RS: inadimplência bate recordes históricos em janeiro de 2024
Dados são do Indicador de Inadimplência do CDL Porto Alegre
O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre de janeiro para pessoas físicas quebrou recordes históricos. As taxas totalizaram 32,1% para o Rio Grande do Sul e 34,3% para Porto Alegre, de modo que ambos os resultados atingiram seus máximos desde o início do levantamento, em março de 2022.
Da mesma forma, as variações mensais exibiram crescimento inédito, em função do aumento de 1,5 ponto percentual para o RS e de 1,1 p.p. em POA no confronto com dezembro de 2023. Ao todo são 2,756 milhões de negativados no Estado e 368,93 mil na Capital: 127,8 mil e 12,3 mil registros adicionais em comparação com o período imediatamente anterior, respectivamente.
O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, explica que a significativa elevação dos números não teve como causa alguma alteração brusca do cenário, mas a incorporação de novos dados enviados pelos agentes credores ao SCPC da Boa Vista/Equifax pertencentes ao ramo de energia elétrica.
Empresas menos endividadas
Os percentuais de pessoas jurídicas com limitação em crédito, cheque, protesto ou ação judicial registraram pequenas diminuições para o RS e Porto Alegre em janeiro, de acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista Serviços S.A. Na comparação com dezembro de 2023, o recuo no âmbito estadual foi de -0,07 ponto percentual (de 14,48% para 14,41%), enquanto a retração na Capital atingiu -0,02 ponto percentual (de 15,55% para 15,53%).
Se utilizadas as estatísticas oficiais do Governo Federal, o total estimado de CNPJ’s com negativação em termos absolutos alcança 198.540 para o RS e 34.443 para POA. O economista-chefe da CDL POA aponta que a série histórica fornece evidências de quebra da tendência de alta que perdurava desde o segundo semestre de 2022: “Se, por um lado, os números pararam de crescer, por outro, seguem em patamares elevados. Logo, a sinalização envolve cautela a respeito de possíveis investimentos e contratações realizadas pelas empresas”.
Perspectivas para pessoas físicas
Segundo o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, acredita-se que o balanço dos riscos é relativamente positivo para o futuro da inadimplência. Por um lado, as previsões apontam que a inflação continuará perdendo força. Por sua vez, os indicadores de emprego do Brasil e do RS tendem a seguir em recuperação. A dupla combinação entre a ocupação robusta e certa preservação do poder de compra da moeda colabora para a geração de ganhos de rendimentos dos trabalhadores.
Taxa Selic
Outro elemento de suma relevância, aponta Frank, diz respeito ao prosseguimento do ciclo de redução da Taxa Selic. Em seu último comunicado, o Copom reconheceu o progresso recente dos preços e de suas aberturas rumo à meta de 3,0%. Ademais, o Comitê está atribuindo peso superior ao horizonte de 2025 – janela para a qual a projeção do IPCA (3,2%) é inferior ante 2024 (3,5%) –, lembrando que o mecanismo de transmissão da política monetária opera com defasagem sobre a economia real. A sinalização também é de que, pelo menos por duas reuniões adicionais (março e junho), o atual ritmo de corte de 0,5 ponto percentual deve ser mantido.
Além disso, completa o economista, a prorrogação do “Programa Desenrola Brasil” até o fim de março, a correção do salário mínimo acima do INPC, a isenção do Imposto de Renda PF para quem recebe até 2 SM e a expectativa de crescimento levemente abaixo de 5,0% no RS, na esteira dos indícios de uma safra de grãos próxima a um padrão normal e da retomada esperada para a indústria, constituem vetores favoráveis.
Melhora lenta e gradual
Assim como para as famílias, Frank entende que os elementos do atual cenário econômico corroboram com a perspectiva de melhora lenta e gradual da inadimplência das PJ’s. No entanto, a diferença para os consumidores finais reside no fato de que as empresas não contam com um programa de renegociação de dívidas em atraso na magnitude do “Desenrola Brasil”.
A inflação no atacado permanece bem-comportada, conforme o termômetro específico da FGV: -5,8% no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024. No que se refere aos prognósticos setoriais, a agropecuária gaúcha é destaque, em contraposição aos polos do Centro-Oeste, que estão sofrendo com o fenômeno climático El Niño. Por sua vez, a indústria do RS deve se beneficiar do ciclo de redução da Taxa Selic e da ausência de fatores pontuais que colaboraram para a forte queda em 2023, como a interrupção temporária da GM e manutenção dos equipamentos da REFAP. Já os serviços respondem ao mercado de trabalho sólido e às transferências sociais destinadas aos mais pobres.