A reunião-almoço híbrida realizada nesta segunda-feira (2) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) teve dois palestrantes: o diretor-superintendente de Serviços Financeiros e Relações Institucionais das Empresas Randon, Joarez Piccinini, e o diretor de Relações Institucionais da Marcopolo, Ruben Bisi. Os dois são também diretores da CIC Caxias e trouxeram para o debate o tema “Relações políticas e institucionais”.
Primeiro a palestrar, Piccinini enfatizou o fato de o Brasil – apesar da maior crise da pandemia, iniciada em março de 2020, com forte impacto nas atividades – apresentar enorme potencial para experimentar um ciclo sustentável de crescimento econômico. “O PIB brasileiro contraiu 4,1%, contra uma projeção inicial de mais de 10%”, relembrou.
O executivo das Empresas Randon, porém, acredita que o País está muito abaixo do seu potencial. É preciso, segundo Piccinini, que mais reformas estruturantes sejam realizadas, especialmente a Administrativa e a Tributária, com o objetivo de reduzir o custo da máquina pública e os custos para empreender. “Cortar salários acima do teto, reduzir gastos e benefícios são fundamentais, pois como está não é sustentável. O Brasil gasta muito e gasta mal. O Brasil é muito rico, e dizer que o País não tem dinheiro não é verdade”, afirmou, mencionando os números do Impostômetro, medidor estatístico que contabiliza os impostos, taxas e contribuições pagas pelos brasileiros.
Ainda de acordo com Joarez Piccinini, o País precisa promover a criação de riquezas. “Impostos não criam riquezas, são passivos, custos, e, quando muito elevados como no Brasil, drenam recursos das atividades produtivas. Geração de riqueza se faz com inovação, com novos e mais eficientes processos e produtos e com liberdade de empreender”, argumentou.
Relacionamento e representatividade
Na sequência da reunião-almoço, Ruben Bisi abordou a importância das áreas de relações institucionais ou governamentais nas empresas. Ele explicou que sempre haverá leis, regulamentos, portarias e decretos que influenciam direta ou indiretamente os negócios. “Para ter influência, é necessário ter relacionamento e representatividade com o governo. Esta área tem a missão de acompanhar todas as novas leis e regulamentos que estão sendo criadas, tentando influenciar para não prejudicar seu negócio ou para fortalecê-lo”, argumentou.
Para Ruben Bisi, a interlocução com o governo, muitas vezes entendido como lobby, se faz por meio de relacionamento interpessoal, independentemente de partido político e de preferências pessoais. “Estes relacionamentos têm que ter como foco o resultado. Muitas leis são feitas nos legislativos, mas muito projetos e proposições são feitas nas associações”, observou.
Outro fator importante, segundo o executivo da Marcopolo, é a participação das empresas nas entidades de classe. Muitos órgãos de governo, explicou, não atendem aos pleitos das empresas, mas sim das entidades que as representam. “Entidades fortes e representativas são feitas de sindicatos e associações fortes, que, por sua vez, são feitas de associados participativos e atuantes”.
O palestrante também citou as eleições de 2018 e da dificuldade de Caxias e Região em eleger representantes para a Câmara Federal. Ele disse que cada deputado federal dispõe de R$ 16 milhões/ano em emendas parlamentares, recursos que o município e a Região deixaram de receber por falta de representantes. “A nossa Região tem o potencial de eleger de dois a três deputados federais, candidatos que representam os nossos interesses, que são o bem-comum, a livre iniciativa, a democracia e o desenvolvimento socioeconômico da nossa população”, afirmou Ruben Bisi.
Em relação ao problema da indústria no Brasil estar sofrendo com a falta de matérias-primas e aumento dos preços em diversos setores da economia, Bisi questionou quantas empresas haviam enviado cartas para o ministro da Economia, para o presidente da República ou para os deputados relatando a situação. Segundo ele, essa é também uma forma de pressionar e influenciar na tomada de decisões do governo.
Na abertura dos trabalhos, o presidente Ivanir Gasparin enfatizou que o tema da reunião-almoço de hoje teve por objetivo reforçar a importância do associativismo, dos sindicatos e também da CIC Caxias, que são entidades altamente representativas e, principalmente, que têm seus pleitos ouvidos e considerados pelos órgãos de governo e pelos poderes Executivo e Legislativo.