A partir da alta de casos positivos de Covid-19, foi detectado um aumento expressivo da carga viral de Sars-CoV-2 nos esgotos e águas superficiais do Rio Grande do Sul entre o final de fevereiro e o início de março. É o que aponta o boletim de monitoramento ambiental do coronavírus, publicado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), um dos 17 órgãos participantes da pesquisa, as amostras coletadas permitem verificar a circulação do vírus nos territórios, mas a presença dele não é motivo para preocupação relacionada ao saneamento, já que o esgoto e a água passam por tratamento. (fotos)
“A água para consumo humano é tratada com agente de desinfecção (cloro) nas seis Estações de Tratamento de Água (ETAs), em um processo que elimina o risco de contaminação. Todos os dias, são realizadas quase 3 mil análises para certificar de que a água entregue aos cidadãos atende aos limites estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Portanto, a água do Dmae é segura e atende aos padrões de potabilidade”, garante o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia.
Além do processo de tratamento de água, o Departamento também possui 10 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), que reduzem em até 80% a carga poluente, em termos de matéria orgânica, e o risco de doenças que poderiam ser transmitidas. Só em 2020, foram tratados 59 milhões de metros cúbicos de esgotos, deixando de contaminar o Lago Guaíba, principal fonte hídrica de Porto Alegre.
Segundo a diretora de Tratamento e Meio Ambiente do Dmae, Joicineli Oliveira Becker, além dos processos de tratamento, também não há evidências científicas de que as águas superficiais contaminadas pelo coronavírus tenham potencial para causar infecções. “Portanto, o monitoramento ambiental é uma ferramenta que auxilia na definição de ações do sistema de saúde para o controle da pandemia, mas não deve gerar preocupações quanto ao consumo de água”, afirma.
Desinfecção
O tratamento de água inclui uma etapa de desinfecção. Nesta etapa é realizada a aplicação de cloro, que promove a inativação de microrganismos que possam existir na água e que poderiam transmitir e provocar diversas doenças. Esta etapa de desinfecção é uma demanda da legislação brasileira vigente, que também exige que seja mantida uma concentração de cloro residual na água ao longo da rede de distribuição por toda a cidade, para evitar sua contaminação e garantir que seja potável e segura para a população.
Estudo
Para o último boletim divulgado foram selecionadas 86 amostras, em 19 pontos de municípios da região metropolitana e do litoral, em estações de bombeamento e de tratamento de esgotos e em arroios. Na Capital, o Dmae realiza coletas semanais e até de hora em hora, por 24 horas, nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Serraria, Navegantes e Sarandi, nas Estações de Bombeamento de Esgoto (EBEs) Restinga, Ponta da Cadeia e Baronesa do Gravataí e na Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) da Vila Minuano (nº 10). As coletas são feitas pela equipe da Gerência de Gestão Ambiental e Tratamento de Esgoto (Gate/Dmae) e as amostras são entregues para análise no Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS-UFRGS).
Coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde, através do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), o estudo foi executado inicialmente para a validação de metodologia de identificação do Sars-Cov2, identificação genômica, isolamento e análise de viabilidade das partículas virais. Atualmente, o estudo objetiva disponibilizar aos órgãos de saúde informações sobre a circulação viral nas diferentes áreas do território avaliado, auxiliando na tomada de decisão em relação às medidas de prevenção contra a Covid-19. Os resultados do estudo são divulgados em boletins de acompanhamento publicados pelo CEVS na internet com acesso público.