As causas e tratamentos da apneia do sono
Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista e chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que dentre os mecanismos que podem contribuir para apneia do sono estão:
- Desvio de septo nasal – o septo nasal é uma parede constituída por osso e cartilagem, que separa a narina direita da esquerda, tem cerca de oito cm de comprimento, atravessa o centro da face, indo da ponta do nariz até a altura das orelhas;
- Hipertrofia de cornetos nasais – estruturas esponjosas que crescem e retraem dentro do nariz, importantes no aquecimento e na umidificação do ar que respiramos;
- Adenoide – tecido de aspecto amoriforme que cresce no fundo do nariz, na sua transição com a garganta;
- Amígdalas volumosas – estruturas que se localizam a cada lado da língua e que também possuem aspecto amoriforme;
- Língua volumosa;
- Palato mole rebaixado – tecido muscular mucoso que fica no fundo da garganta logo acima da língua;
- Úvula longa – tecido em forma de campainha ou penduricalho que existe no fundo da garganta;
- Retroposicionamento da língua – língua posicionada muito ao fundo da garganta;
- Micrognatia – mandíbula pequena;
- Genética – distúrbios na formação do colágeno por exemplo;
- Flacidez – falta de tônus e rigidez no tecido;
- Excesso de tecido na garganta;
- Obesidade;
- Abuso de álcool;
- Uso de determinados medicamentos.
A doença pode surgir em qualquer faixa etária, mas é bem mais comum em adultos pelas comorbidades (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia) associadas ao avançar da idade, incluindo ainda obesidade, sedentarismo, hábitos de vida inadequados.
“O principal risco da apneia é que ela pode matar. A pausa temporária da respiração, que ocorre várias vezes durante o sono, determina uma restrição à adequada oxigenação do corpo. Essa falta de oxigênio pode atingir tecidos vitais como coração e cérebro, levar a infarto cardíaco ou derrame cerebral (AVC) ”, alerta Dra. Jeanne.
Quando a apneia tem como causa o aumento das tonsilas (faríngea e amigdaliana), ou o bloqueio da passagem de ar pelo nariz (desvio de septo nasal, hipertrofia de conchas nasais), ela repercute no crescimento e formação do arcabouço ósseo da face e pode levar à mordida aberta anterior, palato ogival, hipodesenvolvimento do terço médio da face, entre outros.
Tratamento – O primeiro passo é determinar a causa da apneia e corrigi-la. “Por exemplo, se a causa for obesidade e sobrepeso, o tratamento é feito a partir do controle de peso. Se a causa for um determinado medicamento que a pessoa estiver usando, suspende-se o medicamento, é claro, se isto for possível. E assim por diante. Existem ainda inúmeros tratamentos disponíveis incluindo aparelho intraoral (serve para tracionar a língua para frente durante o sono impedindo que ela caia para trás e bloqueie a passagem do ar que respiramos pela via aérea), procedimentos cirúrgicos (septoplastia, turbinectomia, uvulopalatofaringoplastia, glossectomia parcial, avançamento maxilo-mandibular), CPAP (aparelho que proporciona pressão positiva nas vias aéreas durante o sono para evitar que estas colapsem) ”, detalha a médica.
Algumas mudanças de hábitos podem contribuir para a prevenção da apneia, como alimentação regrada, exercícios físicos regulares, evitar tomar medicamentos sem prescrição médica e adotar estilo de vida mais saudável.