Assim com outras formas de doenças neurodegenerativas que cursam com demência, a doença de Alzheimer promove um efeito negativo no ciclo do sono e da vigília. Para pessoas que possuem a doença, quanto maior o comprometimento cognitivo, mais sonolento eles se apresentam durante o dia e, durante a noite, o sono é fragmentado e descontínuo. O que costuma ser o padrão de sono dos pacientes com esta patologia. Em muitos casos, também é possível observar a mudança de comportamento no período da tarde, horário em que o idoso com Alzheimer costuma apresentar agitação e confusão mental e, às vezes, com atitudes violentas. Essa mudança de comportamento ocorre por causa da Síndrome do Pôr do Sol, que também contribui para despertares noturnos com o paciente vagando pela casa e até com incontinência urinária durante esse período.
De acordo com a Dra. Luciane Mello, especialista do sono responsável pelo Ambulatório do Ronco e Apneia e pelo Serviço de Polissonografia, ambos do Hospital Federal da Lagoa (RJ), é importante lembrar que até 80% dos pacientes com demência podem apresentar apeia do sono e, portanto, caso o paciente apresente interrupções do sono e/ou roncos durante a noite, deve ser investigado por especialistas. Sabe-se também que o contrário parece ser verdadeiro. Pacientes com apneia do sono apresentam maior risco de comprometimento cognitivo e, portanto, os pacientes que param de respirar durante a noite com engasgos ou roncos devem ser tratados. Um recente estudo também avaliou o uso da melatonina, substância utilizada recentemente por muitas pessoas, mesmo sem prescrição médica, no paciente com Alzheimer. Concluiu que este hormônio pode ajudar na qualidade do sono do paciente com o distúrbio neurológico, mas não demonstrou melhoras ou benefícios no ganho cognitivo em diversos outros estudos. Alguns cuidados devem ser tomados para que as pessoas com este distúrbio neurológico tenham maior qualidade de vida e de sono:
- Mantê-lo em horários regulares: dormir e acordar em horários semelhantes, todos os dias, é importante para que o relógio biológico funcione direito;
- Praticar exercícios: de preferência, pela manhã, após exposição à luz (solar, de preferência), mesmo que sejam exercícios discretos como caminhadas curtas ou pelo menos exercitar os braços, nos casos de pacientes cadeirantes;
- Refeições em horários regulares: evitando a cafeína, para que não o estimule e dificulte ainda mais o sono.