Uveíte é a causadora de 10% dos casos de cegueira legal no mundo

Você conhece a uveíte? Ela é uma inflamação da camada média do globo ocular, a úvea, que se divide em anterior (íris), intermediária (corpo ciliar) e posterior (coróide). Ela pode ser classificada em quatro níveis: anterior, intermediária, posterior e panuveíte – que acomete todas as camadas ao mesmo tempo. A uveíte é responsável mundialmente por 10% de pacientes com cegueira legal (visão inferior a 20/200), nessa categoria estão os indivíduos apenas capazes de contar dedos a curta distância e os que só percebem vultos.

Um estudo publicado recentemente por Fernandez e Cols (2016), avaliando pacientes do setor de uveítes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que a faixa etária mais frequente foi entre 41 e 64 anos, sendo que o tipo posterior foi o mais encontrado, tanto no quadro agudo, quanto crônico e também na forma inativa, já no recorrente a panuveíte foi a mais prevalente.

De acordo com a oftalmologista especialista em córnea e uveíte, do CBV Hospital de Olhos, Maria Carolina Marquezan, os indícios da inflamação dependem de alguns fatores. “Os sintomas dependem do tipo da uveíte, podendo ser leve, tipo olho irritado, assemelhando a conjuntivite inicialmente, há baixa súbita de visão, com ou sem dor. Em geral os principais sintomas são hiperemia ocular (olho vermelho), fotofobia (sensibilidade aumentada na claridade), dor, baixa da visão, embaçamento visual, dor de cabeça, visualização de manchas no campo da visão, podendo até levar a cegueira”, explica.

Causas
Maria Carolina ressalta que as possíveis causas da uveíte são infecciosas (adquirida), inflamatórias(geralmente o sistema imunológico ataca o próprio corpo) ou secundárias a outro motivo como:trauma, drogas, neoplasia e outros. “No Brasil a causa mais comum, de acordo com o estudo mencionado, é a toxoplasmose (que é uma causa infecciosa), em ambos os sexos, seguida por uveíte anterior idiopática (causa inflamatória sem origem aparente) em mulheres e HLA-B27 (causa também inflamatória em portadores deste antígeno) em homens”, aponta.

Cuidados
Maria Carolina ressalta que a prevenção deve ser feita desde a gestação, com cuidados gerais para evitar as famosas doenças “TORCHS” (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis e outras), assim como o Zika, que passam para o bebê através da placenta, podendo causar problemas congênitos, não só nos olhos.

A médica alerta: “Após a gestação, os cuidados devem ser os mesmos para evitar qualquer outra doença infecciosa. É preciso sempre lavar bem as mãos; ter cuidado na higienização e cozimento dos alimentos; cuidado com os animais em contato; principalmente com aqueles que convivem com crianças; usar preservativo nas relações sexuais; evitar contato próximo com portadores de doença contagiosa, e outros”, destaca.

Tratamento
De acordo com a oftalmologista, o tratamento é guiado conforme o fator causal se tem base infecciosa ou puramente inflamatória. “Lembrando que alguns fatores infecciosos ­­­­­­­­estimulam também uma resposta imune do próprio corpo, gerando uma inflamação com a necessidade de tratar ambos. O mais importante é iniciar o tratamento rápido, para evitar, quando possível, a perda da visão, e também possíveis recidivas”, destaca.

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