A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançou oficialmente a Academia ABPA, nesta quarta-feira (24), com palestra da economista e consultora Zeina Latif. Ela abordou as perspectivas para a economia do Brasil e do mundo. O projeto busca oferecer cursos e atividades exclusivas aos associados da cadeia produtiva.
Zeina pontuou os principais desafios que se impõem ao setor em um ambiente pandêmico e no pós-pandemia. Destacou a condução da crise pelo governo brasileiro, a alta do dólar e o movimento no mercado mundial de commodities. Segundo ela, pode-se perceber uma retomada em “V” da economia mundial, com destaque para a China — mais uma vez. “O país conteve o contágio, com políticas muito rápidas e vigorosas de recuperação econômica”, salientou. Com forte injeção de recursos no setor produtivo, o gigante asiático não sofreu fortes prejuízos, o que se comprova com a manutenção no volume de importações. Os preços das commodities deverão se manter, com registros de altas mais moderadas. “A China dará sustentação, ainda que de forma mais moderada. O país está caminhando para um rebalanceamento do seu modelo de crescimento, com estímulo estatal à indústria de tecnologia”, alertou.
Sobre o dólar, Zeina destacou o descolamento do real do cenário internacional, com desvalorização maior frente a outras moedas. “A gente tem o dólar entre R$ 5,00 e R$ 5,50. Era para estar entre R$ 4,20 e 4,30. Essa gordura, esse hiato, mostra que temos problemas internos”, explicou. O Brasil, observou a economista, não soube se preparar para a segunda onda da pandemia. E, mesmo com o sinal de alerta, não cortou despesas para manter o auxílio emergencial a longo prazo. A elevação da taxa de juros por conta da inflação não mudará as perspectivas da economia. “O problema é outro. A má gestão das políticas públicas cobra seu preço e se traduz na alta do dólar. Como o Brasil não tem vacina, terá um quadro recessivo por causa do isolamento e um baixo crescimento após esse período”, destacou.
Contudo, o setor exportador ainda terá força durante a crise — considerando a sustentação dos preços das commodities, a alta do dólar e a priorização das famílias pela alimentação em tempos difíceis. Com um cenário de instabilidade no país por mais algum tempo — e já considerando a possível antecipação da corrida presidencial —, Zeina fez um alerta para quem depende do mercado interno e enfrenta altas históricas nos preços de insumos. “Quando olhamos a abertura do PIB no ano passado, observa-se que, em termos de volume, a participação da agropecuária se manteve. A alta foi de 30% em termos monetários, uma tremenda rentabilidade. Isso significa que houve um movimento muito alto, mas que só vale para o exportador. Por isso, quem trabalha para o mercado interno precisa diversificar para preservar a rentabilidade em momentos difíceis. É um setor interessante porque se vai tudo mal, mas, se o dólar está alto, você consegue se preservar”.
Academia ABPA
A Academia ABPA surgiu a partir dos programas para manter os associados atualizados sobre o mercado nacional e mundial de proteína animal. “Já criamos o Núcleo de Inteligência Competitiva, que foi o primeiro passo para levarmos informações de qualidade aos nossos associados. Seguimos, agora, com a ABPA DATA. Uma ferramenta que vai além das análises conjunturais, dando acesso a cerca de três bilhões de dados para que cada associado possa fazer as avaliações que julgar necessárias para o seu negócio. E, nesse momento, inauguramos essa iniciativa — que vem sendo planejada há alguns anos”, contou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, na abertura do evento.
O ex-ministro Francisco Turra foi um dos criadores do projeto de cursos EAD. “Não é apenas informação, porque a informação está disponível e fácil de levá-la. Mas a análise da informação, que é um avanço importante”, salientou o atual presidente do Conselho Consultivo da entidade.
Sobre a ABPA
A ABPA é a representação político-institucional da avicultura e da suinocultura do Brasil. Congrega centenas de empresas e entidades dos vários elos dos dois setores no país, responsáveis por uma pauta exportadora superior a US$ 8 bilhões. Sob a tutela da ABPA, está a gestão, em parceria com a Apex-Brasil, das quatro marcas setoriais das exportações brasileiras de aves, ovos e suínos: Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Breeders e Brazilian Pork. Por meio de suas marcas setoriais, a ABPA promove ações especiais em mercados-alvo e divulga os diferenciais dos produtos avícolas e suinícolas do Brasil — como a qualidade, o status sanitário e a sustentabilidade da produção – e fomenta novos negócios.
Mariana Trava Dutra
Jornalista
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