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Como a Inteligência Artificial pode ajudar na prevenção ao suicídio

O tema suicídio ganhou destaque na mídia este ano com o sucesso da série “13 Reasons Why”, da Netflix, que conta a história de uma garota que se suicida e deixa 13 fitas cassete explicando suas razões, e também devido às notícias sobre o controverso desafio da “Baleia Azul”, uma lista de tarefas que incentiva jovens a se ferirem e até tirar a própria vida. “O suicídio é um problema de saúde pública que tem se agravado ano a ano, muito por conta dos tabus ao redor do tema. A cada 45 minutos, perdemos um brasileiro por conta desta situação”, afirma Carlos Correia, voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida).

Com a onda de discussões sobre o tema, cientistas e estudiosos de diferentes áreas concluíram que a tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial, pode ser a chave para ajudar a sociedade na prevenção ao suicídio de forma global. Arie Halpern, economista e empreendedor com foco em inovação e tecnologias disruptivas, afirma que a IA é capaz de detectar tendências comportamentais, o que pode ajudar muito a identificar situações de risco e preveni-las. Essa não é apenas uma possibilidade, mas uma realidade felizmente próxima.

Universidade do Estado da Flórida
A pesquisadora Jessica Ribeiro, da Universidade do Estado da Flórida, fez um avanço exponencial sobre o tema: de acordo com um estudo recente do Professor Assistente de Psicologia da Universidade, Joseph Franklin, 50 anos de pesquisa de previsão de suicídios não produziram qualquer progresso real capaz de previsões.
A pesquisa de Ribeiro, Predicting Risk of Suicide Attempts over Time through Machine Learning, mostra que machine learning alicado à Inteligência Artificial pode prever com precisão de 80% a 90% a possibilidade de alguém tentar suicídio em até dois anos. A precisão aumenta à medida que a tentativa de suicídio se aproxima. Por exemplo, a precisão sobe para 92% uma semana antes de uma tentativa de suicídio quando a tecnologia se concentra em pacientes hospitalares gerais.
Os dados e informações obtidos por meio da IA podem ajudar a desenvolver um sistema de alerta que identifique pacientes com risco de comportamento suicida. Isso é muito significativo, pois estudos indicam que 60% a 90% das pessoas que morrem por suicídio teriam buscado algum auxilio médico pelo menos um ano antes e o profissional não foi capaz de identificar o potencial risco.

Facebook
O Facebook também está desenvolvendo algumas iniciativas. Em junho de 2016, a rede social, em parceria com o CVV, lançou no Brasil um recurso que permite aos usuários notificarem o Facebook sobre posts que possam sugerir comportamentos extremos de amigos. Ao indicar que um amigo parecer estar em dificuldades, a rede social oferece opções, como conversar com um amigo, entrar em contato com uma linha de apoio ou algumas dicas para relaxar e se distrair.

Instagram
O Instagram, de propriedade do Facebook, também introduziu recentemente um recurso para oferecer apoio. Uma ferramenta de relatório anônima também foi implementada, que redireciona aqueles que usam hashtags banidas para o sistema de suporte. Quando alguém notifica anonimamente uma postagem, a seguinte mensagem aparece para o autor: “Alguém viu um de seus posts e acha que você pode estar passando por um momento difícil. Se precisar de apoio, gostaríamos de ajudar”.

Google
O Google está trabalhando em um sistema de IA de caça a trolls, o Perspective. Desenvolvido pela Jigsaw, uma subsidiária da Alphabet, o código analisa posts e busca identificar o significado das mensagens, atribuindo uma pontuação em uma escala de linguagem ofensiva, abusiva e tóxica. Enquanto especialistas trabalham para usar a tecnologia contra o que os estudiosos consideram o “mal do século”, cabe a nós fazer nossa parte. Caso você ou um amigo estejam precisando de apoio emocional e médico, procure instituições responsáveis que possam oferecer ajuda, como o CVV.

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