Como proteger os cães da doença do carrapato?
Passear ao ar livre e ter contato com outros animais torna os cães mais susceptíveis à ação de pulgas e carrapatos. Além do desconforto que causam aos animais, esses ectoparasitas podem transmitir uma série de enfermidades para os animais, entre elas, a doença do carrapato.
O nome conhecido popularmente na verdade faz referência a duas patologias, a erliquiose e a babesiose. Ambas são transmitidas pelo carrapato marrom (Rhipicephalus sanguineus). Como todo carrapato, ele é um hematófago obrigatório, ou seja, precisa sugar o sangue do hospedeiro para sobreviver. É a partir dessa ação que o parasita transmite os agentes causadores da doença do carrapato para o cão.
Para auxiliar os tutores na proteção dos cães contra essas enfermidades, a médica-veterinária e gerente de produtos da Unidade de Pets da Ceva Saúde Animal, Fernanda Ambrosino, respondeu as principais dúvidas sobre o tema. Confira:
O que é a doença do carrapato?
A doença do carrapato faz referência às hemoparasitoses que tem como vetor o carrapato e que são causadas por bactérias ou protozoários. A erliquiose e a babesiose são as principais formas de manifestação da doença do carrapato. Apesar de terem a mesma via de transmissão e afetarem as células de defesa do cão, elas agem de forma distinta no organismo do pet. É importante reforçar que essas patologias são graves e que precisam de tratamento imediato.
Como a erliquiose afeta os cães?
A erliquiose ocorre quando a bactéria Erhlichia canis entra na corrente sanguínea do pet atingindo as células do seu sistema imunológico, é então que se iniciam as três fases da doença: aguda, subclínica e crônica.
Na fase aguda as bactérias passam a se multiplicar no organismo do pet podendo atingir órgãos como fígado, baço, pulmões e rins. Elas também aderem às paredes dos vasos sanguíneos, levando a inflamação e infecção destes tecidos. O cão pode apresentar febre, anorexia, perda de peso e força, diarreia, entre outros sintomas.
Já na manifestação subclínica os sinais podem ser menos evidentes, porém é nesse período que ocorre a anemia e diminuição significativa do número de leucócitos e de plaquetas, células que são responsáveis pela defesa do organismo e pela coagulação sanguínea. Estas alterações impactam o sistema imunológico do animal deixando-o debilitado.
Na fase crônica os sinais clínicos são os mesmos da fase aguda, com maior ou menor intensidade. Os animais podem sofrer com perda de peso, apatia e apresentar maior facilidade a infecções. Os cães com sistema imune debilitado podem vir a óbito nesse período.
A babesiose também é transmitida por bactérias?
A babesiose é causada pelo protozoário Babesia canis. A transmissão ocorre a partir da saliva dos carrapatos infectados no momento que realizam repasto sanguíneo nos cães. Com a destruição dos glóbulos vermelhos a doença causa um quadro de anemia severa no animal. O pet costuma apresentar sinais físicos e comportamentais logo após a contaminação, entre eles, perda de apetite, palidez, cansaço severo, letargia e depressão.
Quais os sintomas apresentados pelo pet?
Os sintomas irão depender da apresentação da doença. Entre os mais comuns em ambas as manifestações podemos citar: febre, apatia, anorexia e perda de peso.
No caso da babesiose é comum também que o cão apresente mucosas amareladas. Já na erliquiose o animal pode ter manchas vermelhas pelo corpo ou até mesmo sangramento nasal que são causados devido a distúrbios na coagulação.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pelo médico-veterinário que irá avaliar o histórico do animal, realizar exames físicos e laboratoriais. O hemograma e o PCR são os mais indicados para o diagnóstico diferencial entre a erliquiose e a babesiose.
Qual o tratamento para a doença do carrapato?
O tratamento irá depender do agente envolvido na doença. No caso da babesiose o mais frequente é a utilização de fármaco antiparasitário por via intravenosa.
Para erquiliose é feito o uso de antibióticos de via oral, o tempo de duração irá depender da fase da patologia, mas vale reforçar que mesmo que o animal fique livre dos sintomas nos primeiros dias de administração do medicamento, o tutor deverá seguir o tratamento pelo prazo estipulado pelo médico-veterinário, pois só assim o animal ficará curado.
Como proteger os cães?
A doença do carrapato é grave, afeta a qualidade de vida e o bem-estar dos cães e em casos graves pode levar o animal ao óbito. Por isso, é indispensável proteger os pets contra a ação dos carrapatos.
Desta forma, fazer o uso periódico de produtos carrapaticidas é a maneira mais segura de prevenir a babesiose e a erliquiose canina. Além disso, os tutores devem ficar atentos à presença de carrapatos no pet, ao voltar para casa depois de um passeio o ideal é checar o cão com atenção especial às patas, axilas, orelhas e virilhas.
Caso encontre um carrapato ou o animal apresente qualquer alteração comportamental, o tutor deve buscar a orientação do médico-veterinário.
É preciso investir no controle integrado também no caso de carrapatos?
O controle integrado é sempre a melhor estratégia para proteger os cães contra a ação de pulgas e carrapatos. O processo engloba uma série de medidas para o tratamento simultâneo do animal e do ambiente. Dessa forma, é indicado o uso mensal de produtos ectoparasiticidas (ou de acordo com a indicação em bula) e a aplicação de produtos com princípio ativo adequado para controlar e/ou prevenir a presença desses parasitas no ambiente.