Agronegócio

ABCDB avalia mudança de status sanitário que torna o RS livre de aftosa sem vacinação

Diretor comercial da Associação, Gilson Hoffmann é veterinário e atuou em Jóia, em 2001

A entrega, no próximo dia 27, do certificado em que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconhece o Rio Grande do Sul como zona livre de aftosa sem vacinação, anima os criadores das raças Devon e Bravon. E traz expectativas positivas aos negócios. “A mudança de status sanitário significa um grande avanço para a pecuária gaúcha e é a coroação do trabalho de vários setores”, afirma o pecuarista Gilson Hoffmann, diretor comercial da Associação Brasileira de Criadores de Devon e Bravon (ABCDB) e Coordenador da Câmara Setorial da Carne Bovina do Rio Grande do Sul.

“Atualmente, nós temos um mercado muito forte de comercialização de genética com Santa Catarina através da venda de sêmen e embriões. O novo status sanitário abrirá, também, a possibilidade da comercialização de animais, atendendo as expectativas dos criadores tanto de Santa Catarina quanto do Rio Grande do Sul, especialmente na minha região, dos Campos de Cima da Serra. Agora, os criadores passam a ter novas perspectivas de negócios e conseguirão atingir também mercados mais exigentes, que são os que pagam melhor. Com certeza, essa mudança trará grandes benefícios”, complementa.

O anúncio, tão esperado, chega depois de 21 anos do último surto de febre aftosa, que ocorreu em Jóia, no Noroeste do estado. A doença, além de problemas de saúde nos animais, causou também sérios prejuízos econômicos. Os focos foram eliminados com o chamado rifle sanitário, com o sacrifício de mais de 11 mil animais, entre eles oito mil bovinos. Na época, foi decidido pelas autoridades que a retomada da vacinação era uma necessidade. Gilson Hoffmann era médico veterinário da Secretaria da Agricultura, onde atuou por 35 anos. “Eu já trabalhava na defesa agropecuária quando ainda éramos livres sem vacina, junto com Santa Catarina. Eu trabalhei junto ao foco, em Jóia, acompanhei toda a tristeza que foi aquilo lá e, depois, o retorno ao status antigo, de voltar a vacinar. Foi um grande retrocesso que prejudicou todo o setor pecuário, não só de bovinos”.

Como pecuarista, Hoffmann conta também sobre as mudanças nas feiras e exposições. “A gente sempre levava nossos animais para os eventos em Santa Catarina, como a Expolages, mas nunca mais pudemos participar. E nem eles vieram mais para a Expointer. A volta dessa integração vai ser muito boa, pois assim como nós queremos voltar a lugares que íamos no passado, em Lages, São Joaquim, Chapecó, Bom Jardim da Serra e muitas outras, os catarinenses também querem vir e participar dos eventos por aqui, além também da possibilidade dos criadores catarinenses participarem das provas zootécnica que estamos realizando aqui no Rio Grande do Sul”.

A estimativa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural é que o Estado ultrapasse US$1 bilhão por ano (mais de R$5,3 bilhões) em exportações de proteína animal, para mercados em que já atua e outros que devem ser conquistados. Se, por um lado, esses números devem ser alcançados ao longo do tempo, por outro, os produtores rurais já começam a sentir no bolso e na rotina da propriedade o fim da vacinação. “O status de livre sem vacinação reduzirá custos do sistema pecuário e trará uma série de benefícios aos pecuaristas”, explica o diretor técnico da ABCDB, Lucas Hax. “É menos um manejo que envolve mão de obra e movimentação com o gado, que pode gerar perda de peso. E, com a diminuição das lesões vacinais na carcaça, haverá menos descontos na toalete da carcaça, nos frigoríficos”.

Segundo Simone Bianchini, presidente da ABCDB, a mudança de status sanitário é um grande passo para o crescimento das raças Devon e Bravon. “Nossos animais têm, como uma das principais características, a adaptabilidade. Se dão bem tanto na Serra catarinense quanto no Pampa gaúcho, no Nordeste ou Centro-Oeste do país. Por isso, é importante que o Rio Grande do Sul possa voltar a comercializar animais e genética com Santa Catarina e outros estados, essa troca é fundamental para todas as raças”, conclui a dirigente.

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