De acordo com Hugo Molinari, pesquisador no Laboratório de Genética e Biotecnologia da Embrapa Agroenergia, o Brasil tem uma indústria de bioenergia em expansão que usa os resíduos de gramíneas como biomassas dedicadas para produzir bio-etanol. A descoberta do gene permitirá o desenvolvimento de plantas com paredes celulares mais fáceis de serem quebradas e, com isso, haverá o aumento da eficiência na produção do combustível. Isso ajudará a substituição de combustíveis de origem fóssil.
A equipe de transformação de plantas utilizou um transgene para suprimir o gene endógeno responsável pela feruloilação (rigidez nas paredes celulares) para cerca de 20% de sua atividade normal. Dessa forma, a biomassa produzida tornou-se menos rígida em comparação a uma planta não modificada. “Cientificamente, agora queremos descobrir como esse gene atua. Dessa forma, podemos tornar o processo ainda mais eficiente,” prevê o pesquisador Rowan Mitchell, co-líder da equipe e biólogo de plantas do Rothamsted Research, no Reino Unido.
Para o professor de bioquímica da Universidade de Wisconsin-Madison e pesquisador do Centro de Pesquisa de Bioenergia dos Grandes Lagos do Departamento de Energia dos EUA, John Ralph, a descoberta foi muito difícil. “O nosso grupo vem trabalhando desde o início dos anos 1990 nas ligações cruzadas de ferulatos na parede celular de plantas e desenvolveu métodos de ressonância magnética nuclear (RMN) que foram úteis na caracterização deste estudo”.
Efeito estufa
Para Hugo Molinari, a descoberta traz avanços importantes para um setor que movimenta bilhões ao ano. “Somente no Brasil, os mercados potenciais desta tecnologia foram avaliados no ano passado em R$ 1,3 bilhão (US$ 400 milhões) para o segmento de biocombustíveis e de R$ 61 milhões para alimentação de bovinos. Além do impacto econômico, é importante dizer que é uma descoberta muito importante para a comunidade científica “, afirmou o cientista da Embrapa.
Rowan Mitchell observa que “o impacto da pesquisa é potencialmente global, pois todos os países utilizam pastagens para alimentar seus animais e várias biorrefinarias em todo o mundo usam essa matéria-prima”.
Ele lembra que bilhões de toneladas de biomassa de pastagens são produzidas todos os anos e uma característica-chave dessas forrageiras é a sua digestibilidade, o que será mais nutritivo para os animais e reduzirá a emissão de gases produzidos pela digestão, ajudando a reduzir o efeito estufa.
*Com informação da Embrapa Agroenergia