Os acidentes de trânsito matam 1,25 milhão de pessoas e deixam 50 milhões de feridos por ano, em todo o mundo, sendo a primeira causa de morte mais frequente entre jovens de 15 a 29 anos. Também representam um custo de US$ 518 bilhões anuais aos cofres públicos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Para reduzir os índices, a ONU (Organização das Nações Unidas) preconizou a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, na qual governos se comprometeram a diminuir essas taxas em 50% entre 2011 e 2020.
Até o ano passado, o Brasil apenas apresentou queda de 19% no número de acidentes. Um dos pilares para que o trânsito se tornasse mais seguro seriam as políticas de aumento da segurança veicular. Para isso, a organização estabeleceu a instalação de sete itens nos veículos a fim de minimizar os impactos das colisões. Entretanto, ainda que venham sendo implementadas lentamente, as medidas demonstram atraso em todo o território nacional frente a outros países.
No fim do ano passado, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) editou a resolução 717/2017, que estabelece um cronograma para a realização de estudos com o objetivo de implementar 38 itens de segurança, em até quatro anos, em veículos como automóveis, caminhões e ônibus. Para carros, por exemplo, estão previstos itens como alerta de frenagem emergencial, que avisa por meio de sinais que o carro está perigosamente próximo a outro, a proteção para pedestres – espécie de dispositivo à frente do carro que minimiza os ferimentos em caso de colisão com um pedestre – e a proteção para batida lateral.
Mesmo sem estipular uma data para o início da obrigatoriedade dos itens, visto que a resolução só traz prazos para a conclusão dos estudos, alguns dos dispositivos integram as orientações da ONU sobre segurança veicular, como as proteções para pedestres e para batidas laterais. Porém, o controle eletrônico de estabilidade (dispositivo que impede que o motorista perca o controle do veículo em situações de risco, como curvas fechadas e pistas escorregadias), considerado pela organização como tão essencial quanto o cinto de segurança, ficou de fora da medida. Os outros itens preconizados pela organização, tais como normativas para uso e ancoragem do cinto de segurança, dispositivo para impacto frontal e a ancoragem isofix das cadeirinhas infantis (ponto de fixação para garantir maior proteção), já vigoram no Brasil.
“O Brasil está há pelo menos 20 anos atrasado em relação à regulação sobre segurança dos veículos europeus”, afirma o secretário-geral do Latin NCAP (Programa de Avaliação de Carros Novos para América Latina e o Caribe), Alejandro Furas. Segundo ele, o sistema de proteção lateral é obrigatório na Europa desde 1995. No Brasil, de acordo com estimativas do programa – que realiza testes para avaliar o índice de segurança de diferentes carros – pelo menos 25% dos veículos brasileiros não possuem tanto o dispositivo para a segurança lateral quanto o controle eletrônico de estabilidade.