Cirurgia recupera ovulação de mulheres com ovário policístico
Muitas mulheres descobrem que têm a Síndrome do Ovário Policístico quando tentam engravidar e não conseguem. A Síndrome do Ovário Policístico afeta de 4 a 12% das mulheres em idade reprodutiva, sendo uma das principais causas de infertilidade feminina.
Trata-se de uma síndrome, pois é composta de um amplo grupo de sintomas, como ovários policísticos, ciclos menstruais irregulares, hirsutismo (excesso de pelos), obesidade, resistência à insulina, queda de cabelos e oleosidade excessiva. Tudo isso graças ao excesso de produção dos hormônios andrógenos.
Como a Síndrome do Ovário Policístico afeta a fertilidade
A ovulação é a liberação do óvulo maduro para ser fertilizado pelo espermatozoide. O FSH (hormônio folículo estimulante) e o LH (hormônio luteinizante) controlam a ovulação. O FSH estimula o ovário a produzir o folículo, uma espécie de saco que contém o óvulo. O LH estimula a liberação deste óvulo quando ele está pronto para ser fecundado.
Segundo o cirurgião ginecológico, Dr. Edvaldo Cavalcante, nas mulheres com Síndrome do Ovário Policístico, os óvulos nunca amadurecem o suficiente para sair do folículo e esta característica leva à formação de diversos cistos ovarianos, daí o nome ‘ovário policístico’. “A falta da ovulação altera os níveis de estrogênio, progesterona, FSH e LH, além de aumentar a produção dos hormônios andrógenos, o que interrompe o ciclo menstrual. Com isso, os períodos menstruais se tornam irregulares e, na maior parte das vezes, não ocorre a ovulação, ao que se dá o nome de anovulação”.
Recuperação da Fertilidade Natural
A mudança do estilo de vida é a primeira recomendação para mulheres com Síndrome do Ovário Policístico. A perda de peso e os exercícios físicos são estratégias importantes para recuperar a fertilidade. Isso porque estudos mostram que a perda de peso reduz os níveis dos hormônios andrógenos, melhorando a função ovariana.
Além da mudança de hábitos e perda de peso, podem ser usados alguns medicamentos para induzir a ovulação. Porém, algumas mulheres têm contraindicações para essas terapias, que normalmente são de alto custo e podem gerar a hiperestimulação ovariana, aumentando a chance gestação múltipla.
“Para as mulheres que possuem contraindicação para a estimulação ovariana por meio de medicamentos, ou ainda para aquelas que não desejam ou não podem ter uma gestação gemelar, a indicação é o drilling ovariano. Trata-se de uma cirurgia que é feita por videolaparoscopia”, diz Dr. Edvaldo.
O cirurgião realiza microcauterizações na superfície dos ovários e isso leva à melhora dos níveis hormonais. Como resultado, os folículos amadurecem e, consequentemente, a mulher passa a ovular. Cerca de 70% das mulheres começam a ovular após a cirurgia.
“O drilling ovariano, portanto, pode permitir à mulher engravidar pelo método natural, sem necessitar de estimulação hormonal, assim como da fertilização in vitro, pois restaura a função ovariana e melhora os níveis dos hormônios. Há outras vantagens deste método, como menor chance de gestação gemelar, menor risco de abortamento e taxas de sucesso semelhantes ao uso das gonadotrofinas. Além disso, os custos da cirurgia, em comparação com outros métodos, como o uso de estimuladores ovarianos ou da fertilização in vitro, são menores”, conclui o médico.