Saúde

O que fazer quando a criança não aceita tomar leite?

Que o leite materno é o melhor alimento nos primeiros meses de vida do bebê, ninguém duvida. Porém, com o crescimento do neném e a chegada dos primeiros aninhos, é preciso inserir outros alimentos na dieta infantil e, nesse momento, muitas mães se deparam com um grande desafio: a rejeição a outras fontes de leite. Por ser a principal fonte de vitaminas e minerais, sobretudo o cálcio, o alimento é fundamental para o bom desenvolvimento dos pequenos. Sendo assim, a recusa pode prejudicar seu crescimento e, até mesmo, fragilizar sua saúde. Por outro lado, muitos pais também se questionam se a repulsa, choro e outras queixas da criança na hora de ingerir o alimento podem significar algum problema de saúde, como por exemplo, uma intolerância. Diante disso, como contornar tal situação e ainda garantir uma alimentação nutritiva e segura para seu filho? Saiba mais agora:

O papel do leite na primeira infância

Muito mais do que um vinculo afetivo entre mãe e filho, o aleitamento tem um papel fundamental na saúde: o leite da mãe, ofertado exclusivamente até, pelo menos, os seis meses de idade é capaz de atender, em geral, todas as necessidades vitamínicas e calóricas do neném, além de fortalecer sua imunidade. Porém, é natural que com o passar do tempo, especialmente após o primeiro ano de vida, as necessidades nutricionais e energéticas mudem, fazendo com que outras fontes de alimento precisem ser ofertadas. E nesse momento, o leite segue como protagonista no cardápio dos pequenos, pois, de acordo com a nutricionista Joanna Carollo, ainda é o alimento mais rico em nutrientes essenciais ao desenvolvimento infantil “O leite é abundante em proteínas de alto valor biológico e cálcio – um mineral primordial para o cresci mento, fortalecimento e mineralização dos ossos. Para se ter uma ideia, quase todo cálcio presente no corpo humano está nos ossos. Além disso, a bebida é fonte das vitaminas A,  B12 e outros minerais importantes como o magnésio, selênio e zinco. Portanto seu consumo, bem como de seus derivados, é fundamental na dieta das crianças ”

A criança não aceita leite, e agora?

Curiosamente, a necessidade desse mineral aumenta de forma gradativa (e considerável) na primeira infância, ou seja, no período que compreende os primeiros cinco anos de vida. Sendo assim, a introdução de outras fontes de leite é indispensável para complementar a oferta nutricional das crianças após o desmame. Porém, o que fazer quando o alimento não é bem aceito? De acordo com a profissional da Nova Nutrii, é preciso considerar a fase que a criança atravessa e, a partir daí, agir estrategicamente “Antes de tudo, os pais tem que compreender que a primeira infância é um momento de descobertas e o paladar pode mudar significativamente. Sendo assim, é interessante variar as preparações e, depende ndo da idade da criança, recorrer aos derivados do leite, obviamente respeitando as limitações da dieta e pensando sempre na qualidade do alimento. Se mesmo assim a criança não aceita às “alternativas” é preciso procurar um médico para reavaliar a dieta, especialmente se outros sintomas estiverem associados“.

Alergia x intolerância

Em tempos nos quais a intolerância à lactose encontra-se em evidência, é de se esperar que muitos pais pensem no problema quando os filhos não se dão bem com o leite. Principalmente porque, dentre os sintomas relacionados à condição está, justamente, a recusa ao alimento. Porém, conforme explica a nutricionista, ainda existe muita confusão em relação aos distúrbios alimentares que o leite pode provocar “Por ser um tema tão falado, muitas pessoas podem, de fato, associar a rejeição a essa desordem. Porém, ainda que acometa uma porcentagem pequena de crianças, a intolerância à lactose é mais frequente em adultos. Se tratando desses problemas, é mais comum que algumas crianças apresentem alergia às proteínas do leite, portanto, é preciso ficar atento aos sinai s que podem surgir minutos ou horas depois da ingestão do alimento”.

Conforme Carollo, a principal diferença entre os distúrbios é que a intolerância desperta sintomas relacionados ao trato gastrointestinal, enquanto a alergia acomete o sistema de defesa do organismo. “Os sintomas da intolerância à lactose se restringem apenas a parte intestinal, como cólicas, gases, barriga estufada e diarreia. A alergia às proteínas do leite, por sua vez, também causa esses sintomas, porém, provoca outras manifestações como urticárias, dermatites e, até mesmo, refluxos. Isso porque o distúrbio desencadeia uma reação do sistema imune sendo, portanto, uma condição mais delicada. No entanto, ambos os problemas podem prejudicar a aceitação do leite e, por consequência, aumentar os riscos de carência nutricional”.

Fórmulas infantis

Essa é, inclusive, uma das razões pelas quais o leite de vaca não é recomendado logo nos primeiros anos de vida. “Por ser extremamente rico em proteínas, sua ingestão pode provocar diversos distúrbios no sistema gastrointestinal da criança, que ainda não está preparada para digerir tal alimento.” Porém, como os nutrientes do leite são indispensáveis para seu crescimento, a alternativa é utilizar “fórmulas infantis” na dieta dos pequenos. Tais produtos possuem os mesmos nutrientes do alimento, porém, excluem as substâncias que podem, porventura, despertar alguma desordem no organismo.

Conforme explica Joanna, essas fórmulas podem variar de acordo a necessidade nutricional da criança, porém, são a alternativa mais segura, inclusive para aquelas que não apresentam qualquer anormalidade alimentar “Elas são, em geral, constituídas de proteínas do leite “quebradas” em partes menores, o que facilita sua digestão. Ainda assim, existem tipos adequados para cada perfil: as extensamente hidrolisadas, por exemplo, fragmentam essas substâncias em partes ainda menores, reduzindo o risco alergênico. Tais compostos podem, inclusive, ser isentos de lactose. O mais importante é sempre seguir a recomendação médica e atentar para as especificações do rótulo do produto, inclusive quanto à i dade para qual ele é indicado”.

Vencendo a birra

Afastados os distúrbios alimentares, existe ainda a famosa birra – quando a criança rejeita o alimento simplesmente por não gostar. Para alguns pais, vencer o desinteresse dos filhos pela refeição é um verdadeiro desafio. Neste momento, a nutricionista argumenta que o leite possui uma grande vantagem: a versatilidade. “É possível saborizá-lo adicionando frutas da preferência da criança, aromatizá-lo com baunilha natural ou até mesmo, dependendo da idade, oferecer leite com achocolatados (sempre com muito cuidado em relação ao açúcar). Para os maiores, é possível introduzir na dieta derivados do leite como bebidas lácteas, iogurtes e queijos mais leves.” No caso dos pequenos, que ainda fazem uso majoritário das fórmulas, Joanna também dá uma dica valiosa “É importante inserir o alimento na dieta gradativamente, diluindo mais a princípio e deixando-a mais concentrada conforme a aceitação da criança. Porém, sempre atentando para que o preparo não fuja da recomendação diária”.

Complementando o cálcio

Felizmente os pais podem contar com alternativas além do leite para complementar o cardápio e facilitar a obtenção do cálcio. Vegetais folhosos, especialmente os de coloração verde escura como o brócolis, a couve e o espinafre possuem uma boa concentração do mineral, bem como grãos como a soja, a lentilha e o feijão. É preciso somente atentar para os itens que podem ser potencialmente alergênicos. E embora a alimentação natural seja sempre a mais recomendada, existem também produtos fortificados com cálcio, que podem ocasionalmente fazer parte do cardápio da criança.

Além disso, é fundamental seguir uma dieta balanceada para garantir que o mineral seja bem aproveitado no organismo. Como os nutrientes precisam estar em equilíbrio para que sintamos os benefícios do seu consumo, é importante considerar outros elementos que igualmente devem estar presentes no cardápio. Alguns deles, inclusive, podem ajudar na fixação do cálcio no organismo. “A vitamina D, por exemplo, é essencial para absorção do cálcio, portanto, consumir fontes do nutriente, bem como tomar sol diariamente, ajuda no aproveitamento deste mineral tão importante para o crescimento saudável das crianças“ – finaliza Joanna.

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