas feiras nos últimos anos, tanto nacionais quanto internacionais. Fomos ao México, Equador, Paraguai, Recife e Santa Catarina”, relata o diretor. Para realizar essas viagens, a escola contou com o aporte financeiro da Prefeitura de São Leopoldo, que comprou as passagens aéreas para garantir a presença dos estudantes nas Mostras Científicas.

Ademir ressalta a importância da Iniciação Científica desde cedo. “Enquanto equipe diretiva, acreditamos que essas oportunidades são extraordinárias para o futuro de nossos alunos, pois quem vai para uma feira e apresenta sua pesquisa, tem um aprendizado que não é possível mensurar”, explica o diretor, que conclui: “A disciplina de Iniciação Científica prepara nossos alunos para a vida, os torna agentes de seu aprendizado, alunos críticos e proativos”.

Professora de Artes Plásticas da escola e orientadora da pesquisa da Gabriela, Renata Schramm Lanfermann, conta que auxiliou a estudante desde antes da escolha do tema. “Quando a Gabi me procurou para ser orientadora do projeto dela, ela ainda não sabia o que fazer. Eu a orientei que escolhesse um tema atual, talvez algo que envolvesse o que estamos vivendo nessa pandemia. A partir disso, ela me trouxe diversas questões acerca do isolamento social. Então ela trouxe o problema e, a partir disso, nós conseguimos estruturar a pesquisa”, conta Renata.

Gabriela, 15 anos, estudante do nono ano, conta que a sua família sempre incentivou ela na vida acadêmica e, em especial, nas pesquisas. “Minhas irmãs também já estudaram na escola e fizeram pesquisas e participaram de algumas feiras. Todos aqui em casa valorizam muito os projetos porque com ele aprendemos muitas coisas que vão nos auxiliar no futuro”, conta Gabriela.

A estudante escolheu, junto da família, a Escola Paul Harris para fazer o Ensino Fundamental principalmente para ter a oportunidade de trabalhar com pesquisa acadêmica. “Eu fiquei muito feliz e ao mesmo tempo nervosa quando fui aprovada na Febrace, porque essa é uma feira que a nossa escola nunca participou”, conclui.

A pesquisa

O trabalho da Gabriela aborda a saúde mental de crianças e adolescentes que estão em isolamento social. No ano de 2020, as aulas presenciais foram suspensas em decorrência da covid-19. Com isso, a maioria dos estudantes deixou de praticar esportes, ficando mais em casa e aumentando o consumo de conteúdos televisivos e navegando mais na internet, em especial, nas redes sociais. Através dessas plataformas, a estudante observou, junto de sua orientadora, que os programas de televisão, em grande parte do dia, destacam os perigos da covid-19 e o grande número de mortes no Brasil e no mundo. A pesquisa indica que tais fatos podem impactar na saúde mental, provocando transtornos emocionais.

Os dados iniciais analisados pela jovem pesquisadora revelam que os entrevistados aumentaram, em média, mais de 50% do consumo de eletrônicos, sejam eles televisão, celular ou computador, passando de 7h/dia para 10h40/dia. De acordo com os dados apresentados por ela, também houve uma diminuição das atividades físicas durante a pandemia, especialmente antes da retomada das aulas que, em São Leopoldo, ocorreu de forma remota.

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