O que é educação 3.0? Por que é preciso mudar o modelo de ensino tradicional? Como fazer essa transformação? Como a tecnologia pode ajudar? Essas e outras perguntas são respondidas no livro `Educação 3.0 – Novas perspectivas para o ensino’ (Editora Unisinos, 118p.), publicado pelo SINEPE/RS. O livro traz textos de Alfredo Fedrizzi, Fernando Becker, Gustavo Borba, José Moran, Jim Lengel e Mônica Timm de Carvalho (organizadora da obra). A obra foi lançada e vendida no 14º Congresso do Ensino Privado Gaúcho em julho do ano passado, na oportunidade cada instituição associada recebeu um exemplar gratuitamente. Um novo lote de livros foi reimpresso no início deste ano e a publicação está disponível para venda na sede do Sindicato por R$ 30,00 (preços especiais para venda a partir de 20 unidades). Mais informações: secretaria@sinepe-rs.org.br
A organizadora do livro, Mônica Timm de Carvalho, afirma que todos os dados sobre qualidade de educação que se tem acesso, tanto no Brasil como no mundo, apontam para a necessidade urgente de que se repense a forma de fazer educação. “A ideia do livro é convidar as escolas a perder o medo de fazer o que é preciso. Por isso se buscou um conjunto de pessoas que vêm estudando as novas tendências educacionais, que têm se debruçado sobre pesquisa e análises várias. Elas trazem um conjunto de sugestões, orientações e encaminhamentos que podem inspirar as escolas a fazer os seus projetos já com uma nova perspectiva”, afirma. Para a coordenadora pedagógica do 6º ao 8º ano do Ensino Fundamental do Colégio João XXIII, de Porto Alegre, o livro incentivou a repensar suas práticas. “A leitura motivou a repensar as perspectivas metodológicas, os designs dos ambientes de aprendizagem e trouxe uma outra visão em relação à tecnologia, ao protagonismo dos estudantes, assim como outros modos de ser professor numa pedagogia ativa”, afirma.
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No primeiro capítulo, o especialista em marketing, gestão de crise, imagem e reputação Alfredo Fedrizzi fala da rapidez com que as mudanças vêm acontecendo no mundo, seus impactos na organização do trabalho e na produção do conhecimento e os desafios da educação para atender às demandas da atualidade. Diante de tudo isso, a necessidade de inquietude do professor, que precisa ensinar para um contexto futuro que ele não sabe qual será, tarefa que exige coragem e ousadia para reinventar permanentemente a educação.
Na sequência, o professor da Faculdade de Educação da UFRGS e doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano Fernando Becker traz ampla análise teórica para defender que a escola seja “mais laboratório e menos auditório”. Aponta a ineficiência do verbalismo do ensino, com foco no acúmulo de conteúdos, insuficiente para desenvolver junto aos estudantes habilidades e competências que sustentem a conquista da autonomia.
A orientação sobre como transformar as escolas para que façam frente a um novo cenário é assumida pelo professor, pesquisador e gestor de projetos de inovação em educação da USP José Moran, que destaca os diferenciais das escolas inovadoras e sugere formas de engajar professores e gestores na promoção de mudanças significativas de suas práticas. Seu texto é rico em exemplos de procedimentos pedagógicos, tais como aprendizagem por jogos, aula invertida, metodologias ativas e diferentes formas de avaliação.
A obra traz ainda uma contextualização histórica com identificação das três eras da educação e as respectivas formas de ajuste entre o ensino e as demandas da sociedade e da economia, feita por um dos maiores especialistas de Educação 3.0 no mundo, professor e consultor na área de aplicação de novas tecnologias ao ensino e aprendizagem graduado na Universidade de Yale e na Harvard School of Education, Jim Lengel. O especialista apresenta as bases da Educação 3.0, pautadas por métodos ativos de ensino, e traz exemplos de iniciativas disruptivas em educação.
O livro mostra também como outras áreas do conhecimento podem auxiliar no processo de inovação da escola. O doutor em Engenharia de Produção, especialista em Design Estratégico e pós-doutorado na Escola de Educação do Boston College, Gustavo Borba, aponta as contribuições do design para o engajamento dos alunos para a aprendizagem, aspecto central na Educação 3.0. A construção de ambientes facilitadores da aprendizagem é um dos destaques do autor como grande influência na transformação de cada um dos alunos.
Mônica Timm de Carvalho, que é mestra de Gestão Educacional, fecha o livro com uma síntese dos achados de uma das maiores e mais complexas pesquisas realizadas em educação de que se tem notícia, a Visible Learning. Uma das constatações desse estudo é que somente metade de tudo o que é feito com todos os alunos em aula impacta de fato a aprendizagem. “Saber o que funciona e o que não funciona para a promoção da aprendizagem é o caminho mais curto e menos oneroso para que se faça uma educação de qualidade.”