Onze dicas simples para ser uma escola mais sustentável
Escola curitibana mostra como a reciclagem e outras ações simples ajudam a diminuir o impacto ambiental
Um dos desafios emergentes em todo o planeta refere-se à conscientização das pessoas para a produção e consumo de carne de forma consciente e que minimize o impacto ambiental. “Já está bem estabelecido que uma dieta variada, sem um alto consumo de carne, é uma contribuição importante para uma dieta sustentável e saudável”, enfatiza a diretora da escola. O Projeto Segunda Sem Carne da Interpares tem a proposta de contribuir para a sustentabilidade, além de mostrar às crianças que é possível permitir que outros sabores protagonizem o cardápio e o paladar.
“Muitas vezes as pessoas acham que a sustentabilidade é uma coisa distante, difícil, que demanda estruturas especiais, muito conhecimento e tempo. Por isso acabam não se interessando em implementar medidas que são bastante simples”, avalia a diretora da escola, Dayse Campos.
Segundo ela, quando uma pessoa adota pequenas atitudes sustentáveis, vai gradativamente ampliando seu nível de consciência sobre o assunto. “É isso que tentamos ensinar aos nossos alunos, desde a primeira infância. E, por consequência, acabamos sensibilizando também suas famílias, nossa equipe e a comunidade que nos rodeia”.
A diretora traz dicas simples, que toda escola pode seguir para ser mais sustentável. Mas alerta: antes de empreender cada iniciativa, é importante despertar a sinergia entre pais, alunos e professores, porque só envolvendo toda a cadeia é possível obter resultados realmente significativos.
Um dos grandes exemplos dessa sinergia é o Projeto Reciclando, por meio do qual a Interpares arrecada todos os resíduos recicláveis gerados pelas famílias dos alunos. “Já arrecadamos mais de 10 toneladas por meio dessa iniciativa. Porém, acima deste número, está o processo. Famílias que aprenderam a separar, higienizar e encaminhar corretamente cada tipo de material”, exemplifica Dayse.
Ela considera que esse processo para desenvolver consciência ambiental é gradual, por isso traz uma lista de ações sugeridas que podem servir de inspiração para outras escolas:
1. Uso e reuso de insumos domésticos
Se uma das melhores maneiras de ensinar um novo hábito é pelo exemplo, a escola pode incentivar o uso de produtos de limpeza “verdes” e criar alternativas ecológicas com o reuso de insumos domésticos comuns, como o óleo de cozinha.
Na Interpares, os alunos aprendem a fazer sabão reutilizando o óleo de cozinha usado, que é armazenado em casa pelas famílias. Isso evita o contato das crianças com produtos químicos agressivos presentes em alguns materiais. Inclusive é uma prática que pode ser ensinada em aulas de ciências, matemática, arte e educação financeira. Além de incentivar a leitura crítica dos rótulos e advertências.
2. Arte reciclada
A pluralidade de datas comemorativas do calendário brasileiro é uma excelente oportunidade para planejar a decoração da escola utilizando materiais recicláveis. A dica é reutilizar itens domésticos para criar murais de avisos, quadros dentro da sala de aula e ambientar a escola, respeitando a linguagem dos alunos.
Dá para decorar toda a escola artesanalmente criando artes com potes, garrafas e tampinhas coloridas. Outra opção é criar organizadores criativos e separar objetos que podem contribuir nas vivências escolares.
“Tudo que chega na escola pelo Projeto Reciclando passa por uma triagem. Separamos o que será utilizado aqui e depois encaminhamos o restante para cooperativas de catadores”, conta a diretora da Interpares.
3. Compostagem
Toda escola tem uma cantina ou um refeitório. E nada mais simples do que recolher os resíduos orgânicos e encaminhá-los para compostagem. “Se a escola não tiver espaço ou condição de realizar a compostagem internamente, pode contar com parceiros”, diz Dayse.
No caso da Interpares, os resíduos são destinados ao projeto Composta Mais, que retira o material na escola e, em troca, fornece adubo para a horta e jardim.
4. Captação da água da chuva
Estabelecer um sistema de coleta para captação da água da chuva para lavar calçadas, abastecer vasos sanitários. “Isso também é bastante simples. Pode ser feito com a implantação de cisternas, gerando economia no consumo de água potável”, lembra a diretora.
5. Redução do papel
A expansão do digital trouxe uma variedade de ferramentas para otimizar a rotina de uma escola, sua comunicação e processos. Existem opções de agendas, blocos de notas e aplicativos para uso em dispositivos eletrônicos, como laptops, tablets e smartphones.
“Com a intensidade de afazeres diários das famílias, gerar listas de tarefas digitais e em movimento, torna o digital essencial. Por aqui, trocamos a agenda e os informativos em papel por aplicativos e grupos online”, enfatiza.
6. Sem lista de materiais
Uma escola sustentável também reaproveita os itens escolares, estimula a prática de conservação, doações e trocas. Cadernos, estojos, lápis, mochilas, livros, entre outros materiais podem ser sempre reaproveitados.
“Não trabalhamos com lista de materiais novos. Sempre priorizamos o que já existe na escola e o que os alunos já possuem, além dos materiais reaproveitáveis do Reciclando. Não apenas por motivos ambientais, mas também financeiros, e isso representa economia na gestão da escola e no orçamento familiar”, conta Dayse.
7. Doação e troca de uniformes
Outro item bastante polêmico quando o tema é meio ambiente é a renovação do guarda-roupa. Comprar novas peças com frequência não é bem visto por quem se preocupa com o planeta. Doar ou comprar itens usados, sim, são consideradas escolhas bem mais sustentáveis.
“Aqui na Interpares nós temos uniforme, mas ele só é obrigatório em dias de passeio, por uma questão de segurança. Dessa forma, as famílias não precisam comprar uma grande quantidade de peças da escola”, relata a diretora.
Além disso, a doação é estimulada. Já na entrada da escola vê-se caixas para doações de uniformes. Enquanto entram e saem da instituição, pais e mães depositam ali peças que seus filhos não usam mais ou garimpam aquelas que estão precisando, sem nenhuma burocracia. “É deixar ou levar, como quiser”, diz Dayse.
8. Comunidades sustentáveis
A economia circular em plataformas de anúncios e classificados online, como um movimento para a compra, venda e troca de produtos de segunda mão, também é uma dica da diretora.
“Nós criamos um grupo, chamado informalmente de OLX da Interpares, onde famílias, funcionários e outros participantes oferecem seus serviços, bens usados e compartilham dicas. Assim, estimulamos os negócios locais, o reaproveitamento de produtos e a compra de segunda mão”.
9. Comércio local
Falando em comércio local, outra premissa da escola é realizar a compra de produtos e serviços da sua necessidade junto a comerciantes locais. “Embora as grandes redes ofereçam muitos atrativos, optamos por priorizar as compras de refeitórios, por exemplo, em mercadinhos e hortifrúti que ficam a poucas quadras da escola”, relata Dayse.
10. Consumo consciente de carne
Um dos desafios emergentes em todo o planeta refere-se à conscientização das pessoas para a produção e consumo de carne consciente e que minimize o impacto ambiental. “Já está bem estabelecido que uma dieta baseada em vegetais e sem carne ou com carne reduzida é uma contribuição importante para uma dieta sustentável e saudável”, enfatiza a diretora da escola. O Projeto Segunda Sem Carne da Interpares tem a proposta de contribuir para a sustentabilidade, além de mostrar às crianças que é possível introduzir outros sabores ao paladar e acrescentar novas receitas ao cardápio.
11. Economia energética na sala de aula
Em tempos de pandemia de Covid-19, abrir cortinas e janelas para a circulação de ar tornou-se um dos protocolos de biossegurança. Mas a prática também serve também para a sustentabilidade e economia financeira, já que o uso de luz natural ajuda na redução do consumo de energia. “Por aqui, priorizamos atividades ao ar livre. Nada mais econômico, sustentável e, claro, divertido para os alunos”, finaliza.