As negociações de Clima da ONU terminam nessa sexta-feira na Alemanha trazendo progressos para estabelecer as bases para o aumento da ambição climática até 2020 e para os anos seguintes. Porém, o WWF ressalta que 2018 será fundamental para que os países sinalizem claramente a intenção de aumentar e melhorar seus planos de combate às mudanças do clima.
Um ano após a entrada em vigor do Acordo de Paris, as negociações nas últimas duas semanas possibilitaram que os países chegassem a um acordo sobre questões críticas de ação e apoio pré-2020, além do papel do gênero, das comunidades locais e dos povos indígenas na ação climática. No entanto, ainda há muito a fazer para garantir o aproveitamento da pequena janela de oportunidade que temos para alcançar os objetivos desse histórico acordo de clima. Os governos devem fortalecer as ações urgentes, finalizar o livro de regras do Acordo de Paris e decidir coletivamente a revisão e o fortalecimento da ambição dos compromissos climáticos pós-2020 com urgência.
“Desde o início, está COP está repleta de paradoxos. Os negociadores reuniram-se em Bonn, mas sob a presidência de Fiji, e, enquanto os Estados deliberam sobre ações futuras, as cidades, regiões, empresas e comunidades intensificaram seus esforços para alcançar os objetivos do Acordo de Paris. Também vimos que, apesar da iniciativa demonstrada nos corredores em Bonn, os países ainda estão atrasados com suas ações dentro de casa”, disse Manuel Pulgar-Vidal, líder da Prática Global de Clima e Energia do WWF.
Ação que vai além dos países
Por meio da Parceria de Marrakesh para a Ação Global para o Clima, os esforços em andamento por parte de Estados e atores não-estatais (incluindo cidades, regiões, empresas, investidores e sociedade civil) para fortalecer a ação climática foram destaque na COP23. O Pavilhão “PandaHub”, do WWF, organizou um programa completo de diálogos e eventos para mostrar o valor da colaboração e da inovação como forma de criar um futuro sustentável e resiliente para todos. Além disso, o Centro de Ação Climática dos EUA reuniu mais de 100 líderes proeminentes dos governos estaduais e locais dos EUA, setor privado e Academia, mostrando o compromisso dos EUA de permanecer como um líder mundial na redução de emissões de gases de efeito estufa. O WWF é uma das muitas organizações que apoiam a nova geração de líderes de clima que compõem o movimento “We Are Still In”, a maior coalizão americana já reuniada em apoio à ação climática.
Expectativas para a COP-24
Ao aumentar a intensidade da ação pré-2020 no processo da UNFCCC e concordar com a concepção de um processo de revisão e aumento da ambição por meio do Diálogo Talanoa, a COP23 deu instrumentos importantes para avançar no Acordo de Paris. Porém, o sucesso está longe de ser garantido.
“O próximo ano será crucial. A cada ano, mais carbono é despejado na atmosfera, deixando a mudança climática catastrófica mais próxima da realidade. O diálogo Talanoa, que acontecerá durante o ano de 2018, é essencial para mostrar para o mundo a neccessidade dos países aumentarem urgentemente a ação climática e realizarem o processo de revisão e melhoria de suas metas nacionais”, comenta o especialista em negociações climáticas internacionais do WWF-Brasil, Mark Lutes.
A 24ª sessão da Conferência das Partes (COP24) da UNFCCC acontecerá de 3 a 14 de dezembro de 2018, em Katowice, na Polônia. Para continuar avançando, a presidência polonesa deve complementar e tentar reforçar os esforços de Fiji para acelerar o progresso na finalização do livro de regras – documento que orientará a implementação do Acordo de Paris e assegurará financiamentos ampliados e previsíveis para os países em desenvolvimento, inclusive para perda e danos.