Moda & BelezaSanta Catarina

Florianópolis recebe evento de moda sustentável Fashion Revolution

ONU afirma que o setor é responsável por 10% das emissões globais de carbono e 20% da poluição de água doce no mundo.

O evento Fashion Revolution ocorrerá em Florianópolis na próxima semana e tem como objetivo promover a moda sustentável e consciente, que valoriza as pessoas acima do crescimento e do lucro, além de conservar e restaurar o meio ambiente. O professor Thiago Varnier, mestre e doutorando em design da área de moda do Senac SC, foi escolhido pela organização do evento para ser o docente embaixador na capital catarinense.

Nos dias 24 e 25 de abril, a Faculdade Senac Florianópolis vai sediar um encontro aberto ao público sobre o Fashion Revolution, um movimento global que busca uma moda mais sustentável, ética e diversa. O evento terá a participação de alunos dos cursos técnicos em Produção de Moda, Eventos e Marketing, que vão apresentar seus trabalhos e ideias para contribuir com a transformação do setor. Além disso, haverá palestras de profissionais renomados do segmento, que vão compartilhar suas experiências e conhecimentos sobre o tema.

Foto por: Drazen Photo

O professor Thiago, um dos organizadores do encontro, destaca a importância da iniciativa para a formação dos estudantes. “O Fashion Revolution é uma oportunidade única para que eles possam ampliar sua visão sobre o papel da moda na sociedade, além de favorecer o networking e a criação de possíveis parcerias na vida profissional. Fazer moda vai muito além de informação estética e comercial, são fatores de construção social”, afirma.

Desperdício em números

Esses são dados alarmantes que mostram a urgência de uma mudança na indústria da moda. O objetivo é conscientizar as pessoas sobre os impactos sociais e ambientais da moda e exigir mais transparência e responsabilidade das marcas. Uma das formas de reciclar os resíduos têxteis é a picotagem do tecido, que consiste em rasgar e triturar o material para transformá-lo em novos produtos. No entanto, essa prática ainda é pouco difundida no Brasil, onde apenas 10% dos resíduos têxteis são reciclados. Além disso, muitos trabalhadores da indústria da moda recebem salários muito abaixo do mínimo em países como Paquistão, Índia e Vietnã, segundo um relatório do Industry We Want. Essa situação revela a exploração e a precarização do trabalho nesse setor.

Esses são dados preocupantes que mostram como a indústria da moda afeta negativamente o meio ambiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada das Nações Unidas que tem como principal papel direcionar a saúde internacional e liderar parceiros nas respostas globais à saúde. A OMS afirma que, em 2019, a indústria da moda era responsável por 10% das emissões globais de carbono e 20% da poluição de água doce. Essas emissões contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas, que trazem graves consequências para a saúde humana e a biodiversidade. A Fundação Ellen MacArthur é uma organização que trabalha para acelerar a transição para uma economia circular, que busca eliminar o desperdício e a poluição, manter os produtos e materiais em uso e regenerar os sistemas naturais. Um estudo da fundação apontou que em média apenas 1% das roupas são recicladas em novas vestimentas. Isso significa que há um enorme potencial para reduzir o impacto ambiental da moda através da reciclagem e do reaproveitamento dos recursos têxteis.

“Participar do Fashion Revolution é gratificante, pois amo a moda e não quero que nossas roupas explorem pessoas ou destruam o planeta. Dessa forma, é necessário compartilhar e repercutir as infinitas possibilidades de apresentar uma moda mais consciente, humanizada e solidária”, reflete o professor.

História do evento

O movimento foi criado após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que causou a morte de 1.134 trabalhadores da indústria de confecção e deixou mais de 2.500 feridos. O dia 24 de abril ficou marcado como o Fashion Revolution Day, que ganhou força e se tornou a Semana Fashion Revolution, que conta com atividades promovidas pelos núcleos ao redor do mundo.

Programação

Data: 24 de abril
Evento: Enfodere-se: o poder de vestir-se de si
Horário: 19h
Local: Faculdade Senac Florianópolis
Foco: neste dia serão apresentados quatro editoriais de moda inclusivos (Pessoas Idosas, Transexual, Quarenta Mais e Plus Size). A ideia é proporcionar uma reflexão sobre estilos, desejos de imagem e comunicação de moda, fazendo com que as pessoas percebam que não são só aquilo que veem no espelho e sim aquilo que sentem e fazem.

Dia: 25 de abril
Evento: Moda, Sustentabilidade e Inclusão: Um diálogo (Emer/Ur)GENTE
Horário: 19h
Local: Faculdade Senac Florianópolis
Foco: o evento proporcionará um diálogo urgente e emergente, com quatro palestrantes e um mediador, que abordarão o novo contexto social em transição: moda, sustentabilidade e inclusão.

Palestrantes

Palestra Internacional com a professora mestra e doutoranda em turismo, Daniela Beatriz Barros Gonçalves De Meneses, de Portugal. Ela é bolsista na Fundação para a Ciência e Tecnologia e desenvolve estudo nas áreas do Planejamento e Desenvolvimento de Destinos Turísticos Sustentáveis.
Palestra: Sustentabilidade passo a passo.

Professora, mestra e doutoranda em design, Mara Rubia Theis é também pesquisadora nos temas de Design de Moda em áreas como: ergonomia; métodos de desenho de roupas e corpo humano, modelagem de roupas (bidimensional e tridimensional), sustentabilidade e processos criativos.
Palestra: Desenhar e modelar roupas em um contexto de transição social.

Carina Zagonel é gestora dos Armários Coletivos, criadora de soluções para o pós-consumo da moda, como o Armário Criativo.
Palestra: Novo cenário da moda: oportunidades do pós-consumo.

Professor, mestre e doutorando em antropologia, Lino Gabriel Nascimento dos Santos, é moda ativista, bacharel em moda, idealizador do REDeM e do AFRODITE (UFSC).
Palestra: Moda, racismo, Diversidade: Novo olhar para a Inclusão.

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