No sábado, 11 de novembro, o Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) de São Leopoldo, liderado por Ipson Pavani, realizou uma operação delicada e arriscada. O Centro de Comando e Monitoramento (Cecom) recebeu uma chamada através do número 153, informando sobre a presença de uma cobra cruzeira (Bothrops alternatus) no quintal de uma casa no bairro Arroio da Manteiga.
A cobra urutu-cruzeira é conhecida por seu veneno potente, que pode causar necrose na pele e até mesmo levar à morte se não for tratada a tempo. Os agentes do GDA conseguiram resgatar a cobra e entraram em contato com o Zoológico Municipal de Canoas para obter orientações sobre o manejo adequado do réptil.
Através de imagens, a cobra foi identificada como um exemplar adulto, medindo aproximadamente 110cm de comprimento. A médica veterinária do zoológico, Ana Paula Morel, classificou o animal como um magnífico exemplar da espécie e sugeriu que, devido ao formato e volume da cauda, poderia ser uma fêmea pronta para a postura. Ela recomendou que a cobra fosse solta em uma área distante do centro urbano, à margem do Rio dos Sinos, que é seu habitat natural.
O inspetor chefe do GDA, Emerson dos Anjos, destacou que os agentes possuem treinamento adequado para a captura deste tipo de serpente venenosa. Ele também alertou a população para nunca tentar capturar um animal, pois ele pode reagir de forma agressiva se se sentir ameaçado. A orientação é entrar em contato imediatamente com o GDA através do telefone 153.
A cobra urutu-cruzeira é uma serpente peçonhenta de grande porte e cauda curta. Sua dieta é composta de pequenos mamíferos e ela tem hábitos diurnos e noturnos. A cobra cruzeira habita áreas abertas e úmidas e pode ser encontrada nas regiões centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina.
Por fim, é importante lembrar que ferir ou matar um animal é considerado um crime ambiental, conforme o artigo 29 da lei 9.605/98. A pena para este crime é de detenção de seis meses a um ano e multa.
Acidentes com animais peçonhentos
A Secretaria Municipal da Saúde (Semsad) orienta que em casos de picadas de animais peçonhentos a pessoa seja levada imediatamente para o Hospital Centenário.
O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos
- Procure atendimento médico imediatamente;
- Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre outras;
- Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão, mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro;
- Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados;
- Não amarre torniquete no membro ferido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substância (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada;
- Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.
Capacitação
Em maio de 2022, os agentes do GDA participaram de uma capacitação para resgate e manejo de animais silvestre no Zoológico Municipal de Canoas. O treinamento contou com a participação de cinco agentes do GDA. A atividade foi coordenada pela bióloga, Gabriela Souza e pela veterinária, Isadora Favreto. Ambas atuam no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do zoo.